QUARENTENA- DIA 67-
SETENTA E CINCO
Quando penso que ontem completei 75 anos fico meio aéreo,
matutando, remoendo, questionando: Já? Pô, tanto tempo assim?
Embora o corpo meio desgastado não atenda prontamente os
comandos vindos do cérebro, me enxergo como se tivesse no máximo uns 50 anos.
Caio na real quando abaixo para colocar a meia e o tênis,
quando a bola passa a centímetros de minha mão e não consigo devolvê-la, quando
não chego naquela curtinha que em outros tempos seria uma barbada.
Os tempos do “super Zé”, como dizia Renato, velho amigo
ex-componente da turma, exilado atualmente em Salvador; já era.
Quando completei 60 anos( faz tempo) escrevi um texto(Reflexões de um Sessentão) comentando o
acontecimento e fazendo um breve histórico de minha vida.
Após tanto caminho percorrido, me considero um tipo de
dinossauro, pois todos os amigos mais próximos atuais, componentes da Turma do
Tênis, tem idade para serem meus filhos.
Talvez por isso me aturem, sejam tão delicados e atenciosos
com o “degas”, teimoso e metido a mandão.
Após nossa breve pelada de ontem, fazendo um rápido brinde
com o querido Miguelito que fez questão de não deixar passar o momento em
branco, ao me retirar para o seio família; a disputada partida foi interrompida
e todos cantaram “parabéns” para o velho. Impossível não ficar “tocado”.
Sábado agora, teremos uma comemoração melhorzinha, com
cervas especiais e tira-gostos, após nossos embates. Obviamente respeitando a
distância e sem abraços, dos quais sinto muita falta.
Em casa, graças a gentileza da caçula “preferida”,
degustamos uma torta saborosíssima e salgados, que são a minha preferência. Contudo,
a ausência dos netos e do casal, foi um vazio impossível de ser preenchido, amenizado
pelas conversas videofônicas que tivemos
durante todo o dia.
Fiquei comovido com o desenho feito pela minha querida Lelê,
uma caricatura representando o avô como uma “coxinha”, meu salgadinho
preferido. Essa pequena e danadinha.
Aos 75 anos já percorri um longo caminho, com êxitos,
fracassos, alegrias e tristezas, mas com um sado geral positivo, ao menos do
meu ponto de vista.
Ao lado de Regina, minha amada e querida companheira, vi
nossos filhos crescer, escolher seus próprios caminhos, inclusive nos
presenteando com maravilhosos netos, alegria imensa dos avós que batem a porta
da “quarta idade”.
Nessa longeva jornada, fui testemunha ocular do grande salto
para o futuro dado pela ciência. Assisti na casa de um vizinho, as primeiras
transmissões da TV Tupi que chegaram a Piracicaba; anos depois, vi assombrado
pela TV, o homem pousar na Lua.
Recebi com espanto o primeiro “fax”, sem conseguir entender
como a cópia de uma conta de energia elétrica poderia chegar a minhas mãos,
vinda de longe, de imediato, por um telefone especial.
Fui um espectador da grande revolução industrial, com
invenções e construção de artefatos que fugiam a minha compreensão, principalmente
com o advento da Internet e sua incrível evolução.
Sofri duras baixas nessa longa caminhada, perdendo parentes
e amigos queridos.
Em contrapartida, conquistei novas amizades, pessoas próximas
que alegram e valorizam o dia a dia, não esquecendo jamais dos velhos amigos do
coração, separados pela distância por circunstâncias diversas , mas sempre
presentes nos pensamentos e lembranças.
Aos 75 ficamos mais moles, mais emotivos, o velho coração
abranda o ódio, a raiva, realçando sentimentos mais nobres, principalmente o
amor aos entes queridos.
Cecília, minha querida cunhada, costuma dizer que nossa vida
se espelha numa “régua” e nós que já passamos dos setenta, estamos chegando ao
final da escala.
Rezo para que Deus com sua bondade infinita, de uma esticada
em minha “régua”, me propiciando mais uns 20 ou 30 anos de vida, em boas
condições físicas e mentais, ao lado de todos que me amam.
Como de costume, sou bem modesto em meus pedidos e preces,
mas Deus dá o desconto e é generoso.
Concluo com versos de Gonçalves Dias em Canção dos Tamoios: “Não
chores meu filho, não chores. A vida é luta renhida, viver é lutar. A vida é
combate que os fracos abate, os fortes e os bravos só podem exaltar”.
José Roberto- 21/05/20
Pai, vc não imagina como foi difícil não Poder te abraçar ontem, mas estamos bem e isso que importa! À guerra!
ResponderExcluirBEIJOS, QUERIDA FEILHA.
ExcluirDADDY
Grande Gimael, meus Parabéns, felicidade, saúde , muita paz e amor e muitos anos de vida. Que Deus esteja sempre ao seu lado iluminando o seu caminho. Comemore bastante a sua segunda festa de aniversário no fim de semana...
ResponderExcluirOBRIGADO VANDECO. UM GRANDE ABRAÇO.
ExcluirGIMA