CARLOS ZÉFIRO, O GURU
DO SEXO
Finalmente o reconhecimento de um genial desenhista e
escritor de revista em quadrinhos, que serviu de “catecismo” para os coroas
como eu, com mais de sessenta anos.
Nos anos cinquenta e sessenta, as revistinhas “instrutivas”
de Carlos Zéfiro era o sonho de consumo da molecada.
Quando um exemplar desse folhetim, vendido apenas aos
adultos, disfarçadamente nas bancas de
jornais, caia em nossas mãos era uma festa.
Muitos rapagotes ficavam até com os braços entumecidos de cãibras,
de tanto exercitá-los no frenético vai e vem, ou seja, de tanto “depenar o
sabiá”, gastando as folhas surradas da revista que passava de mãos em mãos, com
juras que seria devolvida inteira, sem manchas, sujeiras e outras coisas do gênero.
Em plena puberdade, com os hormônios explodindo e exalando
por todos os poros, a revista com figuras exageradas de alta sacanagem, levavam
os meninos a loucura.
Recordo de duas em especial. Uma delas, a mocinha no
confessionário toda envergonhada dizia ao padre, “foi o Juquinha. Estávamos
passeando pela fazenda quando vimos um cavalo “cobrindo” uma égua com aquele
membro enorme. Aproveitando a ocasião Juquinha foi detalhando o ato,
desabotoando minha blusa, baixando minhas calças e me bolinando até minar minha
resistência, fazendo que participasse daquele jogo de amor e sexo”
O padre, levantando a batina, alisando seu imenso
membro(desenho exagerado) ereto e duro, dizia a mocinha confidente: “É minha
filha, a penitência vai ser dura”.
O outro livreto, era sobre uma mulher chamada Luiza, que era
riquíssima e insaciável, correndo o país em busca de um parceiro que a
satisfizesse.
Ficou sabendo, que numa cidadezinha do interior existia um
caboclo que “dava 30 (trinta) sem tirar de dentro”, sem que o “bichão
afrouxasse”.
Tudo acertado para o evento ser realizado num estádio de
futebol, lotado.
A dupla, nua em pelo foi saudada pela torcida, e logo
começou a função.
O caboclo deu 10 sem piscar, respirou fundo, reiniciou e deu
mais 10. Fungando, deu uma alisada no “mastro” que ainda se mantinha firme e
deu mais 5. Luiza, toda arreganhada queria mais.
Tomou novo fôlego, já meio cambaleante conseguindo dar mais
3. Faltavam apenas duas para cumprir sua obrigação.
A torcida aplaudia o desempenho do tarado tentando animá-lo,
pois sentia que já estava exaurido.
Empurrado pelos aplausos, fraco, com a vista turva e o
coração a mil, tentou terminar sua tarefa, todavia, ao completar a 29(vigésima
nona), desfaleceu, caindo prostrado e permanecendo inerte.
“Com a pica murcha e escorrendo sangue, estava morto” e como
brasileiro é de lascar, a torcida irritada gritava em altos brados: “bicha,
bicha, bicha”.
Todos os livretos, alem de sacanagem explicita, tinham
também uma certa graça e ironia, sendo muito procurados numa época em que não
havia revistas pornográficas a venda.
De vez em quando apareciam algumas suecas, com fotos em
preto e branco que eram uma loucura.
Carlos Zéfiro, que era um pseudônimo, supriu essa deficiência
por quase duas décadas, demonstrando sua percepção e genialidade que
tardiamente está sendo reconhecida, pois seus livretos foram a cartilha sexual
dos sessentões e setentões.
Merece ser membro “post mortem” da Academia Brasileira de
Letras, pois os dinossauros que a compõe, com certeza, se encantaram com seus
folhetins afrodisíacos.
José Roberto- 01/11/18
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