CARAVELAS 2020- PARTE 1
Ricardo Yellow(sobrinho e chefe da expedição) me apanhou por
volta das 22,00 horas da quinta feira, 16/01/20, no primeiro posto BR da
Niteroi-Manilha.
Devido alguns desencontros, após abastecer o utilitário,
metemos o pé na estrada, pois Caravelas nos aguardava.
Meu sobrinho parece ter uma tara em arrastar reboques, pois
pela enésima vez rebocávamos uma nova lancha, fato que dificultaria o
revezamento na direção, pois alem da vista ruim não tenho a menor prática em
dirigir veículos enrabichados.
Minha cooperação durante a viagem limitou-se a falar o máximo
possível, coisa que faço sem qualquer dificuldade, tentando espantar o sono e o
cansaço de meu sobrinho, que até nosso encontro já havia dirigido por mais de
600 km, faltando ainda pouco mais de 1.000 até chegarmos a nosso almejado
destino.
Apesar de pequenos sustos, pois apesar do rabo, Ricardo
provou que está com a vista tinindo e continua dirigindo muito bem, apenas um
pouco ligeirinho para meu gosto.
Fomos os primeiros a chegar, por volta das 10,00 horas na
bela e confortável casa que meu sobrinho construiu tão longe de Itanhaém, mas
local de nossas agradáveis lembranças nos quase últimos 40 anos.
Nesse meu relato, quase deixei passar um detalhe importante
durante a ida. Planejávamos fazer apenas uma escala em Ibiraçu, a 70 km de
Vitória, para encher o bucho, reabastecer e se seguir rapidamente até
Caravelas.
O problema começou quando passamos por Campos, onde comecei
a sentir calafrios e pontadas na barriga, dando alguns sinais que o “bagrão
queria sair da toca”.
Comentei o fato com Ricardo e continuamos viagem até
Vitória, onde quase paramos, pois o nó na tripa ficava cada vez mais apertado.
Achei que aguentava.
Teimosamente resolvemos seguir até o local de nossa parada
programada(Ibiraçu), onde cheguei com o fiofó apertado, nas últimas, mal estacionando
e correndo para o cagatório.
Para minha desgraça o banheiro masculino estava sendo limpo,
sendo orientado para procurar o pequeno banheiro no interior do restaurante,
Rezando, notei que havia apenas dois locais para
necessidades fecais, ambos ocupados e um para cadeirante, livre, onde já com as
calças na mão recusei fazer meu “deposito” sobre um monte mal cheiroso,
equivalente a três ou quatro cagadas que já havia na privada, que provavelmente
estava com a descarga quebrada.
Sofrendo, esperei alguns segundos até uma das privadas
normais ser desocupada onde adentrei a carreiras, não tendo tempo de sentar no
vaso, pois a prega rainha sobrecarregada com as cabeçadas do bagrão não
resistiu, deixando escapar um grande jato
de merda que atingiu a tampa da bacia espalhando-se pela caixa de descarga e
com estilhaços em minha cueca, que apesar da reclamação de um certo cheiro
suspeito no carro, só constatei o desastre após trocar de roupa em Caravelas.
Tentei limpar e amenizar os danos no banheiro, sem bons
resultados, pois um sujeito que aguardava, vendo minha lida apenas comentou, “situação
brava”, desistindo de usar o local contaminado.
Fiquei pensando se não seria barrado na volta, pois faríamos
outra escala no mesmo local.
Dessa vez a turma era grande, chegando em seguida outros
sobrinhos, Marcelo e se seu filhotão Rodrigo, logos após Renato, seu filho
Lucas, um amigo levado, Gabriel e Carlinhos Peba, membro honorário de nossa
família.
Pouco depois chegaram Mario Moreno ex-campeão de mergulho de
El Salvador, seu mano Renê e o filhote cujo nome não recordo nesse momento que
escrevo, diretamente do Canadá(Montreal), alcunhado de “pentelhito” pelos
outros dois galalaus.
Os dois retardatários, Lucas e Gabriel genros de Ricardo,
chegaram algumas horas depois.
Fomos recebidos por Ditinho, o quebra galhos responsável pela
manutenção e vigilância da casa e por Mari, sua simpática e prestativa ajudante,
que nos aguardavam com despensa abastecida e geladeiras repletas de cervejas.
Fiquei espantado com a manguaceira dos primeiros dois dias,
quando consumimos diversas caixas de cervas alem de 3 litros de uísque. Turma
barra pesada, cachaceiros de primeira, inclusive Renê, que não mergulhou, mas
parceiro de todas as horas para degustar as geladíssimas cervejas.
Após essa faina inicial, houve uma pequena moderação, mas o
consumo etílico continuou altíssimo.
Talvez devido aos ventos desfavoráveis, a pescaria de rede
de espera(200 metros), de arrastão (400 metros), das tentativas com caniços, o
resultado foi próximo a zero. Apenas uma meia dúzia de infelizes e pequenas
pescadas brancas.
Os mergulhos também foram bem fora da curva, com poucos
peixes abatidos, salvos apenas com o bom desempenho de Renato, secundado por
Digão e Marcelo.
Os incansáveis Lucas trator e Mario Moreno tentaram,
tentaram, mas mataram o mínimo para não passar vergonha. Eu pelo contrário,
veterano matei apenas 4 míseros e pequenos budiões, que depuseram negativamente
em meu antigo e grandioso cartel.
Está mesmo na hora de requerer minha aposentadoria no
tocante a mergulhos, restringindo-me ao papel de orientador, palpiteiro e
devorador das maravilhosas moquecas preparadas a bordo.
Lucas, genro numero 2, demonstrou ser um verdadeiro pé de
boi, sempre pronto para as mais chatas e duras tarefas, me auxiliando na
lavagem dos pratos, caprichando nas batidas especiais e demonstrando um vigor
considerável, compatível com a idade. De quebra, lavou e pulverizou as duas
lanchas, o bugue e o pequeno carro. Foi um trator.
O genro numero 1, Gabriel mais comedido em relação a
esforços extras, mas um ótimo copo e companheiro, demonstrou seus dotes de
mestre cuca preparando o melhor churrasco que já comi em minha vida, apesar de
não ser um exímio apreciador de carnes, mas esse foi de lamber os beiços.
Quanto aos dois galalaus tarados, Lucas e Gabriel, em
especial o Gabriel, alcunhado de Zé Pinguelo, os endiabrados tinham o sádico prazer
de infernizar a vida do pequeno “Pentelhito”, pois a diferença de idade, 6 para
12/13 anos era um obstáculo para que o trio engrenasse, embora o pequeno insistisse
em brincar com os maiores levando sempre a pior, principalmente por não
falar e entender nossa língua.
Com a paciência de um velho tio, ensinei aos meninos
assanhados a não pensar apenas nas nativas gostosinhas as quais endereçavam
olhares compridos e maliciosos nas praias.
Ensinei aos meninos orações, rezas, acompanhados de vídeos ilustrativos,
orientadores e vocacionais, que recebo normalmente de meus amigos do watts app,
que deliciaram os olhinhos famintos dos galalaus.
Devem ter aprendido muito com as orientações e conselhos
religiosos do velho tio, retornando quase santos para o convívio familiar.
CONTINUA ...
José Roberto- 27/01/20
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