MEMÓRIA
Ontem relembrei no meu texto, um magnífico poema que decorei quando cursava
o primeiro ano ginasial, com meus dez para onze anos.
Poema longo, bonito(Brasil-Ronald de Carvalho), mas
complicado para qualquer menino da minha idade(na época), porem decorado em
dois ou três dias sem maiores dificuldades, pois o cérebro ainda estava
praticamente virgem, ávido para receber informações e novidades.
Hoje, entrado nos anos(sem duplo sentido), não teria ousadia
ou talvez, nem mesmo a capacidade de enfrentar tremendo desafio.
Com o cérebro recheado de informações, não sobram “bites”
para novas empreitadas. A experiência nos ensinou que é melhor anotar para não
passar vergonha.
O pior, é quando esquecemos onde fizemos e deixamos nossas
anotações.
A memória vive nos pregando peças.
Quantas vezes nos encontramos com uma pessoa que nos
cumprimenta, conversa conosco e não conseguimos lembrar seu nome?
Eu, que nunca tive boa memória fotográfica, as vezes nem
mesmo sei de quem se trata. Para mim um perfeito estranho.
Recordo uma ocasião que estava no aeroporto aguardando o
embarque, quando apareceu um sujeito todo sorridente, me cumprimentou com um
forte abraço. Perguntou sobre os filhos, sobre a mulher e outras coisas que só
alguém relativamente chegado poderia conhecer.
Com um sorriso sem graça, limitei-me a arreganhar os dentes,
balançado a cabeça e dizendo que tudo corria nos conformes.
No primeiro chamado anunciado pelos alto-falantes, informei
ao desconhecido que era o meu vôo, aproveitando para sair de fininho,
retribuindo os milhares de votos formulados.
Até hoje não sei de quem se trata.
Acredito também, que nunca mais reencontrei o sujeito. Mas
não posso afirmar com certeza.
Quantas vezes ficamos sem graça, quando nossa querida esposa
nos pergunta se lembramos de determinada data, de determinada viagem, de uma
roupa que vestiu numa festa, pequenas coisas que infelizmente não conseguimos
lembrar.
Ao menos para esses casos temos uma justificativa, pois as
mulheres são mais detalhistas, dando muito mais importância a essas pequenas
ocorrências que nos passam despercebidas.
O maior problema com a memória, é a dificuldade que temos de
lembrar dos fatos mais recentes, nomes de artistas, personalidades, cidades,
musicas, entre outras.
Sempre que minha mulher pergunta qual é o nome, ou local, ou
qualquer coisa que não consegue lembrar no momento(pois também já esta
rateando), nunca consigo responder de pronto.
Levo alguns minutos para processar, esforçando, quase
“queimando a mufla” para finalmente chegar a um final feliz.
Os processadores da “cuca” estão lentos e superados,
impossíveis de serem substituídos por mais modernos da Intel.
Como sou um leitor voraz, fico puto ao ter dificuldade de
lembrar o nome do autor e do livro que estou lendo, quando consigo facilmente
recordar até o nome dos personagens, de livros lidos a quarenta e cinqüenta
anos atrás.
A única coisa boa da nossa memória, é que jamais esquecemos
os nomes dos amigos, pois são mantidos num escaninho especial de nossa mente,
alimentado por um microprocessador ligado direto ao coração.
José Roberto- 21/10/11
PS- Também não esqueço dos meus desafetos!
NOTA- TEXTO RECUPERADO DO BLOG TERRA OPINIAODOZE, ESCRITO HÁ
CINCO ANOS, RETRATANDO UMA SITUAÇÃO QUE VEM PIORANDO GRADATIVAMENTE. MEMÓRIA DE VELHO É UMA MERDA, SÓ LEMBRA DE
COISAS ANTIGAS.
José Roberto- 12/11/15
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