CULPA DA INTERNET
Quinta-feira
passada não cheguei a escrever um texto, pois estávamos sem Internet, desde
cedo, em toda a região da Lagoa, provavelmente devido aos fortes ventos da
quarta. Só voltou no período da tarde.
Na sexta,
como de praxe, já que não deixo passar em branco essas datas relevantes,
caprichei num texto sobre o Dia dos Pais. Acredito que apesar de repetir o tema
todos os anos, consegui abordar um novo ângulo, com bons resultados(sem falsa
modéstia), porem, no exato momento em que estava postando o texto, a Internet
caiu e para minha grande surpresa, ao voltar 2 horas depois, não consegui
recuperar o escrito.
Isso não
acontecia a tempos, pois além de estar um pouco melhorzinho no trato com a “máquina”,
ela própria de encarrega de salvar automaticamente tudo que escrevemos, mas no
presente caso deu uma grande mancada.
Depois de inúmeras
tentativas, aborrecido, pois é muito chato tentar reescrever um texto, desisti,
deixando de municiar meu Blog dois dias consecutivos, o que somente faço por
razões importantes ou por viagens.
Porem, pela
importância que dou e em homenagem a todos os pais, replico um texto escrito em
2009.
José Roberto-
15/08/22
EU, PAI.
Ontem foi um dia de lembranças.
De uma forma ou de outra, todos lembraram de seus pais.
Alguns com a felicidade de tê-los ainda a seu lado, outros com a saudade de
tê-los apenas no coração.
Em casa, entre beijos e abraços dos filhos queridos, não
esquecendo de agradecer os presentinhos, ao contrário dos anos anteriores,
decidi que escreveria sobre o meu papel de pai.
Tentar com isenção, fazer um balanço da nossa atuação como
figura paterna é um tanto suspeito, porem com os devidos descontos, poderemos
chegar a uma fotografia aproximada, retocada com o fotoshop de nossa alma.
As imagens que fazemos de nós mesmos, assemelha-se àqueles
quadros de arte moderna que cada pessoa enxerga de forma diferente. Uns
enxergam apenas borrões indistintos, outros enxergam belezas e virtudes.
No meu caso, espero que as críticas sejam mais complacentes,
pois dentro de minhas limitações, tentei sempre fazer o melhor.
Devo ter errado muito, mas tentei fazer o melhor.
Minha árdua tarefa deveria ter sido facilitada por ter tido
um exemplo maravilhoso, um pai com P maiúsculo, um alguém especial, que ao lado
de uma mulher também excepcional, soube constituir e manter uma família pródiga
em amor e união, coesa.
O nascimento de cada filho foi um fato inusitado.
O amor do pai é diferente do amor materno, pois a mãe sente
e ama o filho desde o momento da concepção, carregando-o no ventre e sentindo
sua presença de uma forma mais intensa, antes mesmo de ver seu rosto.
As reações do pai são diferentes, mais ponderadas,
preparando-se para responsabilidades futuras, acompanhando com curiosidade o
crescimento da barriga da mulher e daquela criaturinha que habita suas
entranhas.
O dia de deslindar o mistério finalmente acontece. Topamos
com aquela coisinha pequenina, berrante e feia, carregando toda nossa bagagem
genética. Finalmente somos apresentados ao nosso filho.
Me perdoem todas as mães, mas bebês recém-nascidos são bem
feinhos, enrugados, barulhentos, pois estão apavorados com o novo e
desconhecido mundo.
Acompanhar o crescimento de cada filho é uma tarefa
especial,
Cada um é diferente, com seus gostos e manias típicas. “Um
universo em si mesmo”.
Procurei estar presente em todas as fases, participando ativamente
das tarefas domésticas para aliviar a
pesada carga da mãe, assumindo inclusive a responsabilidade pelas
mamadeiras noturnas, já que o meu sono era mais leve e as interrupções não
atrapalhavam sua retomada.
Com orgulho e com muita saudade, lembro dos bons tempos em
que durante a noite, os filhos chamavam apenas pelo pai.
Fui um grande contador de histórias, na opinião de meus
filhos. Aguardo ansiosamente a dos netos.
Decorei dezenas de livros e discos, interpretando todos os
personagens, desde Branca de Neve, o Lobo Mau, até a terrível bruxa de
Cinderela.
Essas histórias foram repetidas incontáveis vezes, durante a
noite e nas inúmeras e longas viagens que fazíamos mensalmente para Itanhaém e
Piracicaba.
Nesse quesito, a aprovação era total. Recebia sempre a nota
máxima dos meus pequeninos.
Passou o tempo e as coisas começaram a ficar mais
complicadas.
Foram aparecendo os primeiros namoricos, festas noturnas,
aniversários, saídas para boates.
Era muito penoso segurar o sono até a uma ou duas da manhã,
para apanhar as crianças na saída de festas ou na casa de amigos.
Sem falar nas preocupações, quando voltavam com pais de
amigos e não chegavam na hora combinada. Momentos de muita ansiedade e
angústia, pois bem conhecemos os perigos da cidade grande.
Aos poucos, percebemos que não mais poderíamos abrigar
nossos filhos sob nossa sombra, os pirralhos iam crescendo e tentando voos
solos.
Essa é a pior fase, a que mais sofremos.
É estranho aceitar que os filhos vão se tornando homens e
mulheres, donos do próprio nariz e com vontade própria, não necessariamente
compatível com as nossas.
Querendo ou não, temos que respeitar o ciclo natural de
nossas vidas, problemas já enfrentados por nossos pais e que no futuro, serão
da mesma forma, transferidos para nossos filhos.
A paternidade é uma experiência ímpar, difícil, mas que vale
a pena ser vivida.
Avançado nos anos e com a prole adulta, sinto o coração aquecido,
com a certeza que procurei fazer o melhor.
Mas esse é um balanço intangível, cuja contabilidade somente
poderá ser afiançada pelo amor que transferimos e que recebemos de nossos
filhos.
Acredito que meu saldo seja positivo.
Depois de todos esses anos, sinto mesmo, uma imensa saudade
das nossas viagens, quando me esgoelava imitando monstros e bruxas e a plateia
aplaudia embevecida meu grande desempenho.
José Roberto- 10/08/09
Parabéns meu amigo Gimael, primeiro pelo dia dos pais e segundo por reavivar esse maravilhoso e abençoado texto. Um forte abraço!
ResponderExcluirPaizão maravilhoso! Lov u!
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