LEMBRANÇAS DE ATIBAIA III
A Regional de Atibaia começou a existir de fato, em março de
1970.
César Roland era o Gerente Regional, Sérgio Pereira o chefe
da Divisão Técnica, eu, chefe da Divisão de Vendas de Energia e Molina, Chefe
da Divisão Administrativa, sem esquecer da Nara, que era a Assistente Social.
Nos instalamos provisoriamente num prédio situado na região
central, na rua José Alvim, aguardando a
construção da nossa sede, próxima ao antigo aeroporto, num terreno cedido pela
prefeitura.
Era um período de adaptação, de recrutamento de funcionários
para compor nossos quadros.
As cidades que compunham a Regional tinham suas redes de
distribuição precárias e o ritmo de obras era intenso.
César Roland, o gerente geral, sempre foi muito fino,
educado e inteligente, uma das raras pessoas que admirei e respeitei em toda
minha vida profissional, pois diversas
vezes, sem ser um especialista no assunto, me deu as “luzes” para destrinchar
difíceis problemas(voltamos a trabalhar juntos, em 1975, em São Paulo, no
Departamento Comercial).
O primeiro acidente fatal com um funcionário da Regional, em
meados de 1971, chocou a todos.
A turma de manutenção fazia reparos numa linha de
distribuição próximo a Piracaia.
Era um dia limpo, ensolarado, sem o menor sinal de chuvas.
Por falha humana e descumprimento das normas de segurança,
não foi feito a aterramento adequado, isolando o pessoal que estendia ou
verificava os cabos elétricos.
Por infelicidade, um raio no pé da serra, a quilômetros de
distância, energizou a rede, fulminado um eletricista que trabalhava sem a
devida proteção.
Convem salientar, que a região de Atibaia possui um elevado
índice isoceráumico(incidência de raios)
Sob um clima de comoção geral, acompanhamos o enterro e
prestamos a jovem viúva nossos sentimentos.
A viúva estaria amparada, pois como dependente do
funcionário acidentado, continuaria recebendo uma pensão mensal, alem de uma
indenização paga pela própria CESP.
César Roland, talvez no calor da emoção, insistiu para que
nós, da equipe gerencial da Regional, nos cotizássemos e fizéssemos uma doação
adicional em espécie, para a viúva.
Não tivemos como escapar, e mesmo constrangidos, entramos
com nossa parte.
Como morávamos na Vila Salles, com exceção do Molina, a
tardinha, após do enterro que havia acontecido pela manhã, num mesmo carro,
César, eu e Sérgio, nos dirigimos a casa da viúva, que ficava próxima do nosso
caminho.
Ao nos aproximarmos, topamos com uma casa cheia, com vários homens
e alguma mulheres festivas e tomando cerveja, que pelo jeito, corria solta e a
vontade.
A viuvinha alegre, estava encastelada no colo de um sujeito
“graúdo”, aos beijos e com um copo na mão.
Nem chegamos a descer do carro.
César ao volante, deu meia volta e nos mandamos estarrecidos
para casa.
No dia seguinte, a grana voltou aos nossos bolsos, após
concluirmos que a viúva não merecia condolências nem agrados adicionais, pois
já os estava recebendo com sobras.
Diz o ditado popular, que a dor da viuvez passa rápido.
Mas a dessa viuvinha, passou a jato.
José Roberto- 16/12/13
Esta é a própria e famosa "Viúva Alegre".
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