A DESVENTURAS AMOROSAS DO MEU FIEL ESCUDEIRO
Pensei em escrever esse texto no dia dos namorados, porem,
refletindo um pouco mais, resolvi postergá-lo, pois talvez não “caísse bem”,
considerando que poderia ser mal interpretado por minha mulher e outras leitoras.
Afinal, dia dos namorados é para homenagear nossas
namoradas, dar um afago no ego de nossas queridas companheiras, agradecê-las
por nos agüentar e amar.
Vale todavia ressaltar, que Vick, meu fiel escudeiro, é
membro efetivo da família, muito querido por todos, mas o leal companheiro não
tem tido muita sorte nas questões amorosas.
Sua primeira namorada efetiva foi Belinha, uma Yorkshire
temperamental que pertencia a Dona Gema, moradora de um prédio vizinho, que
sabia detalhes da vida de todos os moradores de seu prédio.
Saíamos para passear com nossos cães sempre no mesmo
horário, sentando na praça da macumba para um papo e muitas fofocas, enquanto
Vick tentava se engraçar com Belinha.
Naquela época Vick estava na flor da idade, uns quatros anos
e muito aceso, louco para perder a virgindade.
Belinha judiava do pobre coitado. Depois de permitir alguns
agrados, arrepiava-se toda, latia e tentava morder o assanhado galã.
Ficaram nesse rola-rola durante uns dois ou três anos, até
Dona Gema mudar-se para Itaipava. Vick ficou tristonho mas ao menos livrou-se
dessa “empata foda”.
Nesse meio tempo, caiu nas graças do desajeitado
galanteador, uma imensa e simpática Weimaraner chamada Giza, que tornou-se sua
grande paixão, pois alem de lhe dar algumas lambidas molhadas, permitia que o
pequeno Vick a cheirasse e explorasse sua barriga e outras partes,
tranqüilamente, sem refugá-lo.
Vick ficava extremamente assanhado ao lado da “cadelona”,
mas limitava-se ao esfrega-esfrega, algumas cheiradas mais ousadas e só, pois
mal chegava nas canelas da bichona.
Essa paixão também durou pouco, pois a dona da cachorra logo
sumiu de cena, levando consigo o objeto de desejos do azarado Vick.
Para contrabalançar tanto azar, mudou-se para o prédio ao
lado um jovem e simpático casal, que por coincidência, tinha três Pugs, um
macho e uma fêmea castrados e uma mocinha intacta, zero bala.
Nos encontramos passeando com nossos cães e Vick logo se
interessou pela jovem cachorrinha que se chamava Mel.
Deve ter sido amor a primeira vista, pois Vick se
desmanchava, fazendo agrados e peripécias para cortejar a jovem Mel.
Combinamos, eu e Michele, que providenciaríamos uma lua de
mel para o casal virgem, assim que Mel entrasse no cio.
Finalmente chegou a ocasião esperada.
Como é praxe, Mel foi trazida para nosso apartamento, para
que os namorados finalmente tivessem sua primeira noite, cruzassem e que Mel
ficasse prenhe, nos agraciando com filhotes num futuro próximo.
Tinha absoluta certeza que Vick daria conta do recado, não
negaria fogo, pois devia ter um grande
libido, tal como o dono.
Depois de uma rápida conversa, após Michele se retirar, deixamos os dois fechados na cozinha para que na intimidade, chegassem as vias
de fato.
Mel, sentindo a ausência da dona, começou a uivar
longamente.
Vick, que estava todo assanhado tentando encontrar um jeito
de cavalgar sua namorada, diante dos lamentosos uivos estacou, ficou assustado,
perdeu todo o encanto, deixando Mel na cozinha e procurando nossa companhia.
Os uivos fizeram o pobre coitado brochar.
Tentamos juntá-los novamente mais algumas vezes, mas tanto
um como a outra, não tinham mais ânimo para namorar, muito menos para perpetuar
a espécie.
Deve ter sido uma experiência muito desgastante para o
assanhado Vick, que desde então, encontrando com Mel em nossos passeios, não
lhe dá a mínima confiança, preferindo cheirar o fiofó do macho castrado, ou dar
umas fungadas na outra Pug, também castrada.
Vick perdeu o entusiasmo, não exercita mais seus ares de
“Don Juan”, não dá mais muita atenção a outras cadelinhas, por mais jovens,
engraçadinhas e ordinárias que sejam. Os infortúnios amorosos anteriores devem
ter deixado sua marca.
Prefere direcionar seu “amor” a uma boneca(uma ursinha de
pelúcia) que compramos há algum tempo.
Quase todos os dias, após o almoço ou jantar, Vick dedica-se
a montar, morder e arrastar sua boneca pela sala de TV, ficando exausto, mas
satisfeito, pois faz o que quer sem ouvir reclamações, uivos ou outros ruídos.
Meu fiel e valente escudeiro encontrou uma forma
satisfatória de sublimar suas desventuras amorosas.
Virou-se do jeito que deu e que pode!
Virou-se do jeito que deu e que pode!
José Roberto- 19/06/15
Pois é, eu tive um caso quase que parecido. Tinha uma cachorinha linda que nunca aceitava um parceiro. Chegamos a levá-la até num canil da mesma raça. Não é que viajando para Juiz de Fora e visitando amigos em chacaras ela se engraçou toda. Lá tinha vários cães de diversas raças. Deixamos ela lá nos três dias que passamos lá. Ela que não estava no cio quando a deixamos na chacara ficou no cio. Em São Paulo teve quatro lindos filhotes. Só foi esta vez. C'est la vie!
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