NOVO ATENTADO NA QUADRA DO RHAPSODY
Convalescendo de uma tentativa que quase levou-me a óbito,
após receber bolada fortíssima e traiçoeira, a queima roupa, de Marcelino
Formiga Atômica, dói só de relembrar.
Bolada proposital tão forte, que embora visasse a parte mais
importante do meu velho corpo, num reflexo magnífico consegui amortecer o
petardo com o braço.
Impacto tão forte, que refletindo em meus poderosos músculos
e nervos, atingiu o nervo ótico do olho esquerdo, causando sério dano na
retina, totalmente descolada e estropiada.
Depois desse gravíssimo evento, Marcelo, arrependido, tem
sido parceiro constante após meu regresso as quadras, mesmo eu enxergando mal,
errando as bolas e perdendo praticamente todas as partidas.
Pacientemente, meu ex-agressor tenta me consolar, pedindo
para dar tempo ao tempo.
Sequer uma sombra do velho Zé, que antes do atentado,
faturava inapelavelmente com uma perna amarrada, os perebas do prédio.
Nesses anos todos, o fato de ser um carrasco dentro da
quadra, deve ter mexido com o orgulho de quase todos da turma, que
secretamente, urdem planos de vingança sinistra, aguardando apenas o
oportunidade certa.
Eu, caipira desconfiado, sentia algo de estranho no ar, com
olhares enviesados dos oponentes, cochichos rasteiros, principalmente agora após
meu retorno a quadra, debilitado e enxergando pouco.
No sábado, jogando contra Paulinho explicadinho e Juarez
engomadinho, senti que Paulinho, justamente por ser professor de tênis estava nervoso, quando deveria portar-se com fair play, todavia mesmo levando a melhor na final,
jogou a bola diversas vezes contra a numerosa torcida, sendo admoestado
severamente pelos juízes da partida.
No domingo, novo confronto, as mesmas duplas, pois como já
disse, o arrependido Marcelinho virou meu anjo da guarda.
Mesmo perdendo feio, embora oferecendo alguma resistência,
com Marcelino correndo e jogando por dois, jogava desconcentrado, preocupado,
com olhares sinistros e risos sardônicos de Paulinho, que insistia em centrar o
jogo em cima do velho zarolho.
Jogava com um pé atrás, torcendo para Marcelinho errar e
perdermos logo a partida, pois meu sexto-sentido e o Anjo da Guarda, emitiam
sinais de alerta em minha mente.
Eis que quaase no final da pugna, estando eu colado a rede,
a bola sobrando lenta no T, Paulinho desfere uma violentíssima cacetada,
provavelmente mirando meu olho bom, o direito, mas a Providência Divina desviou
o petardo, que atingiu em cheio a “boca” do meu estômago.
Ao ser atingido pelo bólido, caí, perdendo imediatamente os
sentidos, sendo prontamente socorrido por Marcelinho(o arrependido), que
tentava me reanimar.
Não sei exatamente quanto tempo fiquei desfalecido, somente
recuperando os sentidos após sentir o forte cheiro de loção de barba e de "Tobacco
Vanille", perfume de Tom Ford que custa quase 3 mil o vidrinho, um dos
preferidos de Juarez, o engomadinho.
Acordei na hora, temendo que o “cheiroso” tentasse uma
respiração boca a boca.
Após passar por uma bateria de exames na emergência do
Miguel Couto, retornamos ao prédio, pois as servas nos esperavam,
principalmente umas IPAs, que Marcelinho(o arrependido) faz questão de trazer
para minha degustação.
Espero não ter sequelas, que afete meu olho bom, que deve
ser o desejo sinistro de meus agressores, inclusive dos futuros que esperam por
uma nova oportunidade.
Tenho que ficar ainda mais alerta.
Estou pensando seriamente nas providências que tomarei
contra meu recente agressor, pois como Síndico posso infernizar a vida desse
sujeito que pensei que “me amava”, dada suas fingidas demonstrações de amizade.
De imediato, aumentarei a comissão que cobro pelas aulas que
ministra no prédio, de 10 para 30%, cobradas antecipadamente, pela media das
aulas do mês anterior.
Ao esboço de uma mínima reclamação, aumentarei meu “pro
labore” para 50%.
Espero ter 7 (sete) vida, como os gatos, pois duas
praticamente já me tiraram.
E sei que vem mais chumbo grosso pela frente.
José Roberto- 08/04/19
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