MEU AMIGO PATERNOST
Retornando ontem de Itanhaém, recebi consternado a notícia da morte de meu
velho amigo, companheiro de trabalho e de mergulhos, Pedro Paternost.
A pancada no peito foi tão grande que fiquei fora do ar por instantes, quase perdendo a
entrada da linha vermelha, pois estava dirigindo e a triste notícia tinha sido repassada
por minha mulher, que recebera um watsapp comunicando o ocorrido.
Chegando em casa, tentei afoitamente contato com antigos
colegas da Cesp que ainda moram em Atibaia, sem sucesso, conseguindo finalmente
contatar com outro velho amigo e companheiro, Celso Chaves, que reside em São
Paulo e que já tinha conhecimento do triste evento.
Pedro, após atirar nas pernas do irmão(Boris), de quem
cuidava desde a morte dos pais, há mais de 15 anos, foi morto pela polícia,
pois segundo consta, se recusou a entregar a arma, sendo morto pelos policiais
que atenderam ao chamado do irmão que havia sido ferido.
Desde que mudou para
Atibaia após a morte da mãe, Pedro assumiu
a incumbência de cuidar do irmão mais novo, Boris, de 59 anos que tinha algum
tipo de retardo mental, incapaz de cuidar de si próprio, pois nunca havia
trabalhado de forma regular, sempre dependente.
Pelas poucas ocasiões que tive contato com ambos, me pareceu
que viviam em plena harmonia, obviamente com Pedro conduzindo as conversas e
tudo o mais, e o mano Boris sempre concordando com tudo, sorridente e
tranquilo.
Estiveram em minha casa a pouco mais de um ano, de passagem
para Vitória, onde Pedro tinha um apartamento e uma casa na praia.
Trouxeram de presente uma estranha e bela planta, que
floresce apenas uma vez por ano, e a maravilhosa flor se abre de forma esplendorosa
durante uma ou duas noites, para depois
sucumbir.
Pedro tinha o hábito de me ligar quase todos os dias.
Ultimamente, havia notado que algumas vezes enrolava a voz, como se tivesse meio dopado, pois
devido a suas inúmeras doenças, tomava muitos remédios que poderiam comprometer
sua dicção e raciocínio.
Conversávamos sobre nossas antigas pescarias e mergulhos,
pois foi ele quem me apresentou Caravelas, no sul da Bahia, local obrigatório de
nossas aventuras desde 1981.
Mergulhamos também inúmeras vezes na região de Itacurúça e Ilha
Grande, depois que comprei um pequena lancha em 1983.
Fomos parceiros de trabalho durante muitos anos, pois o
conheci em 1970 em Atibaia, onde trabalhei até o final de 1973.
Vim para o Rio em agosto de 1978 e Paternost já havia se mudado para Vitória, trabalhando
na Escelsa.
Convidei-o para integrar minha equipe recém formada na
Eletrobras, em meados de 1979, após o que, alicerçamos nossa amizade reforçada
com os mergulhos, vício que havia adquirido a pouco tempo em Itanhaém, junto
com meu sobrinho Ricardo, morrendo de inveja ao ver Gatinho arpoar dezenas de
maravilhosos robalos, enquanto pescávamos apenas os pequeninos.
Pedro não era de falar muito, mas era um bom técnico e um
companheiro leal, tendo ótima índole, sempre levando numa boa nossas gozações,
pois foi engordando e ficando preguiçoso, mergulhando pouco, sempre ao lado do
barco, matando muitas vezes belas garoupas e badejos, atraídos pelos restos dos
peixes que limpávamos para trazer apenas os filés.
Pedro detestava encrencas, evitando discussões tanto no
trabalho como na vida particular.
Talvez, nos últimos tempos, acossados por problemas do
coração, das diabetes, problemas intestinais e próstata, Pedro tenha sido
levado a uma forte depressão, pois em nossas últimas conversas, reclamava muito
da saúde debilitada, das constantes viagens a São Paulo para consultas e
exames, e dos problemas que tinha com a Eletros, cada vez mais chata por
ocasião dos reembolsos.
Sentia que ele não estava bem, principalmente por não ter
amigos de fato, próximos, que pudessem
aliviar sua solidão.
Morreu de uma maneira besta, difícil de engolir e assimilar.
Sentirei sua falta, pois acredito que tenha sido um dos
poucos que realmente entendeu e captou sua maneira enrustida de ser.
Até o pessoal de casa achava meio estranho a consideração e paciência
que tinha com o velho amigo. Segredos da verdadeira amizade entre homens.
Paternost finalmente descansou, pois seu final de vida
estava sendo muito difícil, mas sua passagem foi um rito brutal e equivocado.
Todavia, temos que respeitar e tentar entender os desígnios de
Deus, que resolveu antecipar a chamada de Pedro para dentro de seu reino, pois
esqueci de mencionar, que nos últimos anos, havia se convertido inteiramente ao
catolicismo.
Que meu velho amigo descanse em paz.
Nossas lembranças permanecerão firmes enquanto meu velho e
alquebrado coração aguentar, pois de tempos em tempos, recebe uma lancetada, mas
vamos tocando o barco, pois ainda, se Deus quiser, há muito mar a navegar.
Sentirei sua falta.
José Roberto- 03/07/17
Não entendi, Zé o seu amigo morreu por causa de um tiro da polícia, que não entendeu que ele estava protegendo o irmão Boris? É isso mesmo? Se for isso que peça que o destino o pregou, protegeu tanto o irmão sua vida inteira e morreu por que a polícia achou o contrário. ����������
ResponderExcluirÉ ISSO MESMO. NÃO SEI E NINGUEM SABERÁ A RAZÃO DO DESENTENDIMENTO ENTRE AMBOS, POIS O BORIS ERA INFANTIL E O PEDRO, TALVEZ PUDESSE ESTAR NERVOSO, COM JÁ VIVIA, DEPRIMIDO, E TALVEZ CHEIO DE REMÉDIOS TENHA TOMADO ALGUMA BEBIDA ALCOOLICA. DÚVIDA QUE PERDURARÁ PARA SEMPRE, POIS COMO JÁ AFIRMEI, PEDRO SEMPRE CUIDOU DO IRMÃO.
ResponderExcluirPor favor, entre em contato via e-mail com veronica.paternost@gmail.com ou pelo FB com Lucia Paternost. Agradeço
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