segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

CARAVELAS 2024

 

                          (Da esquerda para a direita; Miro, Rodrigo, Marcelo, Eu, Ricardo e Lucas)


CARAVELAS 2024

 

A tradicional viagem para Caravelas-BA neste ano, era aguardada com um misto de ansiedade e redenção, pois como descrito em texto relatando a viagem anterior, de abril 2023, tivemos o infortúnio de perder na noite de nossa chegada, o querido e velho amigo Carlinhos Peba,  que com um semblante calmo e sereno nos deixou durante o sono, partindo para junto de São Pedro, que também foi um pescador,  para lá do alto, acompanhar com tranquilidade nossas pescarias e mergulhos, velando por cada um de nós.

Depois de todos os preparativos, iriamos em 3 carros, Lucas e Miro, Marcelo e Rodrigo, ambos partindo diretamente de Itanhaém sem escalas, e Ricardo, passando pelo Rio no dia 25/01, pernoitando e seguindo com o Tio, na madrugada seguinte.

Em casa, onde aportou por volta das 16,00 h, após colocarmos a conversa em dia, degustamos um bom vinho com tira-gostos e nos recolhemos cedo, pois partiríamos lodo de madrugada.

Praticamente não dormi, pois excitado aguardava que Ricardo acordasse, com o café preparado e já com o pé na estrada.

Saímos as 03,00 horas, com tempo nublado e alguns trechos com chuvas fracas.

Tudo tranquilo, muita conversa, comendo alguns sanduiches que havia preparado, tráfego leve, até nos aproximarmos da entrada de Cachoeiro de Itapemirim, km 404 da BR-101, quando tivemos a brilhante ideia de fumar um charuto.

Yellow pediu para que apanhasse a caixa no banco traseiro e escolhesse dois pequenos, pois ainda era um pouco cedo, 08,10 h da manhã do dia 27/01/24, para degustarmos um mais robusto. Soltei o cinto de segurança para ter os movimentos livres, apanhei a caixa e escolhia os charutos, quando meu sobrinho virou para apanhar o isqueiro.

Estávamos numa reta, estrada com pouco movimento, eu com a cabeça abaixada, sem o cinto, não vi nada do que aconteceu. Me lembro de um barulho e ao abrir os olhos percebi que estava sob o para-brisa todo arrebentado, por cima da direção e com a bunda levantada.

Não sei quantos segundos sai do ar, mas ao olhar para a lateral direita do carro, com as portas menos afetadas, percebi que não poderia sair por aquele lado, pois para nossa sorte, o carro estava encostado numa fileira de pequenas arvores, evitando que capotássemos e rolássemos por uma pequena ribanceira.

Ricardo perguntou se eu estava machucado. Passei a mão na cabeça e vi um bocado de sangue, que escorria e ensopava minha camiseta. Assustado meu sobrinho pediu para segurar a “tampa” que pendia de minha testa. Atordoado, tentei passar para o banco de traz, pois Ricardo já havia saído do carro e tentava abrir a porta traseira.

Foi o único momento que fiquei realmente assustado e tive medo, pois a fumaça química dos diversos airbags que haviam sido acionados e estourados, tornava a respiração ruim, e eu temia a ocorrência de um incêndio, pois havíamos enchido o tanque do carro há pouco tempo.

Ricardo finalmente aos trancos, pediu que forçasse o trinco da porta traseira e com dificuldade, consegui abri-la e me esgueirar para fora do carro totalmente esculhambado.

No meio desse infortúnio, tive a imensa sorte de ao sair zonzo do carro, ensopado de sangue, fui prontamente atendido por um enfermeiro do SAMU, que passava pelo local, com todos os apetrechos para emergências. O Cara foi milagroso. Me imobilizou, enfaixou minha cabeça estancando o sangramento e chamou socorro para me levar ao hospital mais próximo.

Graças a Deus, meu sobrinho que apesar do descuido, estava com o cinto de segurança, nada sofreu, além de uma marca no peito, da pressão do próprio cinto.  Foi também bastante ágil, pois conseguiu evitar o choque frontal, batendo de raspão com uma carreta cegonha, que transportava carros elétricos, arrebentando o tanque de gasolina e alguns pneus da imensa carreta. Escapamos por pouco, graças aos nossos Anjos da Guarda e meu inseparável Agnus Dei.

Tenho que citar a qualidade e segurança do carro, itens primordiais para que não nos trumbicássemos todos(Range Rover)

Chegando a ambulância, fui conduzido a Santa Casa de Cachoeiro, distante uns 25 km.  Apesar da simplicidade do hospital, fui rapidamente atendido, sendo submetido a uma tomografia e alguns exames de sangue.

Ricardo teve que ficar no local do acidente, para prestar esclarecimentos a Polícia Federal, emissão do B.O. sendo posteriormente submetido ao teste do bafômetro, obviamente nada acusando.

O caminhoneiro, que evitou falar com meu sobrinho, demonstrando constrangimento, pelo jeito, devia estar distraído, falando no celular ou vendo a tv que existe em todas as grandes carretas, ou tentou dar uma de esperto, querendo nos assustar não tendo tempo de uma reação para o inevitável. Deve ter também culpa no cartório.

Enquanto aguardava a sutura dos ferimentos na cabeça, consegui ligar para um dos sobrinhos, avisando sobre o acidente, pois no local não havia sinal para o celular.

Lucas, que estava a 200 km a frente, deixou Miro no carro do Marcelo e Rodrigo, retornando para Cachoeiro, pois é ortopedista e preocupado, queria acompanhar meu atendimento.

Na Santa Casa, acabava de receber os pontos, dados por estudantes da Faculdade de Medicina Local, que aprenderam e treinaram em minha cabeça, ao longo de comentários sobre os quais não achei a mínima graça. Pedi que o mais capacitado fizesse o trabalho, por sinal meio grosseiro, com pontos distantes e fio grosso, que provavelmente me deixarão com uma bela cicatriz.

Porem, não posso reclamar, pois foram rápidos e no geral, bastante atenciosos.

Com a chegada de Lucas e após ficar constatado pela tomografia que não houve maiores danos à minha cabeça dura, apesar do Hospital não querer me liberar, exigindo que ficasse mais um ou dois dias sob observação, Lucas conseguiu minha liberação, assinando um compromisso de responsabilidade, pois os danos foram apenas físicos superficias, podendo ser tratados em casa.

Com a chegada de Ricardo que desembaraçou os problemas, Lucas, um fominha que estava louco para mergulhar nos corais de Caravelas, perguntou se eu queria voltar para casa, com aquela cara de cachorro pidão, que olha para o que estamos comendo. Ricardo ficou neutro, e eu com a garantia que seria bem medicado pelo “Selvagem”, considerei, e optei por não atrapalhar mais um mergulho da turma, tendo em vista os acontecimentos do ano anterior.

Tambem, como justificativa, não informei nada do ocorrido ao pessoal de casa, fingindo estar tudo normal, pois no retorno, minha aparência fodida estaria já bem melhor, o que realmente ocorreu.

Partimos então para Caravelas, eu bastante ressabiado durante o percurso, funcionando como um GPS falante e controlador de velocidade.

Durante toda a semana não fiz praticamente nada, além de ir a feira e dar umas voltas pela cidade e pelas praias.

Comi e bebi com excesso e gula, pois meu sobrinho, para se redimir da grande cagada, caprichou como nunca no preparo dos regabofes, demonstrando toda sua qualidade de grande mestre cuca.

Impossível deixar de mencionar os dois dias em que preparou pizza, fazendo desde a massa e uma variedade de opções de recheios, podendo afirmar sem qualquer sombra de dúvidas, que foi a melhor oque já comi em minha vida.

Lucas, o fominha, foi o único que saiu ao mar todas a vezes, Marcelo e Rodrigo, mais comedidos, bem como Miro que não mergulha e Ricardo com um problema nos ouvidos. Peixes cada vez mais raros.

Apesara dos pesares, foi uma boa semana, com muta camaradagem, conversas intermináveis, comendo, bebendo e beliscando o tempo todo. Superamos com tranquilidade qualquer lembrança desagradável do ocorrido, tanto atual como passado, ficando apenas com lado bom de nada grave ter me acontecido e com todos os anos que desfrutamos da presença do querido Carlinhos.

Agradeço em especial ao sobrinho Lucas, que apesar da “mão pesada”, trocou os curativos com carinho de urso, mas com muita responsabilidade.

Aos demais sobrinhos, Marcelo, Digão e Miro, agradeço a paciência, o companheirismo, o apoio positivo, além de terem suportado as centenas de flatos que expeli durante a semana, batendo meus recordes peidológicos, talvez fruto do grande susto que levei.

Ricardo não perde por esperar, pois já pensei e decidi, vou processá-lo por danos, físicos, morais, intelectuais, perda de receita por ausência de trabalho (tenho dificuldades para coçar o saco), perdi inclusive um aparelho auditivo que custou uma nota, alem outros tantos motivos que meu chicaneiro advogado irá alegar.  Yellow está fodido.

A volta foi tranquila, apesar de um temporal que derrubou inúmeras arvores, justamente próximo ao locado do acidente, onde perdemos aproximadamente umas 3 horas.

Cheguei ao Rio de madrugada, cochilando na sala de TV, evitando acordar Dona Regina, surpreendida e quase desmaiando no dia seguinte, ao ver minha cara feia e arroxeada.

Entre agrados, reprimendas e ameaças de acabar com essas viagens malucas, em pouco tempo as coisas serenaram e voltaram ao normal.

No momento, é colocar as barbas de molho, deixar o tempo passar e aguardar secretamente a próxima viagem.

Estou inteiraço. Feio, mas tinindo.

 


José Roberto- 05/02/24

 

 

 

 


3 comentários:

  1. Conseguistes piorar pra caramba. Kkkkkkkkk

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  2. Esses homens não tem juízo!!!

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  3. Caramba meu amigo! O importante é que você está se recuperando bem do acidente e dos ferimentos. Logo mais você estará "novo em folha" para dar continuidade aos seus afazeres. A vida continua!

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