O CULPADO ERA O MORDOMO

O CULPADO É O MORDOMO

O julgamento do Mensalão está dando sono.

Não é a toa, que câmeras indiscretas flagraram, dois ou três ministros cochilando durante a contundente argumentação dos advogados de defesa, que repetidamente batiam na mesma tecla: “seus clientes são inocentes, não há provas consistentes nos autos”.

É um marasmo desgraçado, com todos se esforçando para não cair nos braços de Morfeu, enquanto advogados regiamente pagos, se esgoelavam para uma platéia alheia e distante.

Apenas os jornalistas estão atentos, pois precisam urgentemente de detalhes para municiar suas redações, que tentam com manchetes sensacionalistas, motivar a curiosidade dos leitores.

A esperada audiência da TV do Judiciário caiu a níveis ínfimos, pois o povão, cansado dessa “enchecão de lingüiça”, prefere torcer por nossos atletas nas Olimpíadas, que com exceções e decepções, vão indo aos trancos e barrancos.

Alem da chatice, o julgamento do Mensalão inovou nas teses da defesa, que numa clara orquestração pré-combinada, elegeram seus vilões, que mesmo considerados culpados, não responderão por seus crimes.

A ala política, comandada pela crápula José Dirceu, escolheu como bode expiatório, o trambiqueiro Delúbio Soares, responsável pela área financeira do PT na época do escândalo, alem de ser avalista dos empréstimos fictícios junto ao Banco Rural.

O próprio Delúbio admite ter recorrido ao Caixa Dois, expediente ilegal, porem com pena já prescrita nessa nossa frouxa legislação.

Toda a canalhada do PT e de outros partidos que se venderam por “trinta dinheiros”, admitem ter praticado o crime do Caixa Dois, alegando ainda, que a grana da corrupção era privada, obtida com os tais empréstimos fantasmas.

A turma das agencias de publicidade, escolheram para vitima, o carequinha Marcos Valério, que tomava dinheiro do Banco do Brasil para campanhas que nunca existiram, desviando essa grana para o tesoureiro Delúbio(obviamente depois de retirar uma gorda comissão), alem de ser avalista junto com o velhaco Genoino, dos pseudos empréstimos  tomados junto ao Banco Rural.

Todos os diretores das agencias e demais funcionários envolvidos na roubalheira, se uniram, para jogar a bomba no colo do careca, alegando que, ou não sabiam de nada, ou cumpriam ordens.

A ala dos corruptos bancários, escolheu como saco de pancadas, um defunto, o ex-diretor José Augusto Dumont, que segundo os bem vivos e espertalhões, foi o responsável na época, pelas tratativas e acertos com a camarilha encabeçada por Delubio.

Esse é um dos raros casos em que os mortos são enxovalhados.

Normalmente, até o mais picareta e trambiqueiro, quando morre, vira santo.

No Banco Rural, “coisa ruim” era o defunto, que felizmente, para os réus bancários, não pode contestar as mentiras e tramóias que lhe são atribuídas.

A xaropada ainda vai continuar por alguns dias, com a repetição cansativa das mesmas teses das defesas, onde alem de serem inocentes, apenas três são culpados.

Um morto, um careca, e um petista arrependido.

Ao finado, resta o consolo de rebolar no tumulo e voltar para assombrar seus detratores;

Ao petista Delúbio, bode expiatório escolhido a dedo por sua fidelidade, apenas reprimendas, pois as penas de seus supostos crimes já prescreveram:

O único com o “fiofó na reta” é o careca Marcos Valério, que se bobear, vai acabar pagando por todos. Mesmo assim, com uma pena branda, provavelmente convertida em trabalho comunitário.

Cadeia mesmo, só para o ofice-boy, portador do cheques e dos envelopes cheios de grana, que ainda não foi incluído na trama, mas não perdemos por esperar.

José Roberto- 09/08/12