RETIRO ESPIRITUAL FORÇADO
Tenho quase certeza que esse foi o carnaval mais borocoxô
que passei em minha vida, pois enxergando a meia bomba, sem poder fazer maiores
esforços, até mesmo sem grande apetite pela manguaça, pouco fiz, alem de
calejar a bunda assistindo as séries da Netflix.
Solidárias nesse meu ostracismo forçado, Dona Regina e Maria
Silvia também pouco ou quase nada fizeram, pois devido ao mau tempo, não
descemos para ver a criançada no Bloco Spantinha(Spanta Nenem), nem ao
entardecer, para ver a saída da tradicional Rola Preguiçosa.
Em que pese algumas objeções de Dona Regina, que tinha
outros planos para o carnaval, tudo transcorreu de forma tranquila, tranquila
até demais, num marasmo quebrado apenas por alguns “cajus amigo”, que elevavam
um pouco nosso ânimo e nossa moral.
Mas como já afirmei, até para beber estava meio preguiçoso,
tomando bem menos que deveria, pois havia reforçado o estoque caseiro o que não
foi de grande utilidade.
O interessante, ou para ser exato, o irritante, é que com
melhora progressiva do olho esquerdo, que aos poucos vai se desanuviando,
principalmente na metade superior, onde já começo a distinguir objetos e
letras, fica mais difícil para ler e ver TV, pois conforme explicação do médico
que me operou, o cérebro processa a informação recebida dos dois olhos, ficando
confuso ao fazer o ajuste final da visão.
Enxergo perfeitamente tapando o olho esquerdo, mas não posso
dar uma de pirata o tempo todo, pois necessito adaptar-me a essa lenta e chata
recuperação.
Senti falta do pessoal da turma do tênis, pois nenhum deles
ficou plantado aqui no Rio, para ao
menos papearmos e falar mal dos ausentes.
Vejam só!
Como um velho rabugento, cá estou a lamentar meu retiro forçado,
gastando palavras e escrevendo abobrinhas sobre o que não fiz, pois mesmo que
estivesse em plena forma(forma de velho), não teria grandes feitos a comentar;
salvo pensamentos inconfessáveis criados pela mente de um velho tarado
paulista, que sentiu a ausência das peladonas gostosas nos desfiles das escolas
de samba.
Será que é o efeito Crivella, que alem de acabar com a
cidade está também ferrando o carnaval carioca?
José Roberto- 06/03/19
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