DIREITO AO ESQUECIMENTO
Como se já não bastasse o fato de sermos um povo
desmemoriado, esquecendo as barbaridades cometidas por nossos políticos ao
longo dos anos, voltando a acreditar nas promessas dessas velhas raposas sufragando-as
nas urnas; querem agora transformar um fato que ocorre normalmente em lei,
obrigando-nos a esquecer o passado.
O assunto veio a tona devido a duas reportagens da TV Globo.
A primeira tratava do covarde assassinato de Aída Cury, uma
jovem de 18 anos, agredida e estuprada por dois ricos playboys da época(1958),(Ronaldo
Castro e Cássio Murilo) que auxiliados por um porteiro (Antonio Souza)fizeram o
diabo com a moça, jogando-a do terraço do prédio para simular suicídio.
Recordo perfeitamente desse caso noticiado com destaque pela
revista “O Cruzeiro”, mostrando a farsa que foi o julgamento dos réus após a
descoberta do crime, principalmente pelo fato de Ronaldo pertencer a
tradicional família capixaba, que morava e fingia estudar no Rio.
Tanto Ronaldo como Cássio Murilo já tinham maus
antecedentes, com expulsões de escolas e passagens pela polícia, com tentativas
de agressões sexuais a estudantes e roubo de carros.
O outro caso foi a Chacina da Candelária(1993), uma
reportagem da Globo sobre o assunto, anos depois, mencionando o nome dos
policiais envolvidos, originando um processo contra a emissora pois todos foram
absolvidos.
Os dois assuntos chegaram ao STJ que julgou procedente o
pedido dos parentes de Aida Cury, proibindo a globo de realizar a reportagem e
proibindo também a emissora de mencionar o nome dos policiais envolvidos na chacina da Candelária, num
flagrante desrespeito a liberdade imprensa e de informação.
Acredito que o assunto voltou a baila por interesse dos políticos
e corruptos de plantão, fustigados pelo Lava-Jato, que graças a morosidade do
STF conseguem que seus processos caduquem por decurso de prazo, e dessa forma
querem que seus crimes passados sejam “ condenados obrigatoriamente ao
esquecimento”.
Estranho e ver pessoas que ocupam altos cargos perder tempo
com essa aberração, como a Ministra Carmen Lúcia, Presidente do STF, que
deveria se empenhar em acelerar as centenas de casos pendentes no Supremo,
evitando que corruptos notórios fiquem isentos de penas mais que merecidas.
Nossas leis permitem aos que se julgarem ofendidos com
reportagens ou quaisquer outros meios, recorrer ao tribunais solicitando a
devida reparação.
O direito ao esquecimento é uma bizarrice, só mesmo possível
num pais que não é sério e que finge ser democrático.
Como apropriadamente disse Pedro Malan: “ No Brasil, até o
passado é incerto”
José Roberto- 22/08/17
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