OS BEM AVENTURADOS
A Veja dessa semana traz um excelente artigo de J.R.Guzzo,
abordando a imensa aberração no tratamento dos juizes e procuradores, por seus
confrades encarregados de julgá-los.
Mesmo pegos em flagrante, juizes e desembargadores que
vendem sentenças e cometem outros crimes, quando muito, ao final da apuração e
constatado os delitos, são aposentados com direito integral aos proventos.
No texto, Guzzo menciona dois fatos reais, o primeiro de uma
juíza da Bahia, que vendeu sentenças a um traficante colombiano, ficando seu
crime provado com cópias de depósitos bancários e outras evidências.
Depois de quase dez anos, o Conselho Nacional de
Justiça-CNJ, órgão encarregado de zelar pela lisura e eficácia do judiciário,
finalmente “condenou” a juiza baiana.
A criminosa foi aposentada contra sua vontade, sendo
obrigada a ‘receber até sua passagem para o inferno, salários integrais
inclusive os penduricalhos’.
O outro caso citado, refere-se a juíza do Pará, que manteve
encarcerada numa cela repleta de criminosos, uma adolescente de 15 anos, que durante
sua curta estada nesse antro, foi agredida e abusada de todas as formas e
maneiras.
Essa juíza negou a transferência da adolescente para outra
prisão, sendo afastada do caso quando o assunto veio a público.
Punida “severamente com a aposentadoria compulsória”, não se
conformou em ficar recebendo sem fazer nada, nem mesmo outra de suas cagadas,
recorrendo ao CNJ, que resolveu a questão “suspendendo-a por dois anos,
obviamente com a garantia dos proventos integrais e vantagens”.
Depois desses descanso sabático, a juiza poderá vestir
novamente sua toga.
Essas aberrações são típicas de um país de merda como o
nosso, impensáveis de ocorrer em qualquer outro civilizado, onde todos são
iguais perante a lei e a justiça.
Justamente quem deveria dar o exemplo, punindo severamente
juizes, desembargadores e ministros que apresentassem desvios de conduta,
premia esses canalhas com aposentadoria precoce e todas suas regalias.
O corporativismo do judiciário é espantoso, a ponto de seus
membros se julgarem “especiais”, os bem aventurados, que podem tudo e fazem
tudo, pois mesmo errando feio, quando muito são condenados a gozar férias
perpétuas.
Com esses atos nefastos que ofendem a população lúcida de
nosso sofrido país, o CNJ não justifica sua razão de ser, tornando-se inócuo e
faccioso.
Diante desses fatos e de todos os outros semelhantes a esse
acinte, sou forçado a concordar com o Cachaço corrupto Renan Calheiros, que
pretende votar com urgência, um projeto de lei impondo limites ao judiciário.
Mesmo que por razões tortas, Renan está metendo o dedo na
ferida desses intocáveis.
Esses senhores têm que entender, que são iguaizinhos a todos
os demais brasileiros, devendo receber o mesmo tratamento quando pisarem na
bola.
A partir dessa impreterível correção de rumo, é que o pais
poderá começar a pensar num futuro melhor para seus cidadãos.
José Roberto- 23/11/16