FUTEBOL, UM (BOM)
NEGÓCIO
Voltando do batismo carnavalesco de minha neta, no sábado
pela manhã, observei dois meninos que treinavam intensivamente numa das quadras
de esportes do Parque da Lagoa.
Os pais, de boa aparência, assistiam um instrutor, dar ordens
incessantes ao dois pequenos, que davam o máximo para cumprir as orientações
recebidas.
Dei uma parada e fiquei olhando o esforço dos meninos,
incentivados pelos pais, saltitando sobre arcos, alternando com corridas em
zigue-zague , contornando cones distribuídos ao longo da quadra.
Um dos meninos não devia ter mais que cinco anos, o outro,
talvez, uns sete.
Pais investindo no futuro dos filhos, transformando aquilo
que deveria ser prazer em obrigação, considerando principalmente a baixa idade
das crianças.
Como nosso apartamento fica defronte ao Parque, tenho
observado essa atividade intensa com jovens que se submetem a treinamentos
estafantes, acompanhados e supervisionados por “instrutores”, preparando nossa futura
geração de craques.
Craques uma ova, pois sem espontaneidade e criatividade,
transformam-se em robôs, super atletas, que correm atrás da bola como
autômatos, sem a magia dos craques de antigamente.
Os contratos fabulosos tais como o de Neymar com o
Barcelona, instigam pais a apostarem todas suas fichas nas carreiras dos
filhos, submetendo-os a treinamentos excessivos, sob orientação de pessoas
pouco qualificadas que apenas se preocupam com a condição física.
O futebol sempre foi uma coisa intuitiva para os
brasileiros, praticado nos mais diversos locais onde houvesse espaço
suficiente, de forma alegre, gaiata e competitiva, onde era realçada a
habilidade natural dos jogadores.
Ao menos na infância, era assim que jogávamos futebol, sem
treinadores, sem treinamentos físicos, apenas correndo atrás da bola e
aprimorando nossas qualidades.
Foi dessa forma que surgiram muitos craques.
Basta compararmos o numero de bons jogadores que existiam no
clubes, nas décadas de 60 e 70, antes de surgirem esse malditos olheiros e o
futebol ser inflacionado por empresários e dirigentes picaretas.
Na época áurea do Santos de Pelé, Coutinho, Pepe, time
completo de cobras, o Palmeiras também era um timaço, com Ademir da Guia,
Djalma Santos e muitos outros.
No Rio, o Botafogo era uma verdadeira seleção, os demais também
eram equipes de respeito.
O trabalho do técnico para formar nossa seleção era dos mais
ingratos, dado o número de ótimos jogadores que existiam para as diversas
posições.
Hoje a situação é inversa.
Temos ótimos atletas, musculosos e velozes, mas incapazes de
fazer um passe a mais de cinco metros.
Cabeças de bagre que partem pela lateral do campo feito um
“puro sangue”, mas não sabem cruzar uma bola, despachando foguetes pela linha
de fundo.
Todavia, qualquer desses “galos cegos” recebem boladas de fazer
inveja a médicos, engenheiros e outros profissionais que labutam duramente.
Esse é um dos motivos da pobreza técnica atual do nosso
futebol, que copiando modelos dos disciplinados europeus, degradou a qualidade
dos nossos jogadores, que hoje são apenas bons “atletas”.
Neymar, é hoje uma das raras exceções.
Mas como a grana é alta, jogador de futebol tornou-se
profissão das mais cobiçadas, sonho dos pobres e da classe média.
A tendência é de vermos no futuro, velocistas musculosos
correndo atrás de uma bola muito colorida, tornando nosso futebol muito
parecido com o futebol americano ou o rubgy, onde ao invés da arte, prevalece a
força bruta.
José Roberto- 17/02/14
É por isso que a molecada futebolista atual só se refere ao técnico como "professor", como faz o "cabeça de bagre" Alexandre Pato, egresso de "escolinha de futebol".
ResponderExcluirLuizinho.
Futebol está tão chato, em especial os jogos dos nossos campeonatos, que me recuso a assistir essas peladas.
ResponderExcluirSinto como você, saudades quando existiam verdadeiros craques e não cabeças de bagres que adoram "crack"