LEILÃO DA CEPISA
O governo anuncia que hoje será realizado o leilão para
privatização da Cepisa-Centrais Energéticas do Piauí, empresa carcomida por um
passivo de bilhões, fruto de anos de administração caótica.
Até outubro/97 a Cepisa era uma empresa estadual, tendo sido
incorporada pela Eletrobrás devido a péssima situação
administrativa-financeira, deixando também a desejar na parte de confiabilidade
técnica e no atendimento aos consumidores.
Nos últimos vinte anos, não sei se não apareceram
interessados em assumir o controle da empresa, ou se a Eletrobras fez corpo
mole, pois a Cepisa não deixou de continuar sendo um cabide de empregos e moeda de troca
com os políticos da região.
Portando, a Cepisa continuou na mesma toada, acumulando prejuízos
atrás de prejuízos, repassando os efeitos da péssima administração/corrupção
aos consumidores através dos aumentos tarifários e um belo rescaldo à
Eletrobras, pois a arrecadação mesmo com sucessivos aumentos, jamais conseguiu
ser suficiente para cobrir os rombos da empresa.
A situação chegou a um ponto sem retorno, pois com a crise
do governo federal o dinheiro anda curto para cobrir o buraco dessas estatais
deficitárias, a exemplo de outras que estão na fila de espera para serem
leiloadas, ou dadas de graça para algum maluco que se interessar(Ceron, Ceal, Eletroacre,
Amazonas Energia e Boa Vista-Roraima).
Assim, esse primeiro leilão é um balão de ensaio, pois mesmo
com o governo assumindo praticamente todas as dividas que beiram os 3 bilhões,
não se percebe movimentos de grupos interessados para arrematar por um valor
simbólico a caótica empresa.
Ano passado, o defict da Cepisa foi de 500 milhões. Apenas
no primeiro trimestre de 2018 o prejuízo já beira os 240 milhões, o que
prenuncia um déficit Record nesse exercício.
Para começar do zero, um eventual arrematador terá como primeira
grande tarefa fazer o saneamento básico no quadro de pessoal, que custará um
boa grana, alem dos problemas que poderão advir no futuro, com o passivo
trabalhista da empresa.
Para ilustrar, recordo de um projeto que desenvolvemos no
início dos anos 80, de reorganização do Departamento Comercial da Cepisa, com
um sub-projeto de “Recadastramento de Terezinha”, pois implantar e faturar
corretamente novos consumidores na periferia da cidade era missão impossível,
tendo em vista que a numeração da prefeitura era falha e os roteiros para
leitura dos medidores, totalmente inadequados.
Para auxiliar nos trabalhos de campo, sugerimos a
contratação de 14 estagiários, estimando o tempo para conclusão em seis meses.
Para minha surpresa e do velho e finado amigo Paternost que
coordenava o sub-projeto de recadastramento, a diretoria aprovou a “contratação de 140 estagiários, atendendo
recomendação de técnicos da Eletrobras”.
Problema apenas de um
zerinho a mais, que no caso a direita, vale um bocado.
É obvio, que para o projeto apenas foram destacados os 14
solicitados, quanto aos restantes 126 ficaram por conta da casa.
Como as coisas andavam devagar, ao invés de 6 meses, o projeto
levou mais de 3 anos e nem recordo se chegou a ser concluído.
Um pequeno exemplo da influência política nas empresas
estatais, que perdura até hoje, pois o setor elétrico é dividido em feudos
regionais, impossíveis de serem extirpados.
Mesmo bem “embrulhada”, a Cepisa é uma bomba de efeito
retardado, a não ser que o governo de uma de mãezona, assumindo todo e qualquer
tipo de dívida que venha eventualmente a surgir.
José Roberto- 26/07/18
Nós que trabalhamos, praticamente, todo o tempo nas áreas de distribuição de energia elétrica, sabemos que se a CEPISA fosse arrematada por R$1,00 já estaria cara demais. Espero que o Wilson, antigo colega de trabalho na CESP, consiga privatizar todas as distribuidoras (subsidiárias da Eletrobrás), que em 20 anos, acumulam prejuízos de R$ 22 bilhões.
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