UM MÊS MUITO ESPECIAL

UM MÊS MUITO ESPECIAL

Setembro chegou com novos ares, afastando aquele friozinho chato que tanto incomodava os cariocas.

Frio é de São Paulo para baixo.

Eu como ex-paulista, já curti a minha quota.

Adoro mesmo aquele sol gostoso, que deixa as maravilhosas cariocas ainda mais gostosas, com todo o respeito.

Em nossa casa esse é um mês festivo, especial, pois alem de incorporar a data do nosso casamento(dia 4), também traz no bojo datas inesquecíveis, do nascimento dos filhos mais velhos.

Maria Silvia(Lalá), a primogênita, dia 22,  minha fiel e teimosa assistente, sobre a qual já escrevi tantas vezes e hoje, dia 10, aniversário do meu filhotão Júnior(Ju).

Junior, o filho do meio, é um típico exemplar da geração canguru, pois apesar de já ter idade para nos brindar com netos, continua solteirão convicto, conseguindo escapar das eventuais pretendentes. De uma delas, por muito pouco.

Filho é sempre filho, não interessa a idade, são nossas eternas crianças.

Ainda ontem, por volta das 22,30 horas, como nosso rapagote ainda não havia chegado nem dado notícias, já de pijamas e me preparando para o berço, eis que minha mulher atenta para o detalhe.

Saco o celular e faço a ligação, independente dos acenos de minha mulher, que achava melhor aguardar mais um pouco.

Ligação feita e resposta rápida. O rapaz já estava chegando.

Embora tenha meu andar, meu timbre de voz, não acho Junior tão parecido comigo, como algumas pessoas afirmam.

Somos bastante diferentes inclusive em nossa personalidade e gostos.

Tentei com insistência, desde pequeno, fazer com que se interessasse por futebol, levando-o nas minhas peladas. Adorava me acompanhar, mas ficava de plantão nas cantinas, degustando salgadinhos. Ju sempre teve “boa boca”.

Mesmo no tênis, esporte que adotei na meia idade, ele até tentou, mas também não tomou gosto.

Tentamos até mesmo o Karatê, mas de pleno acordo, desistimos após alguns meses.

Foi bom mesmo em natação, tendo se destacado no Fluminense, no Botafogo e no Flamengo, enquanto eu, seu acompanhante nos estágios iniciais, me limitava a dar umas braçadas no Poção.(piscinas dos velhos e iniciantes).

Recordo, que certa vez, a alguns anos, perguntei a ele se gostava do próprio nome.

Sem pestanejar, respondeu que preferia ser chamada apenas de José. Júnior sempre é um peso a se carregar.

Devo frisar, que foi minha mulher a responsável pela escolha do José Roberto Júnior.

Em outra ocasião, percebendo que meu filho ouvia musica clássica, tentando demonstrar minha “elevada cultura” ousei identificar a composição e o autor, sendo corrigido e levando de quebra uma aula sobre o compositor e sua obra.

“Meti a viola no saco” mas internamente me enchi de orgulho, percebendo que filhão era muito, mas muito mais eclético que o pai, com um gosto bem mais amplo, refinado e apurado.

Somos também diferentes até mesmo no gosto pela literatura. Raramente lemos os mesmos livros, embora ambos, sejamos leitores vorazes.

Junior é mais fechado, mais comedido, ao contrário do pai que fala demais e ate mesmo sem pensar.

Atendo muitas vezes o telefone, dando corda para suas amigas que confundem nossa voz, só para espicaçá-lo.

Ameaço comparecer ao encontro marcado no tal barzinho, a ir junto ao cinema, aos programas, provando que sou mesmo um velho pentelho.

Mesmo desse meu jeito estabanado, as vezes beirando as raias da loucura(segundo minha mulher, que vive ameaçando me internar), meu filho sabe que o amo.

Lembro de muitas passagens engraçadas e interessantes desse nosso filho, mas ficam para outra ocasião, pois não quero chateá-lo nesse dia tão importante.

Com orgulho, sei que meu filho é um homem de bem, aproveitando o exemplo de casa e as lições que a vida ensinou.

Tem um pouco de mim, mas muito mais da mãe.

Um beijão, meu filho.

José Roberto- 10/09/13