QUANDO O CARNAVAL CHEGAR
O carioca encurralado pelo trânsito terrível, graça e obra
do nosso prefeitinho engomadinho, começou a semana ainda pior, com o rompimento
de uma adutora(cano grosso, para os leigos) num cruzamento de artérias vitais
de Copacabana, Avenida Barata Ribeiro e Rua Miguel Lemos.
Se estava péssimo, ficou pior ainda, com alteração das rotas
de ônibus, suspensão da inversão de mãos na Avenida Atlântica nos horários de
rush, uma bagunça geral que infernizou a vida de quem depende dos transportes
coletivos.
Quem utiliza carro próprio queimou gasolina a
gosto(desgosto), enfrentando congestionamentos quilométricos que pude apreciar
tranqüilamente da sacada do meu apartamento na Lagoa.
Paguei minha quota de sofrimento(pequena) no trajeto até o apê
de minha filha(dá para ir caminhando, se não fosse preguiçoso), para a visita
diária a minha querida Lelê, que com certeza, aguarda ansiosa a chegada do avô(seus
sorrisos e gritinhos são provas incontestes).
Mesmo com o caos instalado dentro do caos, a cidade
transpira uma agitação incontida.
Cariocas e forasteiros exercitam o bom humor nesses momentos
difíceis, recarregando baterias nos botecos lotados, em todas as esquinas, curtindo
aquele chopinho gelado e apreciando as maravilhosas mulheres que desfilam
garbosas(e apetitosas) pelas calçadas.
Ahhh, essas cariocas deixam qualquer um maluco. Se bobear, o
cara fica vesgo!
O povo, principalmente os jovens, sente aquele comichão
gostoso nos pés e nas virilhas, aguardando a sexta-feira para rasgar as fantasias.
Centenas de blocos com nomes jocosos tomarão conta das ruas,
para foliões alegres expurgarem suas mágoas e seus pesares.
Amanhã, aqui bem perto, no Parque da Lagoa, a “Rola
Preguiçosa” começará a ser inflada(um balão imenso, na forma da dita cuja), convocando
os veteranos e abrindo alas aos novatos e curiosos, para a marcha triunfal
pelas ruas que circundam a Praça General Osório.
Aproveitando a desculpa do sufoco no trânsito, do centro
inacessível, da baixa mobilidade
urbana(expressão da moda), as faltas ao trabalho atingem níveis recordistas,
pois ao invés de gastar energia sem sair do lugar, o carioca prefere preservar
seus esforços para transpirar feito doido nos blocos.
O clima da nossa maior festa profana esta no ar.
Turistas chegam aos montes para se integrar no contexto de
farra e alegria.
O Rio tem aquele charme e atração impossível de ser
encontrado em outro lugar, nessa época então, chega a ser um desbunde!
Eu, quietinho no meu canto, ficarei saboreando com os olhos
cansados as belezas do povo, dos blocos, das escolas de samba, das mulheres, as
mais perfeitas do planeta, que trazem aos velhos babões, lembranças dos tempos
gloriosos.
Pena que não posso parafrasear Chico, dizendo ou
cantando, que “estou me guardando pra
quando o carnaval chegar”.
José Roberto- 26/02/14
Um retrato fiel da nossa caótica cidade e uma bela crônica sobre o nosso maravilhoso carnaval.
ResponderExcluirE também uma ode a nossa maravilhosas mulheres.
No nordeste o carnaval já chegou, e faz muito tempo! O governo adora o Carnaval. A lona do circo cobre todo o Brasil. Deixe o povo brincar com samba, suor, mulheres e cervejas! Eta coisa boa! Enquanto isso, os velhinhos ficam em casa só babando. Aí meus tempos!
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