A CHEGADA DO INVERNO
NOTA- TEXTO MELOSO, RECUPERADO DO BLOG TERRA, ESCRITO HÁ 12
ANOS.
NÃO RETRATA O INVERNO ATUAL, QUE SOMENTE HOJE COMEÇA A DAR
AS CARAS NO RIO, QUE ATÉ ENTÃO ATRAVESSAVA UM AGRADÁVEL VERANICO.
José Roberto- 05/07/19
A CHEGADA DO INVERNO
Nossa querida cidade, antecipando as estações, mudou sua
cara, travestindo-se com uma névoa cinza acompanhada de ventos arrepiantes e de
uma garoa fina e fria.
Parece que fomos atingidos pelos “ares” de São Paulo, talvez
castigados pelo ciúme que o nosso sol e praias despertam nos paulistanos,
acostumados com a fumaça e a intensa neblina, que ofuscam o coração palpitante
do motor do Brasil.
A paisagem mudou.
As cariocas com seu doce gingado desfilam pelos calçadões
com excesso de roupas, escondendo sensualmente seus dorsos e pernas bronzeadas.
Nas ruas de Ipanema e Leblon cruzamos com pessoas mais
apressadas, bem agasalhadas, com botas lustrosas recém saídas dos armários num
desfile de cores e formas.
Chegamos até mesmo sentir de leve, o cheiro de naftalina.
É um espetáculo diferente, sem a natural “malemolência” das
nossas maravilhosas mulheres que estão mais energizadas, num ritmo e compasso
frenético, olhando vitrines, andando em busca do nada.
O mar, irritado com os ventos fortes se enche de fúria,
invadindo as ruas e cobrindo-as de areia, mostrando todo o seu mau humor por
ter sido desafiado por poucos e tresloucados surfistas.
Nas praias quase desertas, alem de alguns turistas
inconformados, percebemos algumas gaivotas, ciscando na areia em busca do
difícil alimento.
É muito estranho olhar as areias despidas daquela
quantidade enorme de corpos jovens, fortes e queimados, numa demonstração
languida de curvas, cores e matizes,
capaz de dar água na boca no mais puro dos franciscanos.
Na orla da Lagoa cujas águas estão turvas e escuras, as
pessoas caminham rápido pois o vento é
inclemente. Até os poucos cães agasalhados com roupas esquisitas cheiram e
marcam o terreno úmido, pouco acostumados a essas estranhas intempéries.
O sol, tímido e fraco põe-se bem mais cedo, como se também
tivesse pressa em encurtar esses dias macambúzios.
Os poucos dias de
inverno causam no Rio uma mudança radical, pois a absoluta maioria dos que
vivem por aqui, são fiéis adeptos do calor, do culto ao corpo bem malhado e da
inegável beleza da cidade e de suas mulheres maravilhosas.
O inverno ainda nem chegou e já estamos aguardando ansiosos
o verão!
José Roberto- 02/05/07
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