O PRIMEIRO ANO DE NOSSAS VIDAS
Num inesquecível trinta e um de julho, há exatamente um ano
atrás, nossas vidas ganharam um novo alento.
Não sei precisar corretamente as horas. Meu coração estima
que tenha sido por volta das 20,00, quando afoitos, fomos apresentados a
pequenina Letícia, que de olhos bem abertos se esforçava para enxergar o novo
mundo.
Nos braços do pai orgulhoso que não conseguia conter os
sorrisos, por trás do vidro do berçário, Lelê nos encarou seriamente pela
primeira vez.
Dizem que os bebes não enxergam claramente, tendo a visão
toldada por uma espécie de nevoa que vai sumindo aos poucos, com o passar das
semanas, meses.
Ledo engano, pois emocionados, eu e Regina sentimos de
imediato nossos corações sendo tocados pelo aquele olharzinho compenetrado,
aquele coisinha maravilhosa que devia estar pensando: “então são esses os meus
avós maternos?”
-São esses dois babões, os caras que aguardavam ansiosamente
por minha chegada?
-Pelos murmúrios que ouvi, pelas palavras que pude
distinguir enquanto flutuava calmamente nas águas tépidas do ventre materno,
pelo jeito, vou me dar bem nesse admirável e desconhecido mundo novo.
Momentos depois, após o pai emocionado devolver a pequenina
ao regaço materno, enquanto se preparava para o primeiro sono num ambiente
claro e tão diferente, curiosa e um tanto apreensiva, pudemos sentir aquele
derradeiro olhar nos cantos de seus olhinhos, nos dizendo num código secreto,
somente captado pelos nossos corações: “conto com vocês”.
A chegada triunfal de Letícia foi realmente um marco, um
divisor de águas, a injeção de ânimo e alegria de que tanto precisávamos.
Com o passar dos meses fomos descobrindo e registrando a
surpreendente evolução de nossa neta.
Que coisinha inteligente, fazendo coisas espantosas para sua
tenra idade!
Independente de cair na mesmice de todos os pais e avós
“corujas”, que pensam, falam e agem exatamente dessa mesma forma, desde sempre,
consideramos Lelê a maioral.
Fotografada de todos os lados e todos os ângulos,
imortalizamos seus sorrisos, suas expressões contrariadas, a rejeição aos
primeiros sucos e sopinhas, a alegria quase diária de nossos encontros, o olhar
terno e incomparável, ao se aconchegar nos braços da mãe.
Os meses contados nos dedos voaram.
De repente as roupinhas foram ficando pequenas e apertadas,
substituídas com certo espanto, mas os pais precavidos, foram pródigos no
abastecimento das gavetas e armários.
Desde muito cedo Lelê soltou a voz, com gritinhos e ruídos
deixando extravazar suas sensações momentâneas. Promete ser uma tagarela.
Já balbucia quase uma dúzia de palavras inteligíveis,
obviamente, “mama” uma das mais utilizadas.
Percebe nossa chegada instintivamente, sempre nos
surpreendendo com aquele olhar brejeiro de alegria.
Simula para a vovó, uma certa timidez, até se jogar sorrindo
em seus braços.
Do avô barulhento, reconhece antecipadamente os assovios e
trinados, aguardando ansiosa a chegada do velho babão.
Esperta, engatinhou muito pouco, preferindo andar
corretamente aos nove meses, sentindo que assim poderia explorar seus limites
caseiros com mais facilidade.
A tecnologia tem sido nossa grande aliada, pois através de
um simples telefone, gravamos e trocamos cenas das reações e comportamentos
extrovertidos de nossa netinha, que arquivados, não cansamos de reprisar para
amenizar as saudades nas curtas ausências.
Daqui a pouco, logo após meu Blog anunciar as boas novas
pela Internet e pelo mundo, Lelê encontrará suas amiguinhas no Parque da Lagoa,
para brindar essa data tão importante.
Solidário, o dia amanheceu em festa, com um sol radiante
numa manhã esplendorosa.
Novas comemorações com a família estão programadas para o
sábado.
Hoje é um dia triunfal, o dia da nossa neta.
Data memorável gravada com amor em nossos corações, saudando
o primeiro e inesquecível ano de nossas vidas.
Essa pequenina nos trouxe um novo alento e muita paz.
Os avós corujas, querem ter a primazia de desejar a netinha
mais esperta, mais bela, mais carinhosa, mais esfuziante, a mais, mais,
mais..., toda a felicidade do mundo.
Tenho certeza, que nesse exato momento, encerrando o texto,
Lelê já captou a mensagem em seu
pequenino coração, retribuindo de longe, com aquele sorriso maravilhoso, as
bajulices do velho e querido avô.
José Roberto- 31/097/14