PREGUIÇA
Um dos sete pecados capitais que todos carregamos, com maior
ou menor intensidade, variando obviamente com a idade.
O conceito de preguiça é relativo e ao mesmo tempo amplo,
podendo ser confundida com calma, lerdeza, disciplina metodológica, pois cada
um tem seu ritmo próprio de fazer a coisas.
Pelo que recordo dos meus tempos de infância e juventude, fui bastante ativo e até mesmo irriquieto, sempre disposto a aprontar alguma “arte”, como se dizia antigamente.
Minha mãe sempre me considerou o filho mais levado, acredito
que com toda razão, mas preguiça mesmo, tinha ao cumprir a duas horas diárias
de estudo após as aulas. Essa obrigação era um tormento!
Procurava mil maneiras de tungar a atenção de minha mãe, que
vigilante, não permitia minhas escapadas antes do cumprimento dessa dolorosa
obrigação diária.
Como toda criança espevitada, tentava sempre arranjar uma
desculpa para postergar ou transferir aos irmãos, as solicitações paternas,
como ir comprar pão, ir ao armazém(naquela época não existiam supermercados), e
outras similares.
Não que fosse preguiça, mas sempre era bom empurrar essas
obrigações para os manos.
Fui um bom e competitivo esportista. Joguei futebol, futebol
de salão, ping-pongue, bocha, pesquei e nadei muito no Rio Piracicaba e depois
dos trinta, me dediquei ao tênis e me apaixonei pelo mergulho e caça submarina.
Acredito que tenha passado muitos anos incorrendo apenas
levemente nesse pecado capital, pois sempre tive boa disposição para o trabalho
e demais atividades do dia a dia.
A poucas ocasiões em que a preguiça se manifestava, era
quando solicitado a fazer algum trabalho manual, pois nunca tive qualquer
habilidade para realizar esses afazeres.
No meu caso, comecei
a sentir uma diminuição de ritmo a partir dos quarenta e cinco anos.
Com exceção do tênis e dos mergulhos, as demais atividades
foram bastante reduzidas.
As corridas até o Clube Caiçaras e as voltas pela Lagoa
foram praticamente extintas.
Minhas eternas resoluções de reiniciar essas atividades na
próxima segunda-feira, sempre foram postergadas.
Ficava antecipadamente cansado só de pensar na “chateza”
desse exercício, principalmente sozinho, sem companhia para ir batendo papo.
Não sei se é preguiça ou acomodação, mas foi nesse período,
beirando os cinqüenta que senti uma mudança, uma transição para um período de
maior calmaria.
Atualmente, apesar de ainda adorar, os mergulhos vão se
tornando mais esporádicos, pois aqui no Rio tenho falta de parceiros, alguns
dos quais já mergulham em águas celestiais.
Continuo jogando tênis, mesmo com os joelhos reclamando e de
também faltar parceiros, apesar de ter a vantagem de existir uma quadra no
nosso prédio.
O turma do tênis, que até uns dez anos atrás era grande,
ficou bastante reduzida, por motivo de mudanças e também algumas baixas
intempestivas de grandes companheiros.
Vou me ajustando aos tempos e a situação.
Quando meu mais novo rival, Edmar, me liga, convocando-me
para um embate, as vezes fico na dúvida, procurando uma desculpa, pois o
convite veio de supetão, me pegando esborrachado vendo TV.
Será preguiça ou inércia exagerada pela coçassão de saco?
Tenho urgentemente que reiniciar minhas sessões de Pilates,
para desempenar o corpo castigado, ganhar um pouco de motivação, esquivando
dessa perigosa preguiça, que ameaça tomar conta do velho Zé.
Rio de Janeiro, 08/04/15
Idem ibidem
ResponderExcluir