FOI UM TEMPO QUE PASSOU
Ontem, a família toda esteve
reunida para um almoço festivo em comemoração ao aniversário do Junior.
Após o almoço, Lelê vencida pelo
cansaço, recolheu-se com a avó para uma merecida soneca, Maria Silvia foi para
seu quarto e Jú se mandou para a rua, para tratar de assuntos particulares.
Ficamos eu e Fernanda na sala de
TV, papeando e assistindo o trágico jogo de Basquete, entre Brasil e Sérvia.
Após um início de terceiro quarto
horrível, desistimos do jogo e embalamos na conversa.
Fê é uma verdadeira matraca. Fala
“pelos cotovelos”, mas também é uma ótima ouvinte, principalmente escutando os
casos contados pelo pai.
Reconheço que sou conversador,
gosto de um papo na fila do banco, do supermercado, na sala de espera do
consultório médico, com o motorista de táxi. Meu filho, para me espicaçar,
costuma me chamar de “Forrest Gump”, o contador de histórias.
Veio a baila o assunto sobre
diferença de idades, da simplicidade das
coisas passadas, das grandes mudanças, das adaptações que nós, seus pais, tivemos que assimilar.
Lembrei, que nas escolas, “Grupo
Escolar” como eram chamadas, todas em perfeita ordem, limpeza e conservação,
sentávamos em carteiras duplas, com um buraco no meio, na parte superior, para
colocação do tinteiro.
No primeiro ano, só usávamos o
lápis.
A partir do segundo ano primário,
passávamos a utilizar a famosas canetas de pena metálica, que a cada quatro ou
cinco palavras precisavam ser molhadas no tinteiro, retirando-se o excesso com
cuidado, para não borrar o caderno. Para minimizar esse problema, contávamos
com o mata-borrão, que infelizmente, muitas vezes nos socorria tardiamente.
Escrever com essas canetas
requeria uma certa delicadeza, pois aqueles de mão pesada como eu, alem de
estragar com rapidez a penas, produziam uma escrita falha e dupla, devido o
excesso de pressão, que abria o bico(ponta) das penas.
A primeira caneta tinteiro comum,
hoje démodé, foi uma Champion, ganhei quando estava no quarto ano. Já existiam
as famosas Canetas Parker 21 e 51, porem muito caras.
A salvação da lavoura, a chegada
da esferográfica, pelo que me lembro, só ocorreu pra valer quando já estava no
ginásio. Não sei precisar a época, mas aceitei a novidade com grande alívio.
Divagando, lembrei de outro
invento que recebi com muita satisfação.
Não lembro do dia, mas recordo
que foi em 1975, já morando em São Paulo, trabalhando na Cesp, quando um colega
apareceu com um aparelho de barbear descartável francês.
Minha experiência com aparelhos
de barbear começou de forma equivocada.
Com uns seis anos, presenciei meu
pai fazer a barba e achei o ritual interessante.
Retornei sorrateiramente ao
banheiro e tentei imitar meu velho. O resultado foi um corte, cuja pequena e
quase invisível cicatriz carrego até hoje em meu rosto.
Nunca me dei bem com os antigos
aparelhos que utilizavam laminas descartáveis. Por mais cuidado que tomasse,
sempre apareciam alguns cortes doídos, chatos e sanguinolentos.
Comprei do colega o aparelhinho francês e achei uma
maravilha, embora um pouco caro, comparado com as laminas descartáveis.
As primeiras barbas sem escoriações. Uma Beleza.
Adotei a modernidade sem arrependimentos ou delongas.
Narrando para minha filha essas passagens antigas, eventos
que ocorreram há tanto tempo, numa época em que a vida era realmente muito mais
singela, transmitindo nosso espanto diante de inovações que hoje são
corriqueiras, a maioria das quais
evoluíram sobremaneira ou caíram em desuso, constatamos que somos espécies
pré-históricas, diante do estado atual da arte.
Difícil para os mais novos entender nosso espanto, nossa
admiração, por coisas tão simples, mas que foram os primeiros passos a caminho
da revolução tecnológica, da qual, somos as derradeiras testemunhas oculares.
José Roberto- 11/09/14
Zé
ResponderExcluirQuem ler o texto pode pensar até que é uma xaropada saudoso dos mais velhos, todavia, que viveu a época, tem certeza que esses eventos simples, foram coisas gigantes e maravilhosas, que nos assombraram e facilitaram nossas vidas.
Você deve ter ainda muito a contar.
Abraços,
Pedro Paulo