CARAVELAS
2016
Depois de
ter falhado o ano passado, a segunda vez em 35 anos, finalmente chegou o dia
tão esperado.
Encontrei
com a turma no primeiro posto de combustível na Nieterói-Manilha, onde me
aguardavam há alguns minutos.
Chefiando a
troupe, o Capitão Ricardo Yellow com seu jipão Land Rover, barulhento e sem ar condicionado, tinha como
contra-mestre o mímíco detalhista
Carlinhos, Peba, dono de uma invejável barriga, a lá “baiacu de
espinhos”.
Numa segunda
camioneta, pilotada por Marcelo Fiote Preto(digo afro-brasileiro), estavam
também seu filho Rodrigo(Digão), novo e ótimo dentista no pedaço e salvador da
pátria, que garantiu nossas moquecas, alem do campeão de mergulho do Caribe e
adjacências, o brasileiro salvadorenho Mario Moreno, o terror dos mares, o
homem que assusta budiões com seu grande o poderoso arbalete de 30 cm, assassino impiedoso de parus cagões.
O velho
escriba e lobo do mar aposentado, se instalou na rabeira, num pequeno carro
alugado pelo novato Tony, um ítalo-suiço-franco-alemão e brasileiro quase nato,
pois passa três meses do ano em Mongaguá, mais conhecida como o piniquinho do
mundo. O terceiro, também novato, Marquinhos, que viria a se revelar o rei das
caipirinhas, também de Mongaguá, onde
atua soberano como o rei do mármore e granito, alem de dominar o mercado de
vidro de espelhos de toda a região.
Depois das
devidas e calorosas apresentações, abraços nos sobrinhos e amigos queridos,
iniciamos nossa heróica e longa viagem, normalmente agradável, mas dessa vez,
com chuva forte, realmente uma peripécia aventureira e perigosa.
Pilotando o
resfolegante carrinho com destreza, o hábil e corajoso piloto internacional Tony,
respeitando os limites de velocidade exigidos por lei e pela razão, conduziu
nossa máquina com segurança na incrível velocidade entre 40 e 70 km/hora,
obrigando o resto da turma a nos esperar um bocado, nos pontos de encontro pré
determinados, por quase uma hora a cada parada.
Foi uma
longa e dura viagem, com chuva forte e incessante que nos acompanhou até Caravelas.
Dirigi
apenas os derradeiros 120 km, tentando reduzir a distância até os líderes,
porem sem sucesso.
Chegamos
inteiros e cansados, na manhã de domingo a nossa bela e tranqüila Pousada.
Após um
primeiro dia de aclimatação e descanso, ainda com o tempo chuvoso, saímos para
o mar, para nosso primeiro mergulho nos corais, em águas que não apresentavam
boa visibilidade.
Fora de
forma, pois não mergulhava desde longa data, após aproximadamente duas horas
correndo atrás de pequenos budiões, retornei ao barco cansado, com uma fieira
de fazer vergonha a qualquer iniciante de caça submarina.
Encerrei meu
primeiro dia de mergulhos, preferindo ficar degustando as caipirinhas de caju,
preparadas com esmero pelo novato Marquinhos, que apenas deu uma leve molhada
no fiofó, preferindo dedicar-se a sua especialidade, bebendo e servindo os
amigos a vontade.
E bota
vontade, pois alem de tomar muitas, cheguei segundo dizem, a comer saximi,
prato cru que abomino. Mas como gosto de bêbado não é confiável, fico na dúvida
se comi ou não.
Meu
sobrinho, o Capitão Ricardo Yellow, também manguaçado, não se recorda de nada sobre o ocorrido.
Prefiro
ficar na dúvida, considerar intriga da oposição, mantendo meu status quo de
detestador de saximi.
De uma coisa
tenho certeza. Fui o mais esganado e comilão do barco, mandando para o buxo
quantidades intermináveis de peixes fritos e pratos de moqueca, preparadas com
todo esmero pelo sobrinho Yellow.
O jantar da
pousada era ótimo, mas de barrigão cheio, comia pouco, reservando meu apetite para
os peixes do dia seguinte.
Todos
devoravam com aguerrimento os suculentos pratos escolhidos, mas Carlinhos Peba
sem dúvida, era o limpa trilho da turma, raspando seu prato e as sobras dos
vizinhos, haja vista que tinha um barrigão para manter em forma.
O mais
comedido dentre todos, como sempre foi meu sobrinho Marcelo( ex-MMG),
parcimonioso em todos os aspectos.
Toni, nosso multi-nacional
e poliglota companheiro, nos brindou com suas histórias, vividas em cinco
paises nos quais passou boa parte de sua frutuosa vida.
Marquinhos,
o mongaguense palrador, nos entupiu com seus longos casos, detalhados e
pitorescos, partilhados de comédia e suspense, sobre sua longa trajetória
profissional. É uma grande e incomparável figura.
Não posso
deixar de mencionar um querido e velho amigo, sobrinho por afinidade, o
terrível Mario Moreno, o “trocador de idéias”, cuja missão secreta parece ter a
finalidade de extinguir os parus cagões da região de Caravelas, já que os
cobiçados budiões, estão sendo extintos pelos próprios mergulhadores locais.
Mario e seu
canhão de 30 cm não perdoam, matam, inclusive bocas de velha, sargentos e
budiões batatas anões. O homem é um azougue!
O demais
dias de mergulhos foram fracos, salvos pela juventude do sobrinho-neto Digão,
que alem de matar invariavelmente os maiores peixes, inclusive um badejo de 12
kg, que me deixou com uma baita inveja, garantiu a moqueca de cada dia.
Ricardo que
garantia os regabofes, nem chegou a molhar o saco, Marquinhos preparava as
caipirinhas, Toni jogava conversa fora, eu mergulhei pouco, matei pouquíssimo e
bebi alem da conta.
Carlinhos
Peba, escutava e gesticulava acompanhando os casos contados por Toni. Também
não matou quase nada, devido a carestia de peixes e a preguiça de molhar o
barrigão.
Marcelo, o
ponderado, acompanhava tudo com maestria, dando a necessária segurança aos paus
d’água a bordo.
Foi uma
grande farra, ingênua, inocente, dias agradáveis em que as preocupações foram
postas de lado, todos se dedicando apenas a dizer besteiras, contar piadas,
esquecendo as agruras do dia a dia.
Pena que
esses dias passam rápidos, quando percebemos, está na hora de partir.
Compras
locais concluídas, com meus sobrinhos comprando inacreditáveis 80 kg de farinha
de mandioca, alguns quilos de bijus preparados no capricho com moscas
varejeiras e carne de siri,também manuseada com a mesma higiene, com moscas de
varias espécies, estávamos prontos para a partida.
Saímos ao
anoitecer, atravessando a noite numa longa e tranqüila viagem.
Fui o
primeiro a deixar a troupe, ficando no Rio, pois o restante ainda teria uma boa
esticada, até Itanhaém.
Ricardo, meu
sobrinho, confirmou que chegaram todos bem.
Mais uma
jornada bem sucedida para recordar, novos amigos, velhas amizades reforçadas,
laços de parentesco estreitados, poucos peixes, mas muita alegria.
Um ano pela
frente, para lembrar e pensar em Caravelhas 2017, onde se Deus quiser,
estaremos juntos novamente.
José
Roberto- 01/02/16
Um grande abraço velho amigo e bem-vindo de volta à luta! Melhores companhias seriam impossíveis, a julgar pelos sobrinhos (e até sobrinho neto) que compuseram a "troupe" e, se novos componentes foram agregados é, sem dúvida, por suas qualidades como pessoas e como companheiros. Que muitas outras dessas jornadas ainda lhes estejam reservadas
ResponderExcluirLuizinho.
É SEMPRE BOM SABER QUE O VELHO E QUERIDO LUIZINHO ESTÁ SEMPRE A POSTOS, PARA LER, COMENTAR E COMPLEMENTAR COM MAESTRIA MEUS CANHESTROS TEXTOS.
ExcluirUMA ABRAÇÃO.
ZE(GIGI)
A cada ano que leio seus textos sobre as maravilhosas viagens a Caravelas, fico babando de inveja. Qualquer dia me apresento para fazer parte dessa turma tão especial.
ResponderExcluirAbraços
Pedro paulo
Pelo relato a viagem e as aventuras em Caravelas foram excelentes. É para isso é que estamos vivos, parabéns! Com certeza todos voltaram rejuvenescidos. Deu água na boca pelas bebidas, comidas e tudo mais. Um dia ainda vou numa dessas.
ResponderExcluirZé em cada parágrafo consigo ver exatamente o que está acontecendo...kkkkkkk. Já fui bom nisso!!!
ResponderExcluirParabéns pelo artigo.
Grande abraço.