LEMBRANÇAS DE ATIBAIA
Desde que num ato heróico, de extrema coragem, entrei para o
Facebook, reencontrei velhos amigos e companheiros da Regional de Atibaia(Cesp).
Ao contrário de Itanhaém, terra de minha mulher e onde tenho
uma casa, depois que fui transferido para São Paulo, a pedido, em dezembro de
1974, retornei pouquíssimas vezes à Atibaia.
A descoberta virtual de antigos e queridos colegas de
trabalho reacenderam ótimas lembranças, de um tempo em que éramos jovens,
extremamente dispostos, trabalhando com vigor, acreditando que estávamos
contribuindo para um Brasil melhor.
Sem qualquer demagogia, naquela época dávamos duro sem
reclamar, cumprindo com nossas
obrigações com a maior naturalidade.
Inúmeras vezes, saí de Atibaia as 3,00 horas da manhã,
visitando os escritórios de Santa
Isabel, Piquete, Queluz e Bananal, fazendo acordo de débitos com prefeitos
cujas propostas eu mesmo datilografava, retornando por volta das 11,00 horas da
noite.
Eram tempos em que todos se entregavam, trabalhando com
empenho para manter a Regional de Atibaia como uma das mais eficientes e
produtivas.
Os resultados e os números estavam a nosso favor, pois alem
das inúmeras obras de expansão e reforma que executávamos, nossos índices de
contas de energia elétrica em carteira(atrasadas por falta de pagamento) eram
desprezíveis. Inferior a 1%(hum por cento) do faturamento mensal.
Tínhamos autonomia para “cortar a luz” de prefeitos, juizes,
delegados e qualquer autoridade que não atendesse nosso alerta. Depois da data
fatal não havia perdão.
Bons tempos, pois hoje, pobre do gerente que autorizar o
corte de energia de uma droga de vereador.
Provavelmente estará demitido num abrir e fechar de olhos.
Como o índice percentual de contas em carteira era um dos
itens de avaliação da performance dos escritórios, havia uma competição sadia
entre os Gerentes Locais, que se empenhavam ao máximo para encabeçar a lista de
bons resultados.
Recordo de um caso especial, do Sr. Juvenal Ponciano de
Camargo, encarregado local de Nazaré Paulista, que não época tinha apenas uns
300 consumidores(Nazaré, estava subordinada ao escritório local de Atibaia).
O Sr. Juvenal trabalhava sozinho, era o único funcionário da
Cesp na localidade.
Com uma bicicleta, levando a escada nos ombros, fazia
ligações, cortes no fornecimento e pequenos reparos. Serviços mais complexos
eram executados pelas turmas de manutenção do escritório de Atibaia.
O trabalho de escritório, embora pequeno, ficava também a
cargo do Sr. Juvenal.
Durante todo o período que permaneceu como responsável por
Nazaré Paulista, Sr. Juvenal nunca permitiu a existência de uma conta em
atraso.
É incrível, mas era a realidade.
Se algum consumidor atrasasse o pagamento, Sr. Juvenal
pagava do próprio bolso e atazanava o infeliz até que quitasse seu débito.
Era uma pessoa simples, com baixa escolaridade, mas de uma
retidão de caráter e honestidade de fazer inveja a qualquer beato ou santo.
Pouco antes da minha transferência para São Paulo, por
problemas de vista e pela idade, o Sr. Juvenal não estava mais dando conta de
suas obrigações, do jeito que gostava.
Queriam aposentá-lo, mas o velho e dedicado servidor
pretendia continuar ainda ativa, talvez até para não ter perdas financeiras,
pois naquela época, a Fundação Cesp ainda não existia e se aposentar apenas com
o salário do INSS, era um castigo.
Antes de partir, acertei sua transferência para o escritório
de Atibaia, onde o Sr. Juvenal continuou trabalhando e provavelmente dividindo
sua larga experiência com a nova equipe.
O Sr. Juvenal já não deve mais estar entre nós, mas foi um
exemplo vivo de dignidade, empenho, honestidade e amor ao trabalho.
Como não poderia deixar de ser, essa é mesmo uma história do
passado, pois homens desse naipe são produtos raros, quase impossíveis de serem
encontrados em nosso pobre rico país, tão aviltado e conspurcado pela corrupção
sonante e endêmica.
Meus amigos de Atibaia e vizinhança que lerem essa crônica,
são testemunhas de que dessa vez escrevi seriamente, e que meu texto é a pura
expressão da verdade.
Bons e saudosos tempos!
José Roberto- 05/12/13
Gosto quando você muda de assunto, deixando sua acidez política de lado, enfocando assuntos pessoais e lembranças.
ResponderExcluirTodos nós temos nossos casos a contar, o que atrapalha é a timidez e a preguiça.
Abraços,
Pedro Paulo
Parabéns amigo Gimael ! Aqui na velha Itanhaém, também temos um exemplo parecido: trata-se do excelente eletricista Natanael Maciel, o velho e querido NATICO, de quem você deve ter ouvido falar e, até mesmo conhecido e, já não está mais entre nós. Grandes exemplos de um país que já teve vergonha na cara.
ResponderExcluirAo ensejo, faço minhas as palavras do ótimo Pedro Paulo, acima.
Luizinho.
Comovente homenagem ao Sr. Juvenal de Nazaré Paulista. Todos nós temos muitos casos para contar, como bem disse o Pedro Paulo e ressaltou o Luizinho, com o caso do Natico de Itanhaém, a quem também através do Luizinho passamos a homenagear. Parabéns pela crônica e precisamos, o ano que vem, marcar um encontro dos amigos da CESP, que seja em Itanhaém ou Atibaia, onde vivemos mais intensamente. Aliás, passei o último fim de semana em Atibaia e a cidade está muito legal e bonita tal e qual Itanhaém.
ResponderExcluirVanderlei