NATAL EM FAMÍLIA

NATAL EM FAMÍLIA

Coração de velho vai amolecendo com o passar dos anos.

Ficamos ainda mais sentimentais nessa época natalina, pois as  lembranças afloram com mais vigor, sendo ao mesmo tempo um refrigério e um pequeno castigo para nossas almas, sempre carentes de amor e afeto.

Lembranças de pessoas queridas que não mais podermos abraçar, dos amigos e parentes que se foram prematuramente, deixando um lugar insubstituível em nossos corações; lembranças agradáveis mais também tristes, são  marcas do amor eternamente gravadas em nossa memória.

Mas a vida em si mesma é um milagre, e vamos continuando nossa jornada sempre encontrando formas de renovar as esperanças, com a agradável descoberta de novas amizades, novos interesses, mas sobretudo, com o poder mágico do fruto de nossos filhos.

Deus criou os netos para preencherem as lacunas de nossas carências, para suprir nossas necessidades de trocas de amor incondicional, para nos fazer transbordar de orgulho e alegria, principalmente no período da primeira infância, quando ainda temos a capacidade de pegá-los no colo, beijar suas meigas faces e tentar explicar de forma simplificada perguntas muitas vezes contundentes.

Nessa época de Natal , ver os olhinhos brilharem de ansiedade aguardando os presentes pedidos ao bom velhinho, é uma satisfação inenarrável.

Ainda ontem, enquanto assistíamos um desenho da Princesa Sofia, tentei especular junto a minha netinha, seus pedidos para Papai Noel.

De incio Lelê alegou que era segredo, daí não poder revelar o teor de sua cartinha, escrita pela mãe e enviada diretamente ao Polo Norte.

Como insisti e jurei guardar segredo, Lelê começou a enumerar sua lista de presentes, começando pelo baú da LOL, uma casa gigante da Barbi, e vários outros que não recordo, pois no momento, prestava atenção apenas em seu rostinho resplandecente, desfiando o rol de sua grande lista de desejos.

Apesar de ter quebrado a promessa feita a minha netinha, sei que não vai ficar magoada, pois não lerá o texto. Talvez, algum dia o faça, daqui há muitos anos, porem entenderá as boas intenções do avô coruja.

Hoje a noite, véspera de Natal, tentarei reparar minha falha.

Fantasiado de Papai Noel, a meia luz, entregarei a minha querida neta, que com cinco anos e muito esperta, olhará desconfiada para o arremedo do bom velhinho, e talvez, como sua mãe, há muitos anos atrás, comentará consigo própria: “parece o vovô”, ficando ainda naquela gostosa dúvida que resistirá por mais um ou dois anos.

A cada Natal conto uma história parecida, tentando novas abordagens, não ser muito repetitivo, o que vai ficando cada vez mais difícil, por tratar-se de uma data repetitiva, porem mágica, pois mesmo sendo iguais, cada Natal tem seu jeito especial, inesquecível.

E este que se aproxima, é mais um de nossa família, com ausências sentidas, mas que do alto acompanham nossa confraternização e risos felizes , especialmente da estrela da noite, a alegria da festa, nossa querida Lelê.

Um Feliz Natal a todos os amigos e leitores distantes.

José Roberto- 23/12/18