A ÚLTIMA CRÔNICA
Mais um ano que se foi,
rápido como o vento forte que dobra as esquinas e não deixa rastro.
Um ano a menos no saldo da
contabilidade de nossas vidas, ou um prazo extra concedido pela graça de Deus.
Pontos de vista eqüidistantes
e opostos, que refletem a maneira de como encaramos nossa forma de viver, com
otimismo, realismo, ou apenas deixando-se levar.
Acredito, que cada um de nós
seja um misto dessas alternativas, pois somos seres complexos, movidos por
sentimentos e impulsos, que dominam nossos corações e nossas almas, pautando
atos e omissões ao longo de nossa jornada.
É inegável, que no exame de
consciência que costumeiramente fazemos nessa época, deparamos com coisas boas
e ruins, fatos e acontecimentos que nos trouxeram alegrias e tristezas,
atitudes certas ou aquelas erradas que exigiram ou ainda carecem reparos.
Ao longo de um ano, fugaz
para a maioria, que atravessa os meses lutando contra o maldito contas à pagar
e muitos outros compromissos, sentimos algumas vezes, o doce sabor do mel e
outras tantas, o gosto amargo do fel.
A medida que o tempo
passa, sentimentos conflitantes se
instalam em nossas almas, pois o longo período de observação nos torna mais
céticos, mais desencantados, pois aos
justos, humildes e pobres de espírito, só resta o reino dos céus, pois a Terra
foi tomada em usucapião pelos ímpios e espertalhões.
O país, apesar dos políticos
e do governo, mesmo “caindo pelas tabelas” vai se agüentando e o povo heróico,
massacrado pela, corrupção e pela carga tributária, resiste bravamente.
Nessa área as expectativas
são baixas.
A safra futura é originaria
de velhas matrizes que pouco tem à acrescentar, alem dos costumeiros, repetidos
e malditos vícios.
A tônica é o desalento.
O importante, é que apesar do
desgoverno vamos sobrevivendo e o fato de chegarmos a mais um final de ano é
razão para júbilo e agradecimento.
Alegria, porque o simples
fato de estarmos vivos já é uma benção, pois a vida é uma dádiva divina.
Temos que agradecer a
paciência da família, que relevou indelicadezas e muitas outras falhas; aos
queridos amigos que nos agüentaram, mesmo nas ocasiões que estávamos chatos e
azedos e a tantos outros pelas mais diversas razões.
Esse aperto no coração,
típico de final de ano, não se assustem(os velhos), não é uma antecipação de
infarto. Trata-se apenas de uma reação natural a uma virada, a abertura de um
novo portal com horizontes imprevisíveis.
Desejo, que o saldo contábil
entre os prós e os contras dessa grande travessia, enfrentada por parentes e
amigos esteja no verde, positiva, mesmo que numa parcela ínfima, pois viver é
lutar.
“A vida é luta renhida, viver é lutar. A vida é combate, que os fracos
abate ,os fortes, os bravos, só podem exaltar”. Gonçalves Dias- A Canção do
Tamoio.
José Roberto- 30/12/09
NOTA- TEXTO ESCRITO HÁ SEIS
ANOS, PERMANECE ATUALIZADO E RETRATANDO
MEUS SENTIMENTOS NESSE DIFÍCIL FINAL DE ANO.
TEXTO RECUPERADO DO BLOG
TERRA OPINIAODOZE
José Roberto- 30/12/15