CHUVA E VENTO EM CARAVELAS
Impedido por uma pneumonia traiçoeira de participar do tradicional
mergulho de janeiro que nossa turma faz desde 1981, aguardava com ansiedade
essa viagem extemporânea, tendo como parceiro apenas meu querido sobrinho
Ricardo Yellow.
Depois de uma conturbada viagem Itanhaém/Rio, Ricardo
aportou em casa a tardinha, onde, após tomarmos umas “brejas” para refrescar
nos recolhemos cedo, pois sairíamos de madrugada.
Partimos bem despertos por volta das três da matina, com a
adrenalina em alta, cheios de esperança
sobre nossa breve estada em Caravelas, num mês atípico.
Cabe explicar que alem de longa, a viagem seria desconfortável(para
mim), pois meu sobrinho adora seu velho jipão Land Rover com quase 20 anos,
duro e sem ar condicionado, porem um trator, enfrentando qualquer estrada,
dunas ou coisa que o valha.
Saímos sob um vento fortíssimo que castigava o Rio e que nos
acompanhou durante toda a viagem.
Ao nos aproximarmos de Campos, já com as primeiras luzes do
dia, fomos castigados ou melhor, abençoados com um forte aguaceiro, pois notávamos
a secura dos pastos e vegetação adjacente a estrada e essas fortes águas chegavam
em boa hora.
A chuva nos acompanhou até perto de Vitória, dando um a
pequena tregua e retornando em território baiano, também muito castigado por um
longo período de estiagem.
Vento e chuva nos acompanharam durante toda a viagem, menos
em Caravelas, onde aportamos após quase 14 horas de viagem, muita conversa,
alguns charutos e relativamente cansados, pois o duro jipão “martelou” impiedosamente minhas velhas costas.
O vento noroeste castigava Caravelas desde alguns dias,
impedindo os pescadores de saírem ao mar, para mergulhos ou pesca de alguns
peixes, pois o camarão estava em período de “defeso” cuja captura seria
liberada a partir de primeiro de novembro.
De imediato, compramos um belo badejo para nosso jantar,
pois conforme já tive oportunidade de mencionar em outros textos, meu sobrinho,
alem de um exímio limpador e filetador de peixes é um ótimo cozinheiro, mestre
cuca de mão cheia.
Ricardo se encarregou também do suprimento de manguaça,
cervejas e alguns litros de destilados, que consumimos com prazer durante nossa
estada, pois o forte vento não deu uma
folga sequer.
Posso afirmar com toda certeza, que nunca comi e bebi tanto
durante uma semana, batendo qualquer recorde anterior, pois impedidos de sair
ao mar para um mergulho, nos restou “papear abobrinhas”, comer e tomar muitas e
muitas e muitas, caipiroscas de caju e
abacaxi, entremeadas pelas cervas que desciam fáceis.
A única e boa “pescaria” que fizemos, foi de um marisco que não
recordo o nome, abundante nas “coroas” de uma determinada praia de Alcobaça, local
que conseguimos chegar, graças a valentia do velho e parrudo Land Rover,
magistralmente pilotado por meu sobrinho, que rasgou o areião mole das praias
sem resfolegar.
O problema foi a postura exigida na captura dos mariscos,
pois tínhamos que ficar ajoelhados cavocando a areia com as mãos. Como a areia
era grossa, castigou meus joelhos quase os deixando em carne viva, obrigando
que ficasse de cócoras e curvado, o que resultou numa tremenda dor nas costas e
na parte traseira das coxas, que me acompanham até esse exato momento que
relato os fatos de nossa viagem,
Mas o sacrifício valeu a pena, pois alem de degustarmos um
excelente macarrão com mariscos “a moda do Chef Yellow”, deu para congelar a
maior parte, para consumirmos em nossas casas, pois minha mulher adora esses
tipos de acepipes.
Sorte nossa, que mesmo com vento forte os pescadores saíram de
madrugada para a pesca do camarão, cuja “colheita” foi satisfatória.
Todavia, na quinta-feira, dia 2, o vento mudou passando a
bater de sudoeste ainda com mais força, impedindo que os barqueiros saíssem novamente
ao mar, em busca dos cobiçados camarões.
Precavido, na quarta a tarde, após o retorno dos primeiros
barcos que chegavam com sua “coleta”,
comprei um bom estoque de camarões de todos os tamanhos, principalmente dos
V.Gs, grandões que custam os olhos da cara no Rio e São Paulo.
Apesar de não termos molhado nem os fundilhos devido ao mau
tempo, foi uma agradável viagem, pois curtimos desde os preparativos até o
desgastante e longo trajeto, as paradas nos mesmos pontos, a ótima conversa e a
camaradagem que desfrutamos mutuamente.
A volta foi tranquila, sem qualquer incidente, apesar de
deixarmos Caravelas sob chuva fortíssima amainando ao longo do percurso, curtindo frio e calor pois o danado do jipão carece
de um arzinho condicionado.
Chegamos ao Rio após 13,50 horas de estrada, onde já em
casa, tomamos algumas, pois Ricardo queria
se recolher cedo, tendo que enfrentar sozinho mais uns 540 Km até Itanhaém,
onde chegou firme e forte logo na manhã seguinte.
Mais um capítulo em nosso livro de recordações, embora não
exatamente como planejamos, mas bastante satisfatório.
Só lamento te esquecido na pousada, uma enorme e fresca
melancia.
Talvez, Ditinho, o responsável pela pousada, cuide com
carinho da “bichona” até nossa próxima visita.
José Roberto- 06/11/17
Maravilha! Assim vocês não perturbaram os peixes. Coitadinhos seriam fisgados por vocês. Brincadeiras à parte, pelo relato mais esta viagem realmente ficará para a história de vocês. E só isso já basta. Como de pesca não entendo nada, com certeza iria participara muito bem das cervejadas. Deu água na boca!
ResponderExcluirVandeco.
ExcluirFica para a próxima.
Abcs.
Gima
❤
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