CARAVELAS 2014
Os meninos saíram de Itanhaém por volta da meia-noite.
Ficamos de nos encontrar no primeiro posto de gasolina
localizado na Niterói-Manilha, após as
6,00 da manhã, para ganhar tempo, pois até Caravelas restavam ainda mais de mil
quilômetros a serem percorridos.
Antes das 6,30 horas, acenei para a comitiva que chegava
britanicamente ao local combinado.
Eram três camionetas. Uma pilotada por meu sobrinho Ricardo
Yellow, experiente capitão em navegação costeira e mergulho, tendo como acompanhante
o internacional Mario Moreno, salvadorenho radicado em Piracicaba, campeão de
mergulho livre da América Central, Caribe e vizinhança.
Outra, conduzida por outro sobrinho, Marcelo Fiote Preto,
campeão de apnéia da baixada santista, Itanhaém, Iguape, Cananéia e
Rezistro(com z), acompanhado de seu filho Digão, brilhante aluno da Faculdade
de Odontologia de Araçatuba, onde alem de esbanjar conhecimento, distribui
simpatia e chamego as apetitosas colegas.
O terceiro veículo, ainda com o cheirinho de carro novo, era
pilotado pelo sobrinho caçula, o reforçado e taludo Renato Dada, sem dúvida, o
melhor mergulhador da turma, garantia da moqueca diária e ainda sobras,
filetadas por seu acompanhante parlador, Carlinhos Explicadinho Peba, também
conhecido por “barriga de peixe-cofre”, pois qualquer semelhança de sua pança
com o citado “marisco” não é mera coincidência.
Após o reabastecimento das “naves”, assumi do comando da
camioneta do meu sobrinho Dadá, que estava “soninho”, tendo como acompanhantes
o internacional Mario Moreno e Carlinhos Peba, que aproveitou a viagem para
treinar seu espanhol, “trocando idéias” a viagem toda com nosso amigo gringo.
Noves fora o bombardeio flatulento e odores pouco
recomendáveis, oriundos da “troca de idéias” entre Mario e Carlinhos, alem das
inúmeras obras mal planejadas na BR 101, que causaram um sensível atraso,
chegamos a Caravelas por volta das 21,00 horas, a tempo de desfrutarmos de um
ótimo jantar no Hotel Marina.
Antes de enfrentarmos o mar que se apresentava extremamente
calmo, tivemos dois dias de descanso completo, visitando as feiras locais,
saboreando água de coco, geladas servas, juntando forças e aumentando as
barrigas, pois a comida do hotel alem de farta, era deliciosa.
Nas saídas ao mar, com a traineira reformada do barqueiro
Val, constatamos que os pescadores de Caravelas estão realmente empenhados em
acabar com a vida marinha da região, pescando indiscriminadamente todas as
espécies, cercando os bancos de corais com redes nas marés de lua(os corais
afloram), capturando todos tipos e tamanhos de peixes de forma altamente
predatória.
Notamos que a cada ano, diminui sensivelmente a população de
peixes, aumentando as extensões de corais mortos, que vão se transformando em
regiões submersas praticamente desertas.
Mesmo assim, dada nossa “elevada categoria”, pois
freqüentamos a região a mais de trinta anos, conseguimos matar alguns badejos
respeitáveis, dentões de bom tamanho e budiões que garantiram as muquecas ,
ainda com algumas sobras, disputadas quase a tapa, aqui pelo Velho e pelo
esganado Carlinhos Peixe Cofre.
Convém destacar as atuações memoráveis do internacional
Mario Moreno, exímio matador de bocas de velha, cocorocas, salemas, e mini
budioes, alem do iniciante Digão, o herói da ultima saída ao mar, garantindo
com sua boa pontaria, os budiões para a moqueca e outros peixes nobres, fritos
e degustados com voracidade pela turma(em especial pelo Velho, redator do
texto).
O Capitão Yellow pouco mergulhou, dedicando-se a caprichar
nas moquecas, que subiram de grau a cada dia, atingindo as raias da perfeição.
Eu, na condição de decano e veterano da turma, com reputação
já firmada, mergulhei pouco, matando também pouco. Esmerei em contar e repetir
as historias dos bons tempos, época em que enchíamos o barco em poucas horas de
mergulho.
Quero deixar gravado, a atenção especial que recebi na
viagem de ida, do amigo salvadorenho/brasileiro, Mario Moreno, que durante todo
o trajeto me agraciou com balinhas, refrigerantes e outros apetitosos tira
gostos.
Quase cheguei a ficar cismado com tamanha gentileza, pois
como sou meio grosso, chego a estranhar os modos de uma pessoa tão educada.
Yellow, meu sobrinho, confirmou essa faceta do amigo e colega Mario, por sinal,
um dos melhores dentistas de Piracicaba(esse não veio de Cuba).
Brincadeiras a parte, foi uma semana memorável,
correspondendo plenamente a expectativa de todos, pois alem de darmos um break
nas preocupações do dia a dia, oxigenamos nossas mentes e corações, regressando
fortalecidos e renovados, mais fortes e aptos para adentrarmos em nossas
rotinas.
Esse encontro anual que se repete desde longa data, mesmo
com alterações de alguns participantes, é um marco, um retiro espiritual, uma
época de renovação de esperanças e fortalecimento das amizades.
A volta foi mais tranqüila, pois saímos as 20,00 horas,
viajando toda a noite numa estrada tranqüila, com pouco trafego e sem
interrupções devido as obras.
Chegamos ao Rio por volta da 9,30 onde desembarquei. O
restante da turma aportou em Itanhaém, as l6,00 horas, um tanto quanto
alquebrados.
A semana tão aguardada passou rapidamente.
Ficaram as lembranças agradáveis, as recordações das
conversas intermináveis, das piadas, do convívio gostoso, assuntos a serem
repassados e discutidos por muito, muito tempo.
Queimados pelo sol, com energia sobrando, já começamos a
bolar os planos para o próximo ano.
A espera e a ansiedade começam a se instalar em nossos
corações.
Difícil mesmo é não sentir saudades.
José Roberto- 31/01/14
ET- Carlinhos Peba agora só “habla castellano”, após
interminável “troca de idéias” com Mario.
Caro Zé
ResponderExcluirParabens pelo relato e pela boa pescaria.
Pedro Paulo
Zé
ResponderExcluirPelo jeito, a farra foi muito boa.
É uma pena saber que os pescadores de Caravelas estão depredando os recursos da região.
Esquecem que estão cavando a própria ruína.
Muito boa a narrativa do encontro anual dos pescadores de "Caravelas". Acho bom vocês irem aproveitando bastante anualmente, pois chegará a hora que não haverá mais peixes. Uma Pena! Mas, conhecemos como o brasileiro preserva toda a nossa bela natureza. Gostaria até de participar de uma dessas expedições, ressaltando que minha participação seria somente nas cervejas, na gastronomia e na curtição das paisagens, nada de pescaria. Vanderlei
ResponderExcluirParabéns amigo Gimael.
ResponderExcluirLembro muito bem quando estava trabalhando na Eletrobrás, que o Paternost fazia parte de sua equipe de pesca e era o responsável em comprar o peixe e segurar debaixo d água, para você alvejá-lo.
Bons tempos amigo. Quanta saudade.
Um grande abraço
Valério