A EDUCAÇÃO NO TÚNEL DO TEMPO
Ontem a tarde eu e Regina papeávamos sobre nossos tempos de
escola, sobre como as coisas funcionavam e funcionavam muito bem.
Até o quarto ano primário os pequenos freqüentavam escolas
separadas, os Grupos Escolares, prédios normalmente bem edificados, limpos e o
mais importante, com ótimas professoras(no primário, a maioria absoluta eram
professoras), que tinham prazer e amor em transferir conhecimentos para seus
alunos.
O maiores, que cursavam o ginásio, cientifico, clássico ou curso normal(formação
de professoras), freqüentavam prédios separados, também limpos e com ótimos
professores, que sabiam ensinar e manter um elevado nível da educação e
conhecimentos(nesses cursos, a maioria dos mestres eram homens).
Não recordo se no Grupo Escolar Barão do Rio Branco, em
Piracicaba, era servido algum tipo de lanche para os alunos. Acredito que não,
ao contrário de Regina que lembra, que em Itanhaém, para os alunos do curso
primário era fornecido no recreio, leite e eventualmente algum complemento.
Do ginásio em diante nada era fornecido pelo estado. Quem
quisesse fazer seu lanche que o trouxesse de casa ou o comprasse na cantina,
que normalmente existia em cada colégio.
Enfoco o aspecto da merenda escolar, porque hoje
infelizmente, ao invés de focar na qualidade do ensino público, os pais se
preocupam em primeiro lugar com a merenda.
É comum assistirmos nos noticiários pais reclamando da
qualidade dos lanches oferecidos pelo poder público, alegando que falta isso,
aquilo, que a sobremesa deixa a desejar.
Reclamam do sustento do corpo sem se preocupar com a ruína
do sustento da mente e do intelecto, pois seus filhos saem da escola totalmente
despreparados, sem saber escrever corretamente ou interpretar um texto. Saem
com um diploma que não significa nada, pois em sua maioria são analfabetos
funcionais.
E óbvio que nos meus tempos de menino(long time ago), havia
menos pobreza no país, principalmente nas cidades do interior, onde tudo
funcionava a contento.
Mas existiam pobres, porem corajosos e orgulhosos que se
esforçavam para propiciar uma vida melhor a seus filhos, principalmente através
do conhecimento e da educação recebida nas escolas públicas.
Mesmo nas cidades grandes onde já existia algumas favelas e
“cabeças de porco”, o pobre tinha orgulho, lutava por uma condição melhor, era
mais instruído e educado, tanto assim que nossos primeiros grandes
compositores, verdadeiros poetas, surgiram das favelas.
A falta de atualização dos currículos escolares, a
desmerecimento da nobre profissão, os baixos salários, banalizou o ensino,
carreando para suas fileiras pessoas desestimuladas que não conseguiram vagas
em profissões mais concorridas.
Em paralelo, o assistencialismo desenfreado mirando muito
mais na caça aos votos que no bem estar na população, deixou o pobre mal
acostumado, viciado, dependente de favores e de bolsas para todos os fins, sem
necessidade de oferecer contrapartida real.
Tudo que se ganha sem produzir tem um viés equivocado,
levando os beneficiários a indolência, a fraqueza de caráter, a preguiça.
Entendo que esse é um dos males atuais de nosso sistema
educacional, pois alem de escolas sujas e mal conservadas, prédios inadequados,
professores mal remunerados e com baixa qualificação, os pais e responsáveis,
preocupam-se muito mais com a qualidade da merenda, que com a qualidade da
educação.
No momento em que se tenta fazer uma modernização dos
currículos, mestres e alunos despreparados se revoltam, pois de forma geral, os
incapazes são refratários a qualquer mudança, preferindo o marasmo atual e a
tutela estatal, desde que a “merenda seja gorda”.
Lembro com saudade dos velhos tempos, das boas escolas e dos
maravilhosos mestres.
Podem dizer que é saudosismo piegas de um velho, mas não
tenho dúvida que as escolas, os professores e o mundo era bem melhor.
José Roberto- 21/12/16
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