A DECADÊNCIA DOS PLANOS DE SAÚDE
A saúde pública no Brasil é caso de polícia, porta de
entrada para o alem.
Quem recorre a um hospital público, se o caso for grave,
sabe que não escapa. Recebe um bilhete expresso para o céu, ou para o inferno.
Até pouco tempo, aqueles que tinham condições de pagar um
plano complementar de saúde, principalmente os que trabalhavam ou trabalharam
em empresas ligadas ao governo, desfrutavam de um atendimento satisfatório,
escapando das filas degradantes dos “beneficiários” do INSS, sendo atendidos
pela rede privada.
Alguns planos de saúde, facilitando o ingresso de novos
sócios, cresceram de forma exagerada, passando de usuários a donos dos
principais hospitais do país, que trabalhando em ritmo acelerado, sacrificaram
a qualidade do atendimento pelo volume de produção(pacientes).
O Rio, que não chega aos pés de São Paulo em quantidade e
qualidade de hospitais, entrou numa espiral descendente, pois aqui os planos
foram ágeis, comprando ou se associando a todos os hospitais de renome,
Nem mesmo o Samaritano, indubitavelmente o melhor, escapou
dessa sanha.
Em plano levemente inferior, situava-se a Clinica São
Vicente, o São Jose, e a rede D’Or, que também foram engolidos pela Unimed,
Amil ou Bradesco.
Membros de minha família já haviam passado duas ou três
vezes pelo Copa D’Or em Botafogo, a questão de dois ou três anos, com um bom
atendimento.
Lamentavelmente, tivemos o prazer de constatar que a
situação já não é a mesma, depois que o hospital foi comprado ou associado a um
desses planos de saúde.
Sexta passada, dia 06/06, minha filha Maria Silvia se
internou no “nosocômio”(do fundo do baú) para retirar um pinta suspeita,
procedimento rápido, com entrada e saída no mesmo dia.
Já existe uma grave falha na recepção, que fica num plano superior,
separado por dois degraus, sem existência de rampa, dificultando o acesso de
cadeirantes.
Informações prestadas, documentos apresentados, assinaturas,
fomos brindados com dois livrinhos, “Guia dos Pacientes” e “Cuidado Seguro”, e
entregues aos cuidados de um recepcionista que nos conduziria ao nosso quarto.
Vencido o primeiro obstáculo, deparamos com outro muito
pior, os elevadores.
Dos dois existentes apenas um funcionando, tendo que
aguardar um fila interminável, igual a saguão de aeroporto.
Depois de uns quinze minutos, chegamos ao quarto, recém
reformado, confortável e com boas instalações.
Em seguida apareceram três ou quatro enfermeiras, que
alternadamente, fizeram exatamente a mesma coisa, tirando a temperatura,
perguntando idade, altura e peso.
Extremamente minuciosa foi a auxiliar que veio perguntar
sobre as preferências alimentares de minha filha, dispondo de uma extensa lista
de check-list, fazendo uma inquirição completa sobre as múltiplas opções e
desejos da internada.
Pouco depois apareceu a médica, Mirta, amiga da família,
informando que devido a uma emergência, a pequena cirurgia, marcada
inicialmente para as 13,00 horas, sofreria atraso de meia hora.
Uma longa meia hora, pois Maria Silvia só foi encaminhada ao
centro cirúrgico, por volta das 15,30 horas.
Depois de uns quinze minutos, resolvi ir até a cantina
comprar uns sanduíches, pois estávamos com fome, sobrevivendo apenas com o café
da manhã.
Ao me dirigir para o elevador, topo com minha filha
esperando pacientemente na maca, com seus acompanhantes, aguardando espaço para
ser encaminhada ao centro cirúrgico.
Reclamei com os acompanhantes exigindo preferência e
obviamente desci pelas escadas.
As 17,00 horas apareceu o anestesista para dizer que tudo
havia corrido nos conformes, estranhando que minha filha ainda não tivesse
chegado.
Pouco depois chegou a médica, com a qual conversamos por
mais uns dez minutos e nada de minha filha chegar.
Chegou por volta das 17,30 horas, informando que esperou
mais de vinte minutos para pegar o elevador, realmente um absurdo, considerando
tratar-se de uma paciente recém operada.
A médica informou que estava liberada para jantar as 18,00
horas, com alta já assinada, para s 19,00 horas.
Minha filha, um pouco sonolenta, ainda estava recebendo soro
via endovenosa, cuja bolsa já estava terminando.
Após algum tempo, quando notei que o soro havia acabado,
apertei o botão de emergência sem muita preocupação, pois sabia que mesmo que a
veia obstruísse, o cateter seria retirado, inclusive a tempo de jantar, pois
Maria Silvia estava em jejum desde as 20,00 da noite anterior. E estava com
muita fome.
Esperei uns quinze minutos com a luz vermelha da emergência
acesa e nada de aparecer alguma enfermeira.
Em seguida fui até a enfermaria do andar, solicitando a uma
enfermeira que parecia mais preocupada em atender o celular, para que fosse
retirar o soro do braço de minha filha.
A criatura foi até o quarto, retirando apenas a bolsa de
soro que foi arremessada no lixo, dizendo que voltaria em instantes para
retirar o cateter.
Como não retornou, apertei novamente o botão de emergência,
aguardando a chegada de alguém, para completar o serviço.
Esperei mais uns vinte minutos e puto da vida, fui novamente
até a enfermaria do andar, onde topei com quatro enfermeiras conversando
animadamente, sem dar a mínima para a luz vermelha de emergência, que pulsava
num painel.
Dei uma bronca no quarteto em altos brados, sendo
acompanhado por um rapaz que tentando se justificar, alegou que estavam em
troca de turno.
Argumentei que independente de qualquer situação, uma vez
acionada, a emergência deve ser atendida rapidamente, ou senão, para que a
existência dessa droga de botão?
O cara ainda tentou se justificar, enrolando que eram poucos
para muitos leitos, etecetera e tal.
Sugeri ao distinto, que o hospital faça uma norma,
“impedindo os doentes de passar mal no horário de troca de turnos”, resolvendo
assim essa séria falha, pois se o caso de minha filha fosse realmente grave,
poderia haver complicações com essa demora.
Completando a obra, esqueceram de trazer o jantar de minha
filha.
Como já eram 19,00 horas, fui novamente a enfermaria do
andar, solicitando a liberação imediata de minha filha.
Pouco depois apareceu o mesmo sujeito que nos acompanhou
pela manhã, e após uma espera de exatamente quinze minutos, conseguimos tomar o
elevador,
Felizmente a assinatura da baixa foi rápida e tiramos logo
nosso time de campo.
Esse hospital, que já foi bom, necessita urgentemente de supervisão e talvez
de uma inspeção da ANS, se pudermos confiar na atuação dessa agencia mambembe.
Os planos de saúde estão se degradando, oferecendo um
atendimento que deixa muito a desejar.
Estão se nivelando ao INSS.
É a socialização petista da desgraça.
José Roberto- 09/06/14