CEMITÉRIOS E FAVELAS
Começo a redigir o texto de hoje com algum atraso, pois
antes de chegar ao escritório, levei o carro de minha mulher para a obrigatória
revisão anual.
Hora combinada na concessionária, 7,30 h.
Todavia, esperando ser atendido com antecedência, cheguei na
Renault, que fica em frente ao cemitério São João Batista, as 7,00h.
Apenas o vigia para me receber e confirmar o horário do
início do expediente. Não restava alternativa, senão esperar.
Parado em frente a concessionária, olhei para os muros do
cemitério, lembrando das noticias recentes que estão fervilhando nos jornais.
Os doze cemitérios legalizados do Rio, são administrados
pela Santa Casa de Misericórdia, um fundação em regime pré-falimentar, com uma
diretoria muito questionada por seus desacertos.
É natural, que o problema de gestão insatisfatória refletisse
nos cemitérios, onde repórteres da TV Globo, disfarçados de possíveis interessados,
comprovaram e filmaram funcionários da Santa Casa, vendendo espaços ilegais nos
cemitérios, especialmente no São João Batista e Caju, os mais importantes da
cidade, por 300 a 400 mil reais.
O metro quadrado mais caro Rio, batendo Leblon e Ipanema.
Depois que a merda aflorou, a policia descobriu que diversos
corredores haviam sido fechados, transformados em túmulos, dificultando a
circulação(dos vivos, eh, eh, eh).
Diversos jazigos, que os espertalhões julgavam abandonados,
foram demolidos e revendidos a terceiros.
Constatou-se um sumiço geral de túmulos e de seus
inquilinos, impossibilitando parentes de localizar o “ultimo descanso” de seus
entes queridos.
No Rio de Janeiro, nem os pobres dos defuntos, depois de
mortos e enterrados tiveram sossego.
Os cemitérios do Rio, que sempre foram locais não
recomendáveis para se visitar sozinho, principalmente a tarde, devido a
freqüência dos assaltos praticados por moradores das favelas que os rodeiam,
alem de perigosa para os vivos, tornou-se também um azougue para os mortos.
Enquanto matutava sobre a desventura dos pobres defuntos que
deveriam estar sossegados, mortos e sepultados, olhei para o morro que se
espalha ao lado do cemitério e vi parte da enorme favela dos Tabajaras, que
começa no outro lado do morro, em Copacabana, se espalhando até a beirada do
cemitério, em Botafogo.
Centenas de casas sem reboco e pintura e inúmeros prédios de
mais de cinco andares, se equilibrando na costa do morro, aguardando para serem
varrido nas próximas fortes chuvas que caírem no local.
Chamou minha atenção uma grande obra, que estava sendo
levada a cabo na parte inferior do morro, próximo a um posto de gasolina.
A imensa obra é perfeitamente visível de qualquer ponto da
rua. Já devastou parte significativa da floresta e de um imenso bambuzal, cujas
raízes são importantíssimas para conter deslizamentos.
Desmatamento visível a todos, a quem possa interessar,
obviamente, menos aos fiscais da prefeitura.
Tente cortar alguma árvore, que você mesmo plantou em seu
condomínio, para verificar que é aí “que a porca torce o rabo”. Requerimentos,
multas, compromissos de replantio e o “caralho a quatro”.
Não vou nem citar o IPTU fodido que pagamos.
Amanhã, quando as chuvas arrastarem as obras irregulares,
esses invasores miseráveis estarão chorando, contanto seus mortos e exigindo da
prefeitura vale aluguel e novas moradias.
O Prefeito e sua turma, fazem de conta que não enxergam
essas invasões absurdas, pois não podem se indispor com o povão. São votos
contabilizados.
Tirei fotos da obra irregular e pretendo enviá-la para
alguns jornais.
Duvido que as publiquem, ou que dêem alguma importância ao
meu protesto.
Tudo continuará na mesma, para o bem de todos e felicidade
geral da nação.
Apesar desses abscessos, o Rio continua lindo!
José Roberto- 11/07/13
Meu caro Zé do Caixão
ResponderExcluirHoje você escolheu o assunto certo, pois você tem tendências para coveiro e fiscal de cemitério.
Até que o texto esta passável.
Amilcar