QUARENTENA- DIA 57- ESCALPELADO
Apesar de tudo, foi um bom domingo de Dia das Mães.
A falta da turma Rosas/Seligman deixou um vazio, amenizado
com as vídeos conferências capitaneadas pela espertíssima Lelê.
Para compensar, caprichei no almoço preparando um camarão de
lamber os beiços.
As 7,00 h da manhã, já havia limpado e temperado os gigantes
camarões que ganhei de meus sobrinhos de Itanhaém, lamentando apenas que era o
ultimo pacote(espero que em minha próxima visita renovem meu finado estoque de crustáceos).
Essa quarentena ao menos esta servindo para duas coisas:
estou ficando um azougue na cozinha, esmerando nos tempero dos alimentos,
graças a variedade que adquiri na famosa Casas Pedro, especializada em
condimentos, especiarias, e muito mais.
Até o arroz que faço, modéstia a parte, pode ser
glutosamente consumido sem qualquer outro coadjuvante. Estou pensando em vender
minha formula secreta para o Japão(pra China não dá, porque gostam mesmo de
morcegos, baratas e formigas)
Sou daqueles que valoriza o que faz, pois devoro com imenso
prazer todos os pratos que laboriosamente produzo, ao contrário de muitos
cozinheiros, inclusive meu sobrinho Ricardo Yellow, muito melhor que eu, um
mestre, que se satisfaz vendo os outros apreciar suas obras de arte.
A outra consequência da quarentena, é que estou aumentando
sensivelmente o consumo de manguaça, pois só consigo cozinhar tomando uma boas
talagadas e como essa reclusão forçada está se alongando, fico preocupado com o
que o futuro me reserva(pau d’água?).
Como todo dia após o almoço, me instalo confortavelmente na “cadeira
do papai”, degustando um charuto e assistindo as séries preferidas.
Também como de costume, após alguns minutos estou ferrado no
sono, com o charuto apagado, mas na boca. Raramente deixo que ele caia no meu
peito e até que queimei poucas camisetas.
Como estava com o cabelo muito comprido, pois devia tê-lo
cortado antes dessa merda de quarentena, meu filho havia se prontificado a
cortá-lo, mas eu cismado com sua competência barbeirística, vinha protelando esse
duvidoso evento.
Todavia a “crina” foi crescendo, quase dando para fazer um
rabinho, e incomodando, principalmente nas partidas de tênis, caindo sobre os
olhos, atrapalhando minha performance que já não anda grande coisa.
Ao acordar, tinha a impressão de ter um “balaio” sobre a
cabeça, e para amenizar o problema, comecei a “baixar a crista” com doses
reforçadas de laquê(atualmente chamado de fixador), reduzindo sensivelmente os
estoques de Dona Regina, que já estava reclamando, pois eram cosméticos importados.
Ontem, talvez pelo excesso de manguaça, depois uma curta
soneca pós almoço, meu filho se propôs a cortar minha juba, e eu impensadamente
concordei.
Junior tem um aparelho de cortar cabelo meia boca, e fez uso
dele como vigor e satisfação, lamentando apenas que na frente, ao aparar o
topete, usou a tesoura não obtendo bom resultado.
Quando finalmente olhei no espelho, caí na risada, pois
estava praticamente escalpelado, restando muito pouco de minha velha e garbosa
juba.
Regina quando viu o estrago ficou chocada, afirmando que
jamais teria olhado aqui para o “degas”, se na ocasião de nossos amassos
tivesse um cabelo assim.
No final das contas até que gostei, pois estou mais leve, me
sentindo mais limpo sem aquele cabelão e alem do mais, vou ficar ao menos uns três
meses sem precisar de barbeiro, fazendo uma bela economia(70 paus cada corte).
Meu genro e minha neta, vendo a foto enviada por Regina,
afirmam ter gostado do novo visual do vovô. Não sei de gozação ou pra valer.
Realmente foi um dia das mães diferente.
Estou pensando em aderir definitivamente ao novo modelito,
pois não necessitarei mais de pente, escova ou laquê, acordando já nos
trinques.
Também estou pensando seriamente, em pós pandemia, abrir um “Salão”
para meu filho que demonstrou ser extramente habilidoso.
Alguem se habilita?
José Roberto- 11/05/20
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