(da esquerda para a direita: Marcelinho, Eu, Miguelito, Peter, Juarez, alessandro, Paulo e Zé Carlos)
QUARENTENA- DIA 267- TIRANDO O SABIÁ DO ESPETO
Já tinha esquematizado tudo, nos mínimos detalhes.
Churrasco da turma na quarta-feira, ficando o velho
encarregado de comprar as carnes e bebidas.
Sou eu que programo, organizo, faço as compras, ficando ainda
com o encargo de pilotar a churrasqueira.
O difícil é cobrar o rateio do pessoal, com raras exceções.
Não vou citar nomes para não melindrar os amigos, mas em relação a grana são
mãos de vaca.
Sabendo de antemão dessas dificuldades na cobrança, faço um
pequeno acréscimo de 3 a 5%, todavia, como estou precisando comprar um tênis novo,
conforme acima mencionado, pretendia com esse churrasco, descolar o pisante,
sendo um pouco mais generoso no ágio.
Já tinha engatilhado até uma nota fajuta superfaturada de
um Mercadinho de subúrbio, coisa pouca, apenas uns 50%, mas...
Ze Carlos que andava sumido, sugeriu contratar um churrasqueiro,
seu conhecido, visando me poupar(hummm). Advogado esperto, deve ter notado meu
afobamento, resolvendo me enquadrar na maciota.
Fiquei meio puto, fingindo todavia agradecimento a
iniciativa do nobre colega, pois com a compra apenas das bebidas, não dava para
descolar o tênis. Quando muito, as meias.
Estou revisando os cálculos, mas não vai dar para aumentar
muito o preço das cervas, considerando que os muquiranas do grupo tem boa noção
do preço real das dita cujas.
O danado do Zé Carlos tirou “o sabia do meu espeto”. O
churrasco perdeu a graça.
Pensei até em dar uma mancada, mas ficaria muito feio e
poderia levantar suspeitas, eliminando possibilidades futuras.
Vamos aos eventos churrasqueiros:
Desci por volta das 19,00 horas junto com Alessandro, vizinho de porta e fomos os
primeiros a chegar. O churrasqueiro já mandava brasa e logo preparou uns
tiragostos para iniciarmos os trabalhos.
Alessandro, bom bebedor de cervas, alegando estar de dieta,
trouxe uma garrafa de vinho, afirmando ser de boa procedência.
Logo após Marcelinho apareceu e demos partida aos comes e
bebes, eu na cerveja e Alessandro e Marcelinho no tal vinho de boa qualidade.
Em seguida Paulo pintou na área, quase simultaneamente com
meu algoz, Zé Carlos, que também só toma vinho.
Esses caras que tomam vinho tendem a ser metidos, elogiando
determinados rótulos, principalmente os que trouxeram. Alessandro dizendo que o
dele, argentino de safra especial, custava por baixo 250 pratas a garrafa. Zé
Carlos, também meio sem graça, afirmou que o dele custava perto de um salário.
Paulo como sempre, de mãos abanando, apenas elogiou a qualidade dos vinhos.
Marcelinho, dos quatro o menor em tamanho e em pose, também deu uma bicada,
para depois dedicar-se as cervas.
Miguelito e Peter chegaram um pouco atrasados. Peter
rematado pão duro, de mãos abanando, como sempre. Miguelito, pródigo, com uma
sacola térmica cheia de bebidas, de vários tipos.
Depois de mandar para o buxo algumas cervas, meu ânimo
melhorou um pouco, participando mais das conversas e das mentiras contadas.
Quando escutei os metidos discutindo preços de vinhos e
tentando encomendar varias caixas, as nove da noite, percebi logo a jogada,
mentira da grossa para me impressionar.
Quase esqueci de mencionar, que Juarez, coração turbinado
com um cano plástico de três polegadas, comemorando 2 meses de cirurgia, botou
para quebrar. Comeu e bebeu vinho feito um esganado, talvez tentando recuperar
os 60 dias de quase inanição.
Não entendi a postura esquisita de Peter(ou entendi), que ficou
o tempo todo puxando sua tradicional calça apertadinha(a la Dória), insistindo
em nos mostras as canelas raspadas. Parece que costuma raspar todos os pelos do
corpo, para melhorar a performance na caríssima bike, assando o fiofó.
Miguelito como sempre, é um assombro. Pequeno mas com um
imenso sorvedouro em sua magra barriga. Toma todas e não se abala. Vai do vinho
a cerva, da cerva ao vinho e a tudo mais que contenha álcool, sem enrolar a língua
ou pisar em falso.
Dizem, que somente passou vergonha aos ser fragorosamente
derrotado por um sueco que morou no prédio, Bjorn, que segundo funcionários do condomínio,
teve que carregar o magrelo até seu apartamento.
Não sei como nossa festa terminou, pois as 22,30 horas, por
determinação familiar tive que abandonar o recinto, preocupado coma as
artimanhas que seriam necessárias para cobrar o rateio da cambada de
muquiranas.
David, com medo das despesas, enviou um recado em cima da
hora, dizendo que estava em viagem de negócios, sendo pego em flagrante mentira,
tentando de sua varanda espiar a turma na churrasqueira.
Dormi mal, acordando quase sem condições em descrever os
tristes eventos, que me impediram de adquirir o almejado par de tênis.
Me aguardem. Fica para o próximo.
José Roberto- 10/12/20