SAUDADES DAS
QUADRILHAS
Com os dedos
coçando, pronto para gozar do Gilmarpalooza, que foi um redundante fracasso de
participantes, obviamente não para o Beiçudo e ministros convidados a
palestrar, pois as grandes empresas enroladas no STF que patrocinam o evento,
garantem bons lucros à todos, independente
da plateia, mesmo que seja apenas meia dúzia
de seus representantes e os seguranças dos ministros, por sinal, recebendo
gordas diárias.
Atendendo
determinações da alta instância doméstica, decisão que cumpro com satisfação,
pois desde menino sempre adorei a festas juninas, as fogueiras e principalmente
os fogos de artifício, que mesmo não sendo muito sofisticados, para eu eram o
máximo.
Mencionei no
título as quadrilhas que obrigatoriamente faziam partes das festividades, porem
as considerava apenas como um adereço, sem qualquer preferência, dando total
prioridade ao foguetório.
Fora do
contesto, observo que atualmente, temos quadrilhas festejando e roubando o ano
inteiro.
Com a grana
curta me virava para juntar uns trocados, vendendo garrafas, pois qualquer
botequim as comprovam, vendendo gibis, papeis e metais ao ferro velho, que
ficava quase na esquina da Voluntários da Pátria, com a Governador.
Meu
preferido era o buscapé, que com a vareta direcional cortada virava um azougue,
ziguezagueando sem destino, ameaçando até mesmo quem os soltavam, levando
pânico aos transeuntes. Era um arranjador crônico de problemas, pois sempre
topava com um passante mais exaltado, muitas vezes, nos obrigando a céleres carreiras.
Gostava também
dos pequenos foguetes de 1 tiro, menos perigosos que os tradicionais, pois os
fogos costumavam dar chabu, explodindo em nossas mãos sem sair dos tubos, daí a
segurança em preferir os pequenos.
Outro que
não posso deixar de mencionar é o salta-moleque, um bomba dobrada, que
estourava fracamente e saltava umas 4 vezes, para terminar com um belo estouro.
Somente os com mais de setenta devem se lembrar desse artefato relativamente
perigoso.
Conhecia
todos na redondeza que comemoravam o dia de seus patronos, Santo Antônio (dia
13), São João(24) e São Pedro(29). Ficava na espreita , aguardando e apreciando
a queima de fogos.
Muitos anos
depois, casado e morando em Atibaia, nas minhas constantes viagens a trabalho
pela CESP, descobri na via Dutra, uma loja que vendia fogos o ano inteiro, e
que mesmo proibidos, tinha sempre um estoque razoável de busca-pés.
Tornei-me freguês
dessa loja, e junto com Molina, colega de trabalho, do fundo de seu quintal que
dava para um descampado, fazíamos nossa festa, independente da ocasião.
Em Itanhaém,
num dia de um dos três santos, meu cunhados Reinaldo/Vilma, organizavam na casa
onde moravam com um grande terreno, uma bela fogueira e os quitutes típicos da
ocasião. Eu ficava encarregado de levar os fogos, que comprava na loja
mencionada.
Era um festa
memorável, com os sobrinhos na pré-juventude, os filhos pequenos e as noites
frias de junho, aquecidas com um saboroso quentão, milho verde e batatas doce
assadas ao pé da fogueira.
Saudades
desses bons tempos, lamentando que meus netos não tenham tido a oportunidade de
usufruir desses momentos agradáveis, de confraternização e amizade.
Saudosismo é
mesmo coisa de velho, mas é um sensação gostosa, mesmo com algo de perda, pois
o mundo mudou, nossas crianças mudaram, as preferências são outras, mais
individuais e egocêntricas.
Outra
opinião de velho. Fazer o quê?
Um foguete
na traseira do Mula.
José
Roberto-28/06/24