O RIO DE
JANEIRO NÃO É PARA INICIANTES
Mudei para o
Rio de Janeiro em agosto de 1978, época em que a cidade era realmente
maravilhosa.
Não que seja
um velho saudosista(porque realmente sou), mas nos anos setenta e oitenta a
cidade era tranquila, podíamos sair a noite sem o pavor de assaltos; frequentávamos
outros bairros além da zona sul, como a
Vila Isabel, a procura de barzinhos com música ao vivo, onde ouvíamos cantores em
inicio de carreira, cantando o bom samba brasileiro.
Em março de
1983, com a eleição do caudilho Leonel Brizola, o Rio de Janeiro começa a sofrer
uma perceptível mudança para pior, pois o governador populista, visando
fortalecer suas bases para se manter no poder e até mesmo tentar voos mais
altos, proibiu a Polícia Militar e Civil de atuar nas favelas, lançando a
semente para tomada dos territórios pelos senhores do tráfico, que embora já
atuassem, eram impedidos de impor suas leis, pela Polícia, que era muito melhor
que a atual.
Essa
malfadada decisão de Brizola, deu início ao período de insegurança que foi se
enraizando na cidade e periferias, chegando aos absurdos dos dias atuais, onde transitar
em algumas regiões, mesmo as centrais, requer muita ousadia. A noite, nem
pensar. Os incautos pagam caro por sua temeridade.
Depois dos 4
anos do trágico governo Brizola, com o tráfico já dominando as favelas, foi
eleito Moreira Franco, que com uma gestão lastimável, quase faliu o estado,
nada fazendo para frear ímpeto dos criminosos que já dominavam as “comunidades”.
Como
desgraça pouca é bobagem, Brizola foi eleito novamente em 1991, fodendo de vez
com o Rio de Janeiro e cidades satélites, com sua politica de não enfrentamento
com bandidos e traficantes.
Percebendo o
crescimento do poder e riqueza dos traficantes, grupos de ex-policiais e ex-bombeiros,
afastados por questões disciplinares e
corrupção e até membros graduados da ativa, se juntaram, formando as temíveis Milícias,
tomando para si a prestação de serviços nas favelas, como “gatos” de energia elétrica,
distribuição de botijões de gás, internet e TV a cabo,etc.
Mesmo
atuando em áreas diferentes, Tráfico e Milícias vivem constantemente em pé de
guerra, além das disputas constantes por territórios entre grupos rivais,
levando as favelas a um clima de insegurança total, violência que se estendeu
pela cidade, onde o direito de ir é vir é tolhido pelo medo.
Até na zona
sul, onde teoricamente o policiamento e bem maior, os assaltos acontecem a todo
momento e em todos os bairros, Leblon, Ipanema, Lagoa e Copacabana onde o índice
é maior, talvez devido aos turistas, atraídos
pelo brilho do antigo bairro, hoje um tanto decadente.
Como um legítimo
caipira desconfiado, obviamente protegido pelo meu poderoso Anjo da guarda e
pelo Agnus Dei do qual nunca me separo, devo ser a única pessoa do nosso prédio
que jamais foi assaltada, apesar de duas tentativas de trombadões, que tentarem
levar minha corrente de ouro(substituída atualmente por uma de barbante), sem
sucesso, em frente a portaria do edifício,
guardada por um segurança armado.
Morando
defronte ao Parque da Lagoa, bem iluminado e com vários quiosques servindo
tipos diferentes de comidas, a menos de 100 metros de casa, ensaio, mas não
ouso visitá-los a noite. Prefiro muito mais a segurança do Shopping Leblon,
embora um pouquinho mais distante, onde vamos de carro.
Lamentavelmente,
neste início de semana, um morador do prédio foi ao Parque da Lagoa, ao entardecer,
para tirar algumas fotos, pois a vista e muito bonita. Um desses marmanjos
trombadões tentou roubar seu celular. Ele reagiu e levou um golpe no braço, de um instrumento cortante, que deve mesmo ter
sido uma navalha, meio fora de moda, mas causando muito estrago, pois levou
quarenta pontos.
Esse é um
dos muitos casos de tentativas de assaltos que ocorrem numa região nobre,
envolvendo pessoas residentes e cientes dos riscos que correm, pois mesmo a
qualquer hora do dia, temos que ligar nosso “sexto sentido”, olhar de banda, e
ficar atento ao transeunte que vai passar ao nosso lado.
O Rio de
Janeiro, como dizem, não é para iniciantes ou amadores, pois até os velhos residentes
precisam ficar “com as barbas de molho”.
José
Roberto- 01/03/23
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