A ÁRVORE DA INTEGRAÇÃO- 2018
Na proximidade do Natal, optei por deixar os temas sujos e
pesados sobre os quais tenho escrito rotineiramente, para depois.
Essa sensação em busca de um pouco de paz, me tocou
profundamente no sábado a tardinha, no momento em que circundava a Lagoa,
levando minha filha Maria Silvia, para um encontro com amigas no Shoping
Leblon.
Saímos de casa por volta das 19,00 horas, final de tarde
quente e ainda com muita luz, graças ao horário de verão pelo qual nutro solene
antipatia.
Trânsito pesado, avenida congestionada nos dois sentidos,
pois apesar dos avisos que os estacionamentos estavam lotados, da proibição de
estacionar nas imediações, motoristas dirigiam lentamente procurando um
vaguinha irregular, oferecida pelos flanelinhas oportunistas.
Entrei naquele mar de carros com mau humor, reclamando dos
suburbanos que desde a “inauguração da árvore de Natal da Lagoa” inundam a
região, numa confusão de “carrões topes de linha”, Kombis, Chevetes e Brasilias
e outros cacarecos.
Preso no congestionamento olhei pela janela e vi famílias
inteiras se instalando nos gramados a espera do acendimento das luzes da
árvore, que ocorre invariavelmente as 20,00 horas.
Pais, mães e filhos firmavam suas cadeiras de praia nos
locais mais apropriados, ajeitando com cuidado os isopores e farnéis, contendo
os comes e bebes para enfrentar a muitas horas de curtição.
Centenas de casais de namorados trocavam beijos e carícias
no meio do burburinho, invisíveis para a multidão, que só tinha olhos para a
árvore.
Aquela alegria latente me tocou, vendo pessoas simples em
perfeita harmonia, desfrutando de momentos de paz, alegria e tranqüilidade.
Não sei se devido ao bom policiamento, ou ao encanto da
árvore, que talvez tenha sensibilizado trombadinhas e bandidos, não tem havido
problemas de segurança na área.
Andando a uns poucos quilômetros por hora, “pensava com meus
próprios botões”, que as vezes somos egoístas, reclamando de uma pequena
inconveniência que se traduz em alegria e distração para muitos.
Recordo que durante toda a semana, nem ao menos uma vez
olhei pela janela, ou fui a varanda para ver a árvore, agora um pouco mais
longe, bem no meio da Lagoa.
Não damos a mínima importância ao fato, pois acostumados com
a vista agradável, passamos semanas sem ver um por do sol, com os olhos
grudados nos aparelhos de TV, acompanhando novelas e noticiários.
Vendo tanta gente alegre alterei meu humor, olhando mais
detalhadamente para as pessoas, surrupiando um pouco da alegria de seus
semblantes felizes.
A árvore de Natal da Lagoa tem a maravilhosa capacidade de
integrar pessoas de todas as classes sociais, independente da cor da pele ou
das opções de vida, que irmanados , deixam de lado os problemas do dia a dia
extasiando-se com o show de luzes, cores e sons , emanados da árvore milagrosa.
Pode ser um evento simples e corriqueiro para aqueles
acostumados com a nova iluminação da Torre Eiffel, com a austeridade do
Big-Bem, ou com a majestade do Coliseu, mas uma festa tão esperada para
milhares que labutam e dão duro pelo pão de cada dia.
A foto ruinzinha no topo do texto, foi tirada por volta da
meia noite, ainda com muita gente ao redor da Lagoa e com o trânsito pesado.
Dormi com a alma mais leve.
José Roberto- 22/12/14
NOTA- Republiquei o texto escrito há dois anos, por ter sido
o último da árvore antiga patrocinada pela Bradesco Seguros. Embora menor,
depois de dois anos de ausência e sob novo patrocínio retorna a árvore de
Natal, para alegria de todos.
José Roberto- 13/12/18
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