(DA DIREITA PARA ESQUERDA, MEUS IRMÃOS: CIDA, LILIDA, TAI, ANDRÉ E TONINHO)
PARABENS
CIDA, QUERIDA IRMÃ
Hoje, 11 de
janeiro, Cida minha querida irmã mais velha, completa 91 anos.
A devoção de
Cida para com a família, especialmente para com meus pais era sua razão de
viver.
Formou-se
professora cedo, ingressando no magistério locada em uma escola rural, situada
numa fazenda nas proximidades de Birigui-SP.
Naquela época,
no Estado de São Paulo, as professoras primárias recebiam um salário decente,
possibilitando que levassem uma vida digna, com os confortos mínimos necessários.
Posso
imaginar o incômodo de minha irmã, que sempre foi ultra-hiegiênica , com mania
de limpeza e de lavar as mãos sempre que possível, não tendo nenhuma aptidão
pela vida no campo. Deve ter curtido alguns anos de retiro espiritual forçado,
pois além do hábito da leitura, comum em nossa família, não devia ter o que
fazer em suas horas de ócio.
Recordo, mesmo
menino, que as finanças da casa estavam apertadas e Cida sempre enviou parte de
seu salário para ajudar nas despesas familiares, sempre muito pródiga.
Passava
conosco as férias lembro, que antes de
retornar para Birigui, conferia meus deveres escolares, pois nos velhos tempos,
tínhamos tarefas para cumprir durante as férias de julho. Eu muito esperto,
resolvia tudo no primeiro dia, chutando números, sem fazer contas, preenchendo
rapidamente as páginas e páginas dos deveres de aritmética, pois sabia que a
professora não teria tempo nem paciência de conferir as tarefas de todos os
alunos. Quando muito, se limitava a contar as páginas. Se tivessem preenchidas
estava tudo OK.
Cida me pegava
no pulo, constatando minha jogada em falso, exigindo que fizesse tudo novamente,
nos conformes. Ficava emburrado, mas não havia escapatória. Minha irmã era uma
professora exigente e dedicada e não permitiria que seu irmão fugisse de suas responsabilidades
escolares.
Depois de
alguns anos, Cida conseguiu ser removida para a escola rural do bairro do
Recanto, na Usina Monte Alegre-Piracicaba-SP, onde papai trabalhava e onde morávamos.
Cida sempre
uma ótima irmã, ordeira, implantando em todos nós o costume de sempre lavar as
mãos. Viveu a sombra de mamãe, por opção própria, tendo muito poucas atividades
extras, além da vida escolar.
Dedicada
exclusivamente a família, sob a tutela constante de Hercília, pelo que recordo,
não teve grandes aventuras em sua vida afetiva/amorosa, praticamente sem
namoros e outras extravagâncias.
Me lembro
apenas de um sujeito, aparentemente sério e direito, contador de uma grande carpintaria
de Piracicaba, que tentou se aproximar de minha irmã, porem foi educadamente
escanteado.
Cida
aposentou-se, após ter exercido sua veneranda profissão no Grupo Escolar
Marques de Monte Alegre, bem próximo a nossa casa.
Foi sempre
muito bem quista pelos alunos, que lhe davam mimos mesmo após cumprirem o período
escolar.
Uma das raras
decepções de minha irmã, foi de não ter
conseguido publicar sua “Cartilha”, de introdução a leitura, aprimorada
e adaptada durante seus longos e dedicados anos de magistério.
Acompanhou
minha mãe em todas as empreitadas, pois Hercília sempre foi uma mulher ativa, síndica
do prédio onde veio a residir posteriormente, próximo ao centro de Piracicaba,
sendo também durante muitos anos, Presidente da Obra do Berço, da cidade, tendo
sempre a filha como seu braço direito.
Com a
chegada dos sobrinhos, Cida sempre foi uma tia especial, cuidadosa, ensinando aos
pequenos o saudável hábito de lavar as mãos, até com um certo exagero. Adorada
por todos.
Permaneceu
grudada nossa mãe até sua morte em julho de 2012, com 101 anos. Somos uma família
longeva e com certeza Cida ainda vai longe e eu também.
Mora
atualmente num pequeno apartamento, em Piracicaba, com Lilida, irmã mais
nova(nem tanto), onde as duas senhoras passam o tempo, falando dos netos, legítimos
ou postiços, participando dos aniversários
e festas tradicionais com a numerosa família loca, sem notar o tempo passar, a
não ser pelas dores nas juntas e outras partes do corpo, que não nos deixam
esquecer do peso dos anos.
Cida, com um
pouco de surdez e surtos de esquecimento típico da idade, vai levando a vida
numa boa, sempre acompanha de perto por Lilida, sua fiel escudeira.
Tenho
saudades das manas e pretendo visitá-las em breve, aproveitando para rever os
queridos irmãos e sobrinhos que também moram na cidade.
Esqueci de
mencionar, que durante as férias de meio de ano, além de corrigir minhas
tarefas, Cida lia para mim longas histórias, despertando e insuflando o gosto
pela leitura.
A minha irmã,
tão querida, ingênua e reservada, o reconhecimento por sua bondade nestes
longos anos, que só pode ser correspondida com muito amor e gratidão.
Parabens
mana!
José
Roberto- 11/01/23