BODAS DE OURO
Depois de uma noite mal dormida, com nossa netinha Lelê
insone e irrequieta, com muitas saudades da mamãe que chega hoje da maternidade
com o irmãozinho Otávio, aguardo para o café da manhã minha querida Rê, costume
enraizado que completa hoje cinquenta anos.
Como passaram rápido esses anos todos.
Desde sua chegada a velha Igreja Matriz de Itanhaém num
início de noite chuvoso, flagrada na foto acima por um primo de Curitiba,
começou um longa e profícua história de amor, entrega, dedicação, alegrias e
obviamente algumas tristezas, felizmente poucas, computadas no balanço geral de
nossas vidas.
Impossível não lembrar da primeira vez que a vi, em Rio
Claro, em pleno inverno, uma morena deslumbrante procurando um tal de Dr.
Gimael.
Reencontrá-la após minha transferência para Itanhém não foi
apenas obra do destino. Prefiro acreditar que tenha sido um dos misteriosos desígnios
de Deus, para juntar duas metades até então separadas pela distância.
Em pouquíssimo tempo, a caiçara queimada, bela e charmosa
desbancou eventuais concorrentes, instalando-se como uma aguerrida posseira em meu
coração.
Tomados por uma paixão avassaladora em pouco mais de um ano estávamos
casados, acabando com a “prosa” do caipira, que comentava com os amigos que só
se amarraria após os trinta.
Com vinte e quatro anos encarava um novo estilo de vida, com
sérios compromissos e obrigações, numa guinada estranha de início, mas que aos
poucos tornou-se aquela rotina agradável e maravilhosa, de ter sempre alguém amado
a sua espera.
Juntos enfrentamos por quase um ano o frio de Campos do
Jordão, cidade que na época não tinha o charme atual, sendo mais conhecida por
seu clima e pelos Sanatórios que curavam os pulmões atrofiados.
Quatro anos em Atibaia, onde fizemos bons amigos,
desfrutando da boa vida de recem casados sem filhos, até a chegada de nossa primogênita
tão aguardada, Maria Silvia, nossa “rosa azul” tão amada, já cantada em prosa e
verso.
Outros quatro anos em São Paulo, acostumando a usar terno e
gravata e se adaptando a correria e impessoalidade de uma grande metrópole, mas
contando com a solidariedade de outros amigos que também vieram de Atibaia.
Junior, nosso paulistano chegou também em setembro, assim
como a irmã. Um molecão enchendo a casa de fraldas e de uma nova e gostosa
agitação.
Já tínhamos nossa dupla e satisfeitos, imaginávamos ter “fechado
a fábrica”.
Todavia surgiu um convite inesperado e viemos para o Rio de
Janeiro, cidade maravilhosa que tinha povoados nossos sonhos e que parecia tão
distante.
Outra adaptação num local novo, sem parentes, sem conhecidos, mas recebidos com muito carinho
pelos novos companheiros da Eletrobras. A integração foi rápida.
Desfrutando de um clima muito mais agradável que o de São
Paulo e morando perto da praia, curtíamos as delicias de um Rio tranquilo e
acolhedor, tão diferente de hoje.
Nessa calmaria eis que inesperadamente surgiu Maria
Fernanda, a filha esperta que driblou a mãe, mas que fechou com chave de ouro o
circulo inquebrantável de nossa família.
O tempo passou, nossos filhos tornaram-se adultos, formados,
e justamente a filha não programada, premiou os pais, escolhendo a dedo um
ótimo companheiro(Bruno), e nos brindando com um presente especial, a adorável,
esperta, e maravilhosa Lelê.
Coincidentemente ou não, Fernanda nos brinda com um novo
presente as vésperas de comemorarmos nossas Bodas de Ouro, trazendo ao mundo o
pequenino e muito bonitinho Otávio, deixando os avós babões extasiados.
A esta hora, no momento em que escrevo neste dia tão
especial, Otávio está se preparando para deixar a maternidade em se instalar
provisoriamente em nossa casa, pois a sua, encontra-se em obras para melhor
recebê-lo.
Rememorar cinquenta anos em poucas paginas, da frutuosa vida
com Regina, minha rainha na verdadeira acepção da palavra, é tentar esvaziar o
mar a conta-gotas, tanto há para se contar, para rir e também um pouco para
chorar.
Bons e inesquecíveis anos e se Deus quiser, ainda muito
caminho a percorrer.
Fazendo minhas as palavras poéticas de Gonzaguinha, repito
de coração:
“Começaria tudo outra
vez, se preciso fosse, meu amor...”
José Roberto- 04/09/19
Nota- Alem do maravilhoso presente que foi Otávio, Bruno e
Fernanda nos agraciaram com uma viagem a Nova Iorque, tudo pago, no final de
outubro. Espero que os outros filhos, complementem o presente com os dólares a
serem gastos na viagem.(Beto pidão, eheheheheh).
PARABÉNS AO CASAL QUERIDO E ESTIMADO . QUE DEUS LHES PROTEJAM ATE O FINAL DE SUAS VIDAS.É O DESEJO DE CORAÇÃO DO SEU AMIGO AMAURY.
ResponderExcluirObrigado velho amigo.Abçs
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