CONVERSA DE PAI
Não tem jeito!
Talvez seja fruto da idade,
mas nessas datas tão especiais, a melancolia, a saudade e a pieguice me impelem
a escrever sobre tema tão manjado, mas que sempre permanece vivo lá no
fundo de nossa alma.
Ontem tivemos um belo almoço
de família, menu caprichado, enriquecido com um camarão a grega de minha
autoria.
Minhas filhas inovaram, ao
invés dos tradicionais livros presentearam-me com bermudas próprias para
ginástica, aquelas que tem uma espécie de malha de lycra que gruda na pele. As meninas temem que eu exponha minhas partes
baixas nas aulas de Pilates, obrigando minha mestra a se deparar com cenas
deprimentes.
Esclareço que ainda não
cheguei a esse ponto de esclerose. Acredito tratar-se apenas de ciúmes
paternos.
Do meu filho ganhei um livro.
Surpresa escolhida de uma lista previamente determinada. Como pai generoso, dou
sempre três opções, para facilitar a procura nas livrarias.
Após o maravilhoso regabofe,
ficamos papeando na sala durante algumas horas, atentos as estrepolias do
endemoninhado Bahuam(buldogue francês da Fê), que adora perturbar nosso calmo e
sereno Vick(pug). Precisamos estar atentos a marcação de território, senão o
cheiro de xixi de cachorro fica insuportável.
Degustando meu melhor
charuto, próprio para um dia especial, após a despedida de minha filha, fiquei
assistindo de forma alternada, uma final de tênis e a boa vitória do
Corinthians sobre o Mengão.
No finalzinho da tarde e
começo da noite, assisti um ótimo filme que Maria Silvia alugou em uma
locadora. Não sei o nome em inglês, mas em português é “Mãos Habilidosas”, com
Cuba Goodding Jr.
Baseado em fatos verídicos,
retrata a saga de uma mãe pobre em educar seus filhos, tornando um deles o
melhor neurocirurgião infantil do mundo, o primeiro a realizar uma separação de
gêmeos siameses, ligados pelo crânio, com pleno restabelecimento de ambos(até
então um sempre morria, ou mesmo os dois). Filme comovente.
Dormi cedo, mas ainda tive
tempo de refletir sobre minha performance como pai.
Sobre aquilo que imaginei e
aquilo que consegui realmente ser.
Um balanço meio complicado,
principalmente pelo fato de ser preparado por pessoa diretamente envolvida nos
acontecimentos de toda uma vida.
Para confirmar sua validade,
só mesmo ouvindo a opinião de uma auditoria externa.
Minha vontade de escrever alguma coisa sobre o
dia dos pais, foi reforçada pelo
primeiro email que abri, ao chegar no escritório, enviado pelo meu querido
amigo Vanderlei.
Era “Carta à um pai distante” do escritor e
jornalista Luiz Caversan, escrita com um
linguajar tão simples, mas terna e tocante, próprio para falar com um pai
analfabeto mas valoroso, que havia morrido há dez anos.
Apesar de ser um tema tão
batido, sempre haverá alguém iluminado, usando palavras simples ou rebuscadas,
para colocar no papel recordações, lembranças e saudades.
Aos pais, que como eu ainda
estão na ativa, resta o consolo de julgar que tivemos sucesso em nossa árdua
empreitada, caprichando para melhorar nos anos que nos restam, completando com
serenidade nossa mais importante tarefa.
Ser pai!
José Roberto- 09/08/10
NOTA- TEXTO RECUPERADO DO
BLOG TERRA OPINIÃODOZE, ESCRITO HÁ SETE ANOS.
José Roberto- 11/08/17
Te amo Pai! Obrigada vida por ter me dado você!
ResponderExcluirFILHOTA, O PRESENTE FOI VOCÊ.
ExcluirBJS
DADY