31 DE JULHO
Hoje, minha verve de escriba volta-se apenas para assuntos
alegres, pois nessa importantíssima data, minha neta, Letícia completa quatro
aninhos.
Já escrevi pelo menos dez vezes, mas como avô coruja não
canso de repetir:” uma neta(o) rejuvenesce, trás um novo alento, até lubrifica nossas
juntas enferrujadas para que possamos acompanhá-las em suas brincadeiras, enche
a casa de alegria espantando o ranço metódico e rotineiro da velhice”.
Quando chega, é aquele vagalume de luz contínua que ilumina
os locais por onde passa, correndo ao encontro dos avós e dos tios, fazendo um
agrado no sonolento Vick, enredando-se
num torvelinho de beijos e abraços.
Notamos inclusive, que meu fiel escudeiro fica enciumado com
a atenção especial que dedicamos a Lelê, ficando mais desperto, acompanhando-a
pela casa, cheirando intermitentemente seus pezinhos, pois o olfato é o único dos
sentidos ainda em boa forma, enfim, durante um bom período Vick fica mais aceso,
até ser vencido novamente pela preguiça e recolher-se a seus cantos preferidos.
Em poucos minutos Letícia instala-se em seu recanto
favorito, a cama da vovó onde tem liberdade para tudo, até mesmo para saltar
como uma cabritinha, coisa que Regina jamais permitiu aos filhos.
Em pouquíssimo tempo a cama fica repleta de bonecas, jogos,
massinhas de modelagem, pinturas, tudo numa desordem arrumada, onde neta e avó
passam horas brincando, num faz de conta comovente.
Do meu posto na sala de TV ao lado, o que mais escuto e a
voz doce da “pequenina Bruce”, que fala pelos cotovelos, sintomas evidentes de
ter puxado a mãe(Fernanda) e a tia Lilida(de Piracicaba).
E assim passam horas, avó e netinha brincando e estreitando
os laços afetivos, numa cumplicidade singela e amorosa que jamais fenecerá.
Mas hoje é dia de comemorações, a primeira na escola, com
professoras e amiguinhas. A tarde, um bolo e salgadinhos com os avós, ficando o
principal evento, a ser comemorado nos trinques, num sábado especial precedendo
o dia dos pais.
Impossível escrever sobre minha neta, sem deixar transbordar
o pieguismo e cafonice de um avô babão, que como todos, acha sua netinha a maioral,
a mais inteligente, a mais bonita, a mais esperta, a mais ...
Avô, como podem deduzir, é tudo isso e mais um pouco, um
lambão orgulhoso e desajeitado.
Parabens Lelê, nos vemos a tardinha, pois hoje “vai ter
festa lá no seu apê”.
José Roberto(avô coruja)- 31/07/17