A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA
Desde que me conheço por gente, sempre fui um apaixonado
pelo cinema.
Quando criança o dinheiro era curto. A mesada de 5 cruzeiros nos finais de semana
era insuficiente para realizar meus desejos cinematográficos. Para completar a
grana, “fazia o diabo”, vendendo garrafas, gibis, e outros badulaques ao ferro
velho, que ficava na esquina da Governador, com a Voluntários de Piracicaba.
Não poderia em hipótese alguma perder a Sessão Zig-Zig(10,00
h) do Cine Colonial(um filme e um seriado) e o matinê do Cine São José(14,30 h-
dois filmes e um seriado).
Bons tempos do cinema em preto e branco, quando o mocinho
dava uma surra no bandido sem jamais deixar cair o chapéu da cabeça.
O heróis inesquecíveis da época eram, Durango Kid, Roy Rogers(e
seu cavalo Trigger), Hopalong Cassidy, Tarzan, Gene Autry, O Zorro, alem dos seriados em 12 emocionantes capítulos,
do Superman e da Família Marvel.
A medida que passavam os anos, entrando na fase da juventude
com o gosto mais apurado, a preferência era ainda pelos filmes de aventura e
guerra, porem, já agregados com histórias de amor.
Recordo, que o primeiro filme fora desses gêneros que me
marcou, foi um alemão, “Marily”, um romance água com açúcar. Não lembro o nome
dos artistas, recordando apenas que a artista principal era uma loirinha muito
bonita.
Outro filme que gostei, inclusive do nome poético, “O Vento
Não Sabe Ler”. Um filme inglês com Dirk Bogarde e uma japonesa, tendo como tema,
a guerra da Birmânia.
A abertura desse filme era caprichada, com um imenso jardim
florido, onde se destacava um cartaz: “Proibido tocar e arrancar as flores”.
Nesse exato momento, começava a soprar um vento muito forte,
fustigando e arrancando pétalas, principalmente das belas rosas vermelhas que
enfeitavam o jardim.
Nesse momento mágico em que as pétalas das esvoaçavam,
entrava o titulo, logo acima do cartaz, “O Vento Não Sabe Ler”.
Quando tinha meus
17/18 anos, amei “Suave é Noite-Tender is the Night), com Jennifer Jones e
Jason Robards.
Dentre outros assuntos, o filme contava a historia do
pianista cachaceiro que estava compondo a musica que era o tema do filme, mas não
conseguia terminá-la.
Certa vez, chegando ao bar do hotel onde se hospedava, ficou
danado ao ouvir um pianista negro, teclando suavemente sua musica ao piano e
concluindo-a magistralmente.
Ensandecido, envolve-se numa luta , sendo esfaqueado e
morto. Uma tragédia pastelão que ficou bem no filme. Pelo menos eu achava.
Há uns oito anos atrás, insisti com minha filha Fernanda,
para que ela assistisse comigo esse filme, que despertava tão boas recordações.
Essa sessão nostalgia causou-me um grande impacto.
Primeiramente por minha filha achar o filme monótono,
depois, pela falta de recursos e efeitos
especiais, que não existiam na época e com os quais, já estamos acostumados nos
dias de hoje.
Falando a verdade, também fiquei meio decepcionado.
Resultado das mudanças causadas pelo tempo, da transformação
do mundo, com a evolução galopante da tecnologia, dos costumes e da moral.
Sendo dúvida, mudamos com o passar dos anos. Nem sempre para
melhor.
Não posso deixar de mencionar alguns filmes mais recentes,
que realmente deixaram marcas profundas, como o maravilhoso “Cine Paradiso”, que
tem muito a ver com minha história, e o sensível “O Carteiro e o Poeta”, poesia
pura e tocante.
Existe mais uma centena de bons filmes, os quais poderia
listar em uma dezena de folhas, porem dos últimos, achei sensacional o francês, baseado em fatos
reais, “Os Intocáveis”, provando de uma forma leve, que apesar das dificuldades
e limitações, a vida, vale a pena ser vivida.
Gosto não se discute, cada um tem o seu, e deve ser
respeitado.
Percebo essas diferenças em minha própria casa, onde
comumente, minhas avaliações são questionadas e postas em dúvida.
Mas ver um bom filme é um prazer do qual jamais devemos
abdicar.
José Roberto- 21/03/13
Não foram mencionados os belíssimos faroestes, ora relegados às calendas: "Sem Lei e Sem Alma", "Duelo de Titãs", "A Última Carroça", "Sete Homens e Um Destino", "Minha Vontade é a Lei", "O Último Por do Sol", "Vera Cruz" e o inesquecível "Os Brutos Também Amam", entre outros. Quem viu...viu!
ResponderExcluirVisentin.
Complementando as oportunas colocações acima, incluo "Da terra Nascem os Homens", "investida de Bárbaros" esse vi em terceira dimensão, com óculos e tudo., completandando "O Sol é Para Todos, e muitos outros.
ResponderExcluirEu vi.