TOLERÂNCIA ZERO- PARTE UM
Cheguei aquela idade quando não toleramos mais abusos,
incompetência e mau atendimento, principalmente de prestadoras de serviços que
deveriam se esmerar para cativar clientes.
Se não ficar satisfeito com a forma com que sou recepcionado,
reclamo alto e grosso, tanto em supermercados, bancos, aeroportos, até mesmo em
igrejas.
Para acalmar o velho nervoso e evitar baixarias, no geral
levo sempre a melhor.
Mesmo quando não dão a mínima para meus arroubos, fico
aliviado, pois falei umas verdades e desopilei o fígado.
Se alguém quiser me deixar puto de verdade, basta tentar
furar a fila na qual estou plantado, esperando impaciente minha vez. Pode ser
velho, velha, homem, mulher, que solto os cachorros e compro briga.
Essa intolerância cresce com o avanço da idade, pois já não
temos tempo nem saco para agüentar essas impertinências.
Segunda feira da semana passada, estive em Itanhaém, para
dar um checada nos dentes de minha dileta esposa e da minha primogênita teimosa.
No sábado anterior havia sido informado pela nossa
empregada, que a porta da garagem estava totalmente obstruída, devido a troca
do calçamento que está sendo executada a passos de tartaruga, pois a obra
caminha num ritmo tão lento, dando a impressão que a empreiteira firmou
contrato com a prefeitura recebendo por dia. Quanto mais demorar, mais fatura.
Pedi que avisasse o pessoal da obra, que chegaríamos na
segunda pela hora do almoço.
Eis que depois de quase sete horas de viagem aportamos em
nossa casa, topando com a entrada da garagem impedida por quatro grandes pilhas
de tijolos.
Cansado e puto, esbravejei solicitando a retirada imediata
das pilhas, sendo informado que a máquina que removia os palets não estava no
local, e portanto, a operação seria demorada.
Espumando, comecei a arremessar os tijolos no chão,
quebrando vários e fazendo um carnaval, até que um encarregado pediu para que
me acalmasse, destacando seis operários para desfazer duas pilhas, permitindo
que entrasse na garagem, pois minha filha é cadeirante e precisa andar em
terreno firme.
Depois de uns 20 minutos de espera, finalmente as pilhas
foram desmontadas, e com dificuldades consegui o acesso.
Tiveram ainda a petulância de perguntar se sairia novamente.
Por volta das 15,30 horas, quando fomos ao consultório
dentário, Alexandre veio ao nosso encontro sorrindo, dizendo que em cidade
pequena é assim, qualquer acontecimento anormal, logo se espalha, pois estavam
comentando “que esse tio do Ricardo é maluco, jogando tijolos e esbravejando no
meio da rua”.
Depois da consulta, retornando, constatei que o pessoal da
obra colocava cones na rua intransitável, os quais atropelei com prazer,
arrastando-os por diversos metros.
No dia seguinte, tentando sair de casa, topei com dois carros
estacionados no meio da rua impedindo minha passagem.
Buzinei durante um bom tempo até aparecer um motorista que
tirou um dos veículos, mas mesmo assim, devido a precariedade da rua, não
conseguia passar.
Achei que o dono do outro carro deveria estar no Cartório,
que fica num dos lados da rua.
Ao entrar no Cartório, um segurança me interpelou dizendo
que eu não poderia gritar no recinto e que ele se encarregaria de descobrir o
dono do veículo entre as dezenas de pessoas que lotavam o ambiente.
Não lhe dei a mínima confiança, gritando da porta para saber
quem era o proprietário do “Air Cross Vermelho”, que estava obstruindo a rua.
Percebi alguns olhares espantados, mas meus berros surtiram
efeito.
Na mesma hora um sujeito saiu de fininho e retirou o carro
para que eu pudesse passar.
Na volta, tive o prazer de passar por cima dos cones
plásticos, caprichando para amassá-los o máximo possível.
Esse ritual se repetiu todos os dias, até quinta de
madrugada, quando retornei ao Rio,
penando para entrar e sair da garagem, amassando com gosto os cones e
derrubando placas colocadas no meio da rua.
Escutei diversas vezes comentários de um dos encarregados da
obra, dizendo na surdina, que eu era um
“grosso”.
Incrível a morosidade da obra, que para trocar a
pavimentação de um quarteirão, já dura mais de dois meses, infernizando a vida
dos que moram e trabalham no local.
Empreiteira meia boca, que não tem competência, organização,
planejamento e controle, do trabalho que se propõe a executar.
O povo de Itanhaém é realmente muito cordato, talvez por não
sofrer o stress de cidade grande.
“Itanhaém, o que é que você tem, que vem uma vez vem sempre,
fica triste se não vem”.
José Roberto- 25/05/16
Em São Paulo, a SABESP tem feito obras para todos os lados, para adequar a sua rede aos novos parâmetros de economia de água. No meu bairro fecham ruas, abrem buracos para todos lados ocasionando transtornos imensos. Obras aparecem da noite pro dia sem nenhum aviso. É assim que são tratados os "clientes" e o moradores, tal e qual em Itanhaém. Quase todos dias encontramos homens e mulheres esbravejando como você e não muda nada. E a vida segue... Este é o retrato do desrespeito ao cidadão brasileiro.
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