SONHOS NÃO CONCRETIZADOS
Cada um de nós tem seu estoque particular de sonhos e
desejos não realizados.
Razões diversas no levaram a postergar esses sonhos. Alguns
pela própria impossibilidade, pois quase utópicos, são inalcançáveis; outros
porque não encontramos ainda os meios e oportunidades adequadas e finalmente
aqueles que deixamos escapar por falta de aguerrimento e acomodação, pois ao
invés de lutar por eles, torcemos para que caíssem em nosso colo.
É também importante recordar aquela parcela de encantamento,
que com o passar dos anos, com nosso amadurecimento, perdeu a validade.
Sonhos, desejos e gostos de uma época em que éramos mais
ingênuos, que foram se desfazendo ao nos depararmos com a evolução da
tecnologia, dos costumes, ao entrarmos de cabeça na labuta pela vida.
Vamos aprendendo com o tempo. Os sonhos grandiosos da
juventude dão lugar a outros, mais modestos e tangíveis.
As obrigações do dia a dia restringem parte da alegria
natural de nossas almas, tomadas por uma racionalidade mais fria e objetiva, em
busca da realização, do sucesso, do dinheiro.
Esse é o ciclo que nos envolve e do qual não conseguimos nos
safar.
“A vida é luta renhida, viver é lutar”
Porem, lá no fundo do meu velho e safado coração, curto
ainda com carinho um sonho não realizado.
Sonho que floresceu libidinosamente na juventude, povoando
meu imaginário com imagens e cenas típicas dos adolescentes, que devem ser
mantidas em segredo, reservadas para consumo íntimo.
Babava de inveja, quando afoito, desfolhava as paginas da
revista “O Cruzeiro”, me deliciando com as memoráveis fotos dos bailes de
carnaval, do Teatro Municipal e do Monte Líbano.
Esses dois bailes carnavalescos eram os mais concorridos e
famosos do Brasil, repletos de lindas mulheres semi-despidas, socialites,
vedetes, artistas, até mesmo artistas famosas de Holywood.
Ficava deslumbrado com as fotos dessas beldades, que depois
de tomar umas e muitas outras, embaladas pela musica profana, subiam nas mesas
desnudando seios e outras partes pudentas.
Ficava maluco em ver aqueles peitões deliciosos(fotos),
implorando para serem apalpados, clamando por mãos inexperientes como a minhas,
para serem iniciadas nos sublimes mistérios da bolinação.
O caipira de Piracicaba, sonhava, rezava, fazia promessas,
para um dia ter grana suficiente para participar ao menos de um desses eventos
bacantes, saciando desejos, rendendo-se a luxúria.
Como sonhar não custa nada, antevia as manchetes dos
jornais, depois de uma eventual passagem por um desses bailes: “Tarado paulista
preso no Municipal”.
Passou o tempo, a vida seguiu, é por ironia do destino, me
mudei para o Rio.
Convém deixar claro, que cheguei por essas bandas casado e
com família, sob rédeas curtas e seguindo o riscado.
Todavia, quando aportei na cidade maravilhosa, os bailes do
Municipal já não mais existiam(que tristeza).
Os do Monte Líbano, decadentes, duraram um pouco mais, até o
final dos anos oitenta.
Atualmente, baile de salão é acontecimento da pré-história.
Hoje o povo samba nas ruas, nos milhares de blocos que se espalham
pela cidade.
Me consolo e satisfaço com minhas lembranças.
As vezes, um sonho apenas sonhado, tem valor sentimental
mais profundo, desconhecendo parâmetros, nos levando até onde desejarmos, aos
limites de nossa imaginação.
Sonhar é maravilhoso, recordar, ainda é melhor!
José Roberto- 04/07/13
Zé
ResponderExcluirTambém me lembro com saudades desses marvilhosos e libertinos bailes.
Você esqueceu de mencionar o do Iate, que era também do mesmo nivel, com a mulherada toda pulando na piscina, na manguaça, e com pouquissima roupa.
Velhos bons tempos!!!
Gostei do seu texto, pois na verdade somos uns eternos insatisfeitos.
ResponderExcluirSempre buscamos mais do que está a nosso alcance, mas é justamente essa busca do impossível que nos leva a algumas vitórias, mesmo que bem modestas.
O importante é sonhar e jamais desistir.
Mariana
Vivi duas épocas dos grandes carnavais da minha vida, que, a princípio, eram de rua dos chamados "blocos de sujos" e das farras nos bares. Maravilhosos! Em paralelo, inicialmente, aconteciam os chamados "carnavais de clubes" e que pouco-a-pouco foram se sobrepondo ao carnaval de rua, até que estes se limitaram aos grandes desfiles das suntuosas "escolas de samba", com o fim dos blocos caricatos e dos foliões que teciam críticas às coisas do cotidiano, o chamado "bloco do eu sozinho". A nostalgia, porém, trouxe de volta o carnaval de rua, simples como sempre foi, e os de clubes foram perdendo fôlego e hoje estão extintos. Melhor assim, ganharam os autênticos foliões e aquela parcela humilde que não frequentava clubes, mas que sempre foi bastante criativa e democrática, para fazer o carnaval do povo.
ResponderExcluirLuzinho