sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

CARAVELAS 2015, O ANO QUE NÃO FUI.

Fiquei sabendo a data da viagem na maravilhosa peixada que meu sobrinho Ricardo ofereceu a turma, numa quinta-feira no início de janeiro.
Com exceção de Mario Moreno, retido em Piracicaba por conta do ofício, ocupado em “arrancar dentes” de uma dezena de clientes, todos do grupo estavam presentes e mais alguns convidados.
Anualmente, a expedição à Caravelas conta com baixas e renovações, sempre mantendo o corpo principal, eu, meus sobrinhos(Ricardo, Marcelo, Renato, Rodrigo), Carlinhos Peba e o campeão de mergulho de El Salvador, o quase  brasileiro, Mario Moreno.
Ricardo é o organizador, que define as datas em função das marés mais oportunas, quem cuida de todos os acertos, hotéis, barcos, etc.
Degustando a espetacular peixada feita com o toque de mestre do meu sobrinho, conheci José Fernando,  eminente médico sanitarista de Mongaguá, que eliminou as pragas da cidade, expulsando pernilongos, muriçocas, mutucas e mosquitos pólvoras, que aterrorizados, procuraram asilo na vizinha Itanhaém.
A conversa fluiu facilmente, pois impossível não haver interação entre apreciadores de um bom charuto, um bom conhaque e do velho e tradicional Scotch.
Difícil foi comunicar, com o coração partido, minha impossibilidade estar com a troupe, nessa tão esperada e desejada aventura.
Motivos particulares inadiáveis, me tolhiam de participar de mais essa expedição de mergulho, ritual cumprido há mais de trinta anos.
Como consolo, alem de repetir a peixada três vezes, degustei calmamente um Monte Cristo(antes) e um Romeu e Julieta(depois), entremeados com pequenos goles de um ótimo conhaque, generosa oferta de meu sobrinho.
Regressei ao Rio com aquela sensação de perda, de uma oportunidade que se esvaiu entre as brumas de um mar revolto.
O velho lobo do mar, retido em terra firme.
Pouco antes da partida, as 19,00 horas do dia 15 passado, recebo uma mensagem de Ricardo informando que estão prestes a cair na estrada. Respondo de imediato, desejando boa viagem e muita atenção.
Acordo de madrugada e imagino onde estarão.
Será que já fizeram a tradicional escala no Posto Flecha, na entrada de Campos?
A outra parada obrigatória é num Posto depois de Vitória, famoso por vender ótimas panelas de barro, por seus quitutes e uma variada oferta de bons produtos. Sempre lotado.
Notícias com mais detalhes, receberei após reencontrar meus sobrinhos, mas de antemão, sei que os peixes estão rareando, devido a pesca predatória feita pelos caiçaras da região. Já realcei esse fato nos textos dos anos anteriores.
Sei que Ricardo, conhecendo essas carências mergulha pouco, preocupado em caprichar nas moquecas feitas e devoradas no barco. Está mais ansioso em visitar no domingo, a feira de Caravelas, onde renova seu estoque de farinha, alem de comprar dúzias de Guaiamuns, transportados vivos para Itanhaém, onde são cevados e degustados aos poucos.
Marcelo e seu filho Digão, levam o mergulho mais a sério, tentando garantir a moqueca do dia e alguma sobra. Digão, quase dentista(conclui o curso no final do ano) é o mais jovem e o mais esforçado. Como não pegou os tempos áureos de Caravelas, tenta com garra demonstrar que é um bom aluno.
Mario Moreno é outro entusiasmado.
Impedido de treinar em Piracicaba, pois o rio praticamente secou(conseguiu matar apenas alguns cascudos), tenta tirar o atraso nas águas claras e tépidas dos corais baianos. Tem nome e reputação a zelar, no Brasil e em El Salvador.
Renato, um dos mais experientes mergulhadores da turma, também não quer saber de esforços. Mal cai na água, limitando-se o conversar e pesquisar sobre “passarinhos”, talvez seu principal hobby.
Carlinhos Peba, cultivando uma bela pança, alem de mergulhar com gosto não perde chance para ficar de prosa com os barqueiros, ilustrando com gestos o bate papo.
É o rei da mímica.
Tenho certeza, que consegue se comunicar em qualquer língua com seus gestos histriônicos e bem humorados. É uma figura!
Acredito que José Fernando tenha ocupado meu lugar de velho conselheiro. Como não mergulha, deve ter ficado no convés molhando iscas, queimando alguns charutos e obviamente, tomando alguns goles.
Deve ter ficado alguns dias em terra, para conhecer as atrações da bela e antiga cidade.
Difícil mesmo é ficar de longe, elocubrando todas essas peripécias, lamentando não  estar presente nessa aventura que faz parte da minha rotina, imaginado situações que adoraria ter vivido e presenciado.
Não posso me dar ao luxo de perder essas oportunidades.
Sei que o retorno foi tranqüilo.
Inicio agora, um novo e longo ciclo de espera.

José Roberto- 23/01/15
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E.T. Capeando o texto, foto da turma.

3 comentários:


  1. Acompanho suas crônicas há muito tempo, e me divirto com os casos nos mergulhos de Caravelas.
    Fico até com vontade de pedir uma carona.
    Lamento saber que você falhou esse ano, por questões pessoais, mas mesmo assim, nos deu um texto agradável.
    Tenho certeza que ano que vem, os casos serão reais.
    Abcs.
    Pedro Paulo

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  2. Mario Moreno é homônimo de um dos mais célebres comediantes do cinema mexicano e do mundo, o inesquecível Cantinflas.
    É, velho amigo, solidarizo-me com seus lamentos porque na nossa idade não podemos, mesmo, perder eventos desse porte. Console-se porque, na minha opinião, seus maravilhosos sobrinhos e queridos amigos, perderam na mesma proporção...com a sua ausência!
    Luizinho.

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    1. Amigo Luizino
      Você sempre tão oportuno e generoso, típico de um velho mineiro de boa cepa.
      Abcs

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