NATAL PÓS FIM DO MUNDO
O mundo não acabou, o Natal vem chegando e como de costume,
mesmo que muitos considerem uma data festiva manjada, com forte apelo
comercial, para mim é uma ocasião importante, trazendo muitas recordações, alegrias
e também tristezas.
Apesar de ser um rematado velho boca suja e pornográfico,
mantenho um canto do meu coração intocado, onde guardo com cuidado e ternura,
as boas lembranças dessa minha vida que transcorreu tão rápida, a reboque do
modernismo e do desenvolvimento tecnológico.
Eu e meus amigos somos de uma geração que conviveu com as
grandes transformações, partilhando assombrado a emoção da chegada do homem a
lua, do primeiro fax recebido e dessa Internet que a cada momento nos
surpreende ainda mais.
Apesar de tudo, o velho coração pulsante deixa fluir nessa
ocasião especial, um pouco daquilo de bom que existe em cada um de nós,
aumentando o sentimento de solidariedade, atenuando nossas angustias, mágoas e
rancores.
O Natal é uma época de congraçamento, reconciliação, de estreitamento
dos laços familiares.
A cada ano, essa data festiva nos toca de um modo diferente.
Ainda ontem éramos um grupo grande, com pais, avós, filhos e
netos, reunidos na grande sala, aos pés da árvore com suas luzes cintilantes,
aguardando a chega do bom velhinho com sua sacola de presentes.
Nos alternávamos na tarefa de assumir esse alegre
personagem, fantasiados no capricho, aumentando a crença e a expectativa da
criançada.
Impossível não se deleitar e comover com a expressão
daqueles rostinhos, dos nossos filhos, boquiabertos, recebendo o tão esperado
visitante, sempre a meia luz, mantendo a aura de mistério e incerteza.
Nos maiores, uma pergunta martelava insistente em suas
cabecinhas virgens: Será que Papai Noel existe mesmo?
Esse encanto foi maravilhoso enquanto durou, dissipando-se aos
poucos com o passar dos anos, mas deixando lembranças maravilhosas, momentos
inesquecíveis, que trazem lagrimas aos nossos velhos e ressequidos olhos.
Hoje já não somos tantos.
Os avós de nossos filhos, nossos pais, já não mais
compartilham fisicamente desse agradável encontro.
Mudaram-se para o céu, de onde saudosos nos acompanham,
participando espiritualmente desses eventos, pois são parte inseparáveis
daquilo que somos.
Em cada um de nós, enxergamos um pedacinho daqueles que já se
foram. Um gesto, o jeito de andar, a cor
dos olhos, os cabelos, a voz e até mesmo as inevitáveis rugas.
Dia vinte e quatro, a meia noite, minha mãe Hercília,
sentada em seu lugar especial ao lado de Tonico, afagando os cabelos do mano Bento,
como nos velhos tempos, estará lendo um belo conto de Natal com sua voz firme e
serena, acompanhando com “um rabo de olho”, nossa comemoração terrena, na casa
de sua neta carioca, minha querida filha Fernanda.
A todos, amigos próximos e distantes, tocado por esse puro
sentimento que aflora da parte rosada e intocada do meu coração, desejo um
ótimo Natal,
Que sejam muito felizes junto dos que amam!
José Roberto- 21/12/12
Zé
ResponderExcluirComo em todos os natais, você nons brinda com essa crônica maravilhosa e comovente, demonstrando sua grande sensibilidade, apesar de querer posar sempre de durão.
Você tem uma alma de poeta, não adianta querer disfarçar.
Fiquei muito sensibilizado, recordando os insequecíveis natais que passei com minha família.
Parabens e um ótimo natal.
Parabens pelo ótimo e oportuno texto.
ResponderExcluirNatal é uma época de confraternização, de reencontro com familiares queridos, com os amigos e com todos que nos são caros.
Fiquei feliz e tocada com sua crônica.
Parabens e um feliz natal.
Crônica boa é aquela que sai do coração, livremente, como esta. Um bom Natal de muita paz e de amor, para você, família e todos os seus amigos e leitores. Que neste Natal nossos presentes sejam para alma e cheio de luz divina.
ResponderExcluir"FELIZ NATAL DE LUZ"
Nessas datas ditas "manjadas" você nos surpreende, a cada ano, sempre encontrando uma nova forma de extravazar seus sentimentos.
ResponderExcluirNesse Natal, mais uma cronica singela e memorável para meu coração e meus arquivos.
Feliz Natal a todos.