TENSÃO NA TURMA DO TÊNIS
Recem chegado de uma bela mas desgastante viajem, pois os
muitos anos castigam o velho e alquebrado corpo, desço no domingo, para bater
uma bola com meus amigos do tênis.
Esperando Paulinho Explicadinho para completar as duplas,
recebemos um zap de sua autoria, informando que não poderá comparecer a pugna
conforme havia ficado acertado, pois dormiu tarde e tomou algumas, contudo
suspeito que tenha sido uma “chave de braço” dada por sua mulher, que o mantem
com rédeas curtas.
Com o sol inclemente das 10,00 horas torrando a quadra,
optamos por jogar uma australiana, revezando dois contra um.
Presentes, eu, Juarez o ex-bichado e Marcelinho sete fôlegos,
também conhecido por formiga atômica e outros adjetivos similares.
De início, notei que minha vista esquerda estava totalmente
embaçada, o que fazia com que perdesse a noção de profundidade, batendo mal na
bola e errando em excesso, situação totalmente anormal, pois primo pela
regularidade, o que invariavelmente me leva a vitórias constantes.
Mesmo “zarolho” e errando em demasia, porem ainda fazendo
algumas jogadas espetaculares dignas de replay em câmara lenta e merecedoras do
“motorádio”, continuamos jogando até que, após duas ou três passadas magistrais
por Marcelinho, eis que numa jogada “traiçoeira”, quando estava “fechando” a
rede, o danado desfere uma violenta cacetada em direção a minhas partes baixas,
não me restando alternativa senão colocar o braço a frente, protegendo uma das
importantes partes do meu corpo que ainda funcionam a contento.
Foi uma senhora porrada, pois o danado e pequeno mas bate
muito forte na bola. Quase fui a nocaute.
Fui imediatamente socorrido pelo fisioterapeuta de plantão,
recebendo escusas de Marcelinho alegando que a porrada não foi intencional, f
Fiquei com sérias
duvidas sobre as reais intenções do adversário no ato da intempestiva agressão.
Tentei continuar jogando, mas sucumbi diante da extrema dor,
saindo da quadra amparado pelo amigo Juarez.
Em casa, deitado e com o braço devidamente apoiado por uma
tipoia, refleti sobre o incidente, resolvendo consultar a Convenção do Condomínio.
Constatei, que no
Parágrafo Primeiro, artigo 69, item IV, versículo 19, linha 27, está
perfeitamente grafado, que “QUALQUER AGRESSÃO AO SÍNDICO, AUTORIDADE MÁXIMA DO
PRÉDIO, INTENCIONAL OU NÃO, SERÁ PASSÍVEL DE MULTA. NOS CASOS NÃO INTENCIONAIS
A MULTA DEVIDA SERÁ DE USS 5.000,00(CINCO MIL DÓLARES), NOS CASOS INTENCIONAIS,
MESMO DUVIDOSOS, O VALOR DA MULTA SERÁ ACRESCIDO EM 100%. OS VALORES SERÃO
DEPOSITADOS DIRETAMENTE NA CONTA CORRENTE DO SÍNDICO”.
Calçado com a declaração assinada e com firma reconhecida do
parceiro Juarez, atestando a premeditação do “atentado”, já autorizei a
administradora a emitir o boleto de cobrança.
Estou pensando em consultar outro amigo, Peter, bicão do
prédio vizinho, sobre a possibilidade de entrar com uma ação na justiça, por
danos físicos, morais, e incapacidade temporária.
Acho bom meu amigo Marcelinho reservar um bocado de
verdinhas, para arrefecer seu espírito combativo e serenar os ânimos de ambas
as partes.
Estou até pensando em reservar a churrasqueira para festejar
com a turma o recebimento da bolada e o restabelecimento de relações normais
com o ex-agressor.
José Roberto- 31/01/19
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