NOTA- ESCREVI ESSE TEXTO SATÍRICO HÁ POUCO MAIS DE OITO
ANOS. OBSERVEM COMO FUI PREVIDENTE. JÁ ANTEVIA OS ESCÂNDALOS QUE QUEBRARIAM O
PAÍS. PENA QUE NÃO TENHO ESSA MESMA ANTEVISÃO PARA ACERTAR NO MILHAR OU NA
MEGA-SENA.
TEXTO RECUPERADO DO BLOG TERRA OPINIAODOZE.
José Roberto- 20/09/16
OS RECALQUES SECRETO DO ZÉ
Fazendo um exame de consciência desses sessenta anos bem
vividos(a duras penas), percebo que deixei passar oportunidades que hoje
valeriam ouro.
No balanço geral de perdas e ganhos até que tive sucesso
relativo, conseguindo um posto na classe média nacional, que se não é dos
piores, poderia ser bem melhor.
No Brasil atual, globalizado e moderno, princípios que
antigamente eram primordiais e transmitidos de pai para filho ficaram fora de moda.
Honestidade, honra, ética e moral, valem muito pouco nos dias atuais,
substituídos por oportunismo, esperteza, vilania e puxa-saquismo.
Faço portanto um “mea culpa” das oportunidades que por
estrabismo deixei passar, sobre as quais curto uma secreta dor de cotovelo.
Primeiro furo:
faltou-me a sensibilidade para ingressar num partido político, em especial no
PT ou PMDB(partido da boquinha), pois hoje alem de aposentado da Eletrobrás,
poderia ser um desses diretores que caem de pára-quedas , sem nunca ter ouvido
falar em tensão, corrente e Kwh. Tive um subordinado, incompetente porém
esperto. O danado adorava fazer rolo com diárias e adiantamento para viagens,
me obrigando a estar sempre de olho em suas prestações de conta. Anos depois
veio a ser o presidente da nossa Fundação, que administra um patrimônio de
milhões. Só fico imaginando o que esse cara aprontou. Espero que a Fundação não
quebre, pelo menos enquanto eu viver, garantindo minha complementação salarial,
que é mixuruca, mas quebra o galho.
Segundo furo: me
arrependo amargamente de nunca ter gostado de dirigentes sindicais e de não ter
sido um deles. Estaria hoje nadando de braçadas, ou sendo um pelego desonesto
metendo a mão nas verbas do imposto sindical, ou diretor de alguma estatal, em
especial da Petrobrás, refúgio de camaradas petistas e sindicalistas, que não
querem saber do trabalho, mas adoram um contracheque gordo. E bota gordo nisso!
Terceiro furo:
caso tivesse preenchido qualquer um dos requisitos anteriores, poderia ser um
super assessor em Brasília, tipo DAS 1000000, com casa. comida(no amplo
sentido) e carro custeado pelo governo, usufruindo como tantos do dinheiro
extorquido da plebe ignara. Mas o melhor mesmo seria desfrutar da maravilhas
oferecidas pelo bendito cartão corporativo. Esse sim me mata de inveja.
Logicamente todas os meus gastos seriam confidenciais, segredos de estado,
iguais ao do “Nosso Guia. Iria botar para quebrar sem qualquer remorso, por
sinal palavra abolida dos dicionários da capital federal.
Quarto furo:
lamento não ter dito durante os anos de repressão, qualquer palavra que me
custasse uma reprimenda ou um dia de “cana”. Porém tenho um forte argumento que
talvez seja considerado pela receptiva e pródiga Comissão de Anistia. Junto com
um grande amigo de infância, visitei diversas vezes na cadeia pública de
Piracicaba, seu pai, que passou um seis meses no xilindró, após o golpe
militar, sem saber por qual motivo. Acho
que esse fato já me credencia a pleitear junto a bondosa Comissão, a grana para
reparar os abalos psicológicos sofridos na mocidade, presenciando o sofrimento
e ansiedade do meu amigo. Não quero muito, pois não sou nenhum esganado. A
exemplo de Cony, Ziraldo e Jaguar me contento com um milhãozinho de atrasados e
uns quatro mil por mês para ajudar nos leite das crianças(hoje marmanjos),
que dão uma despesa danada, pois
formados, ao invés de casarem e cuidarem
das próprias vidas, continuam mamando nas tetas do velho e cansado pai(geração
canguru, vivem na bolsa da mãe e no bolso do pai).
Como podem ver, não sou pretensioso.
Me contentaria com muito pouco.
Deixei o bonde passar e não peguei a rabeira.
José Roberto- 11/04/08
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