ADEUS AS ILUSÕES

ADEUS AS ILUSÕES

Toda vez que volto dos Estados Unidos, aprofunda no meu peito a certeza que nosso país não tem mesmo jeito.

Desde 1984, quando minha filha operou o pé em Boston, para corrigir uma célebre cagada de um médico metido do Rio de Janeiro, sinto, cada vez que retorno essa terrível sensação.

Embora nenhum sistema de saúde seja perfeito, o norte-americano me deixa babando de inveja, pois recordo perfeitamente, que no Childrens Hospital, onde minha filha foi internada pela primeira vez, existe na entrada do hospital uma placa, que diz mais ou menos o seguinte: “NESTE HOSPITAL, TODAS AS PESSOAS SERÃO ATENDIDAS COM A MESMA DEDICAÇÃO, INDEPENDENTE DE COR, RAÇA, CREDO E DE TER OU NÃO UM PLANO DE SAÚDE”.

Atendida por um médico professor de Harvard, gastei bem menos do que despenderia no Rio ou São Paulo. O que talvez tenha pesado um pouco, foram as despesas com hotel, onde ficamos por mais de 30 dias.

Como infelizmente os problemas evoluíram, por comodidade, fomos orientados para Miami, mais perto, sem necessidade de conexões e uma cidade com mais atrações para nós latinos.

Há mais de quinze anos,minha filha é atendida com extrema cortesia no Departamento de Neurologia da Universidade de Miami, por médicos especializados que fazem parte da MDA(Muscular Dystrophy Association), com data e hora marcada, sem praticamente atrasos.

Na grande sala de espera da unidade, topamos com todos os tipos de enfermidades neurológicas, a maioria bem mais grave que de minha filha. Gente de todas as classes que recebem o mesmo tipo de tratamento.

Quem é cidadão americano ou tem o Green Card, associado ao MDA nada paga pela consulta e exames. Minha filha como não residente, paga o valor simbólico de 75 dólares, pelo atendimento, exames e recomendações médicas, inclusive sobre informações quanto ao andamento das pesquisas relacionadas a sua doença.

É mesmo de matar de inveja!

Tudo limpo, organizado, instalações de primeira qualidade, com pintura nos trinques e tudo funcionando de forma harmônica e coordenada.

Coisa de primeiro mundo, onde jamais chegaremos, pois nosso sistema de saúde, alem de precário, é um dos mais assediados por políticos corruptos e seus comparsas, principais responsáveis pela  desgraça e morte do pobre brasileiro.

O que mais me chateia é que essa diferença abissal não é apenas na saúde.

Nesses mais de trinta anos que frequentamos o USA, quase não se nota a inflação, pois os preços do produtos praticamente não variam.

Mesmo com o dólar caro os preços dos produtos continuam altamente atrativos, e até mesmo a gasolina custa  por litro, a metade que a nossa, mesmo levando-se em conta que a maior parte do petróleo consumido os Estados Unidos, por razões estratégicas, é importado.

Quando você sabe que nessa potência mundial, políticos não tem benesses, aposentadorias, mordomias e penduricalhos, o mesmo se aplicando a juízes, procuradores e funcionários públicos, exatamente o contrário do que acontece aqui no Brasil, onde vantagens corporativistas só aumentam, qualquer um que tenha um mínimo de inteligência, conclui sem qualquer dificuldade:

Não temos mesmo jeito,

Estamos irremediavelmente fodidos!!!

José Roberto- 21/05/2017