MINHA TERRA

MINHA TERRA

Chegando ao escritório por volta das 9,00 horas nesta segunda-feira quente e ensolarada, depois de uma breve passagem pelo Posto da Receita Federal de Ipanema, pensei nas discrepâncias e absurdos que se disseminam em nosso grande país.

Grande em tamanho, população e safadeza, com políticos matreiros que dão banho em matéria de corrupção em qualquer país, do primeiro ao terceiro mundo.

Pelo site da Receita, marquei a entrega da contestação a uma multa intempestiva, referente a despesas médicas com minha filha em 2007, para as 7,51 horas. Até no detalhe de agendamento a Receita é pentelha.

Sete e cinqüenta e um.

Fui atendido no horário, por uma funcionária rápida e objetiva, que dispensou todas as cópias que já estavam no processo digitalizado, autenticou duas novas declarações que reforçavam meu arrazoado, me liberando em menos de 10 minutos.

Estranhei o fato de minha primeira impugnação ter sido analisada pela Receita de Fortaleza. Argüindo a funcionária a respeito, fui informado que no Rio há um excesso de impugnações, que são remanejadas para serem analisadas pelos estados com menor carga de trabalho.

A funcionária foi curta, rápida e seca, dando a entender que pretendia ficar livre o mais rapidamente possível de sua quota de atendimentos, na última segunda feira do ano, talvez louca para pegar uma praia.

De saco cheio, voltando para casa para apanhar minha rebelde secretaria executiva , matutava, que o país seria bem melhor, se todo o rigor dedicado a fiscalizar despesas médicas de aposentados, fosse também estendido aos políticos de todos os níveis e funcionários públicos ou de estatais em cargos de chefia.

Mas aí já é sonhar alto de mais!

Essa turma que rouba pesado tem costas quentes.

Não contavam com surgimento de um juiz paranaense porreta e alguns promotores fodidões, que estão botando pra quebrar!

Concluindo sem mais delongas, cito a seguir, parte do poema “Minha Terra”, escrito por Casimiro de Abreu em 1856, em Lisboa, nos heróicos tempos em que os poetas sonhavam com um belo país e não com nessa droga em que nos transformamos, para nossa vergonha e repúdio.

MINHA TERRA

Todos cantam sua terra,

Também vou cantar a minha,

Nas débeis cordas da lira

Hei de fazê-la rainha;

– Hei de dar-lhe a realeza

Nesse trono de beleza

Em que a mão da natureza

Esmerou-se em quanto tinha.

Correi pr’as bandas do sul:

Debaixo dum céu de anil

Encontrareis o gigante

Santa Cruz, hoje Brasil;

– É uma terra de amores

Alcatifada de flores

Onde a brisa fala amores

Nas belas tardes de Abril.

Tem tantas belezas, tantas,

A minha terra natal,

Que nem as sonha um poeta

E nem as canta um mortal!

– É uma terra encantada

– Mimoso jardim de fada –

Do mundo todo invejada,

Que o mundo não tem igual.

José Roberto- 29/12/14